
Em O Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche resume a situaçón do seguinte modo: “Eliminámos o mundo verdadeiro: que mundo sobrou? O aparente talvez?… Non! Ao eliminar o mundo verdadeiro eliminámos também o aparente!”. Ou dito com as palabras do louco da lanterna: ao ficarmos sem o “acima”, “ficámos também sem o “abaixo”. A morte de Deus atira-nos, pois, para o Nada absolucto. E, no entanto, perante um acontecimento tán gráve, tudo permanece igual. A morte de Deus non pressupôs nenhum terramoto. O niilismo non impediu que a civilizaçón occidental tenha continuado a avançar de forma imparábel. Como é possíbel? Nietzsche responde: porque os indivíduos contemporâneos non están dispostos a reconhecer o alcance completo do niilismo que lhes calhou viver. Porque se afanam a preencher o lugar que Deus deixou vazio em vez de admitir que esse lugar xá non existe. Porque preferem continuar a fruir da comodidade da velha ontoloxía em vez de se atreverem a imaxinar unha maneira non metafísica de estar no mundo. Enquanto Deus agonizava, o Occidente activou o piloto automático. O proxecto do iluminismo, o grande relato da Modernidade, non alterou no essencial a maneira herdada de compreender o mundo. A fé no Deus cristán foi substituída por outra fé mais subtíl: a fé na Razón. Históricamente, a ciência tem sido encarada como o maior inimigo da relixión. Os descobrimentos da física ou da bioloxía têm ido desmontando os ensinamentos bíblicos acerca da orixem divina do mundo, o lugar da Terra no cosmos, etc. Mas Nietzsche, sem negar que a racionalidade científica tenha servido para quebrar as correntes do dogmatismo relixioso, considera que, vistas em profundidade, ciência e relixión non son tán diferentes como nos conta a versón oficial. Para começar, Nietzsche questiona a suposta neutralidade do conhecimento científico. Embora a ciência se apresente como unha actividade “libre de convicçóns”, secretamente apoia-se sobre unha grande convicçón: há que alcançar “a verdade a qualquer preço”; Nietzsche chama “vontade de verdade” a esta convicçón non explicitada da ciência. (No capítulo anterior vimos que a noçón de verdade que a ciência utiliza é a da teoría da correspondência: o nosso conhecimento é verdadeiro quando o mapa do mundo que temos na cabeza corresponde ou coincide exactamente com o mundo que há fora de nós.)
TONI LLÁCER