Arquivos diarios: 23/05/2019

KANT (PRIMEIROS ESTUDOS)

Immanuel cursou os seus primeiros estudos, entre os oito e os dezasseis anos, na escola pietista de Königsberg, na qual ingressou graças ao apoio económico que um pastor protestante deu à sua família. O ingreso naquela instituiçón foi útil quanto à formalizaçón da aprendizagem, mas nefasto no aspecto emocional, pela instruçón relixiosa obsessiva e rixidez hierárquica inquestionábel. A descripçón que Kant deixa da sua etapa no centro faz-nos lembrar a observaçón de Bernard Shaw, segundo a qual a sua educaçón foi interrompida quando entrou na escola. Tudo o que de bom Kant disse sobre o lar torna-se crítico ao referir-se à instituiçón: autoritarismo vertical, opressón, dogmatismo. A única cousa que a escola lhe deu foi a capacidade de autodisciplina; non lhe transmitiu o gosto nem o amor pelo estudo, nem unha visón positiva da existência. Deve esses traços positivos exclusivamente à relixiosidade interior, à moralidade e ao amor que lhe foi inculcado e que recebeu em família. Hoxe em dia quase todas as pessoas acreditam que a escola obrigatória tradicional ou convencional ( com o seu sistema de transmissón em cadeia de conceitos e a posiçón passiva dos alumnos) é intrínseca à humanidade, e nasceu, digamos nas cavernas; non é verdade: nasceu na Prússia para criar um estado forte e unitário. Kant padeceu dos efeitos da nova perspectiva institucional na educaçón e nunca deixaría de combatê-los. Como professor e escritor, estimularía sempre a práctica do pensamento independente e transmitiría o valor do conhecimento como vehículo para melhorar a vida individual e social. A obsessón da escola pelos ritos relixiosos tambem deve ter deixado marcas em Kant, que daí em diante prescindiría por completo de assistir a serviçós eclesiásticos, excepto àqueles em que, nos anos em que foi director da universidade, a sua presença era completamente imprescindíbel.

JOAN SOLÉ