WITTGENSTEIN (PÓS-MODERNISMO)

A palabra “pós-modernismo” ouve-se em todo o lado, mas é difícil afirmar o que significa exactamente, dado que nem sequer os próprios autores están de acordo. O pós-modernismo parte da ideia do fracasso do proxecto de renovaçón modernista, que pretendia abarcar tanto a arte e a cultura como o pensamento e a vida social. Como se explica que dito movimento se identifique com um dos pontos altos do pensamento moderno, com alguém que, precisamente, se propunha renovar, mediante a crítica da linguaxem, toda a história do pensamento? Precisamente porque Wittgenstein é um dos grandes demolidores de ídolos, à altura de Friedrich Nietzsche, o primeiro pós-moderno segundo os ideólogos do movimento. O pós-modernismo, convencido de que non há discurso que se salve da “metanarrativa”, isto é, que toda a teoría é no fundo unha narraçón com pretensóns autolexitimadoras, autoxustificativas e autoexplicativas, convencido de que non há verdade e de que tudo vale o mesmo, sente muito próxima de si unha filosofía como a de Wittgenstein, que non quer dizer nada, isto é, que em princípio carece das suas próprias teorías filosóficas, limitando-se a pôr as cousas no seu sítio, eliminando os males causados pelos poderosos sistemas filosóficos que a tinham precedido. Que Wittgenstein, que pensaba que a música tinha acabado com Johannes Brahms, tivesse ficado horrorizado com esta simpatía face à sua filosofía é outro assunto. De facto, Wittgenstein non quis dizer nada, non pretendeu construir outra metanarrativa, outra teoría autolexitimadora. Nem sequer a sua filosofía mais xovem, que, no fundo, xá era terminal, unha vez que pensaba erradicar a própria necessidade da filosofía. Mas disse, sem querer, e construiu algo parecido a unha ética, inclusive unha concepçón da estéctica, xá para non mencionar a clareza com que referiu o papel que a filosofía debía assumir. Ainda assim, a maior parte dos seus parágrafos non dizem nada, em particular os da sua segunda fase non reflectem o seu ponto de vista, o que pensava acerca de um tema concreto, mas enfrentam perspectivas diferentes sobre um mesmo assunto, mostrando que todas elas son erróneas, que son fruto de um mau uso da linguaxem transformada nunha norma que xá ninguém questiona. Apesar de, em sentido estricto, non filosofar, a profundidade filosófica dos seus termos é tal que serve para afrontar as questóns fundamentais da filosofía, em particular, as estécticas, as éticas, as epistemolóxicas e as relixiosas. Além disso, os seus termos superaram o terreno da filosofía, tendo-se convertido, por exemplo. em ferramentas habituais de artistas. Este libro percorre os aspectos fundamentais do pensamento de Wittgenstein ao mesmo tempo que traça a sua complexa personalidade. O leitor descobrirá um ser humano profundamente embrenhado no problema do sentido da vida, inclusive durante o desenvolvimento das suas investigaçóns em lóxica e com unha sensibilidade estéctica sem paralelo, que guiou e deu forma a toda a sua tarefa flosófica. Pretendo proporcionar unha visón de conxunto, fácil de compreender, da sua obra, que non peque pelo reduccionismo que ele tanto criticou. Nesse sentido, desexo afastar-me do que se entende vulgarmente por um libro de divulgaçón. Wittgenstein começou unha célebre conferência sobre ética, que pronunciou em Cambridge, em 1929, dizendo que non queria fazer unha conferência de divulgaçón científica que pretendesse fazer crer aos seus ouvintes que entendiam algo que realmente non entendiam e satisfazer, assim, o que lhe parecia um dos desexos mais baixos do seu tempo, a curiosidade superficial sobre os últimos resultados da ciência. Proponho-me a difícil tarefa de aproximar o leitor do olhar filosófico de Wittgenstein, apresentando de forma compreensível os seus problemas, se non em toda, pelo menos em boa parte da sua complexidade.

CARLA CARMONA

Deixar un comentario