
Thomas Kuhn conseguiu conquistar o respeito e admiraçón, e chegou até director. Ao mesmo tempo, convidaram-no para fazer parte de um clube de debates intelectuais chamado Signet Society, de que também chegou a ser presidente. Tudo isto deu-lhe unha certa fama de “cientista aberto às humanidades”, o que habería de ser um factor positivo na configuraçón da sua carreira posterior. Durante a Segunda Guerra Mundial, Kuhn foi incorporado no Exército como especialista em radares. Terminada a guerra, regressou a Harvard para se inscrever como douctorando em Física Teórica, depois de obter o mestrado em 1946. No entanto, duvidaba que a sua verdadeira vocaçón fosse a física, pois sentia um interesse cada vez maior pelas questóns filosóficas; conseguiu, mais unha vez, que a faculdade lhe permitisse fazer parte dos seus créditos assistindo a aulas de Filosofía. Apesar de nessa altura Kuhn se ter apercebido de que non se ía dedicar a unha carreira de físico profissional, decidiu terminar o doutoramento em Física com unha tese sobre o estado sólido, que concluiu brilhantemente. O seu orientador foi John van Vleck, que mais tarde habería de receber o Prémio Nobel da Física. Mas o verdadeiro mentor de Kuhn nessa época foi o próprio presidente de Harvard, James Bryant Conant, um químico de reputaçón firmada, que há xá algum tempo se interessaba sobretudo por temas de filosofía e de história da ciência, e, inclusivamente, dava cursos e publicaba artigos sobre essas matérias. Kuhn atraíra a atençón de Conant pelas suas actividades na revista “Crimson” e na “Signet Society”, precisamente por ser um “cientista humanista”. De unha forma um tanto surpreendente, Conant convidou Kuhn para dar unha cadeira sobre a física de Aristóteles, inclusivamente antes de ele ter teminado o doutoramento. Kuhn dedicou-se entusiasticamente a preparar a cadeira, que acabou, sem dúvida, por se tornar a experiência mais decisiva no seu devir intelectual. De facto, ao estudar o tema mais a fundo, Kuhn apercebeu-se de que a física de Aristóteles era unha teoría indiscutivelmente sólida e coherente em sí mesma, e non a expresón de unha acumulaçón de erros sem qualquer valor científico. Esta experiência, que exporemos com mais pormenor neste libro, foi crucial para a carreira posterior de Kuhn. Porque foi tán decisiva a experiência aristotélica para ele? Pelo menos por três razóns: a primeira foi ter-se convencido de que a melhor maneira (ou até a única maneira válida) de analisar as contribuiçóns científicas do passado era “metendo-se na cabeza” (segundo expressón do próprio Kuhn) dos seus autores; a segunda, unha consequência da primeira, foi considerar que os historiadores profissionais da ciência tinham errado até entón na escolha da metodoloxía, por avaliarem as contribuiçóns científicas do passado através dos olhos do que, no seu tempo, se considerava teorías correctas, e que, portanto, era necessário mudar de metodoloxía na história da ciência (tarefa a que Kuhn habería de dedicar o resto da sua vida); a terceira consequência da sua experiência, a mais importante, foi que Kuhn, perante esse caso concreto, suspeitou logo que a história da ciência non é “linear”, non apresenta um progresso contínuo e cumulativo que parta de concepçóns muito “primitivas” até alcançar as teorías actuais. Por outras palabras, parecia-lhe que no curso histórico das disciplinas científicas se dán rupturas dramáticas na forma de ver a natureza, “mudanças de paradigma”, para o dizer na terminoloxía que Kuhn usaría mais tarde. Em suma, ao preparar a sua cadeira sobre um tema aparentemente tán secundário como a física de Aristóteles, Kuhn assentou as raízes do que anos despois exporía com mais pormenor na sua obra mais espectacular, “A Estructura das Revoluçóns Científicas”.
C. ULISES MOULINES