
Apesar da sua ruptura com o marxismo, nos anos imediatamente posteriores aos acontecimentos relatados Popper continuou a considerar-se mais ou menos de esquerda. Manteve-se na Xuventude Socialista da Áustria e participou em programas de reforma social, em especial de reforma do ensino, a que se aplicou com grande entusiasmo num amplo movimento pedagóxico. Posteriormente, na meia-idade, afastou-se ainda mais dos seus ideais socialistas de juventude, embora nunca tenha chegado a tornar-se um conservador, nem sequer um neoliberal. O seu posicionamento político depois da Segunda Guerra Mundial pode situar-se algures entre a ala direita da social-democracia e a ala esquerda do liberalismo clássico. Quando ainda era um adolescente marxista, Popper decidiu que, para ser coherente com os seus ideais, devía aprender o que significa ganhar a vida com as próprias máns. Abandonou os estudos secundários e começou a trabalhar como aprendiz de carpinteiro. Apesar dos seus esforços, o pobre rapaz depressa se apercebeu de que as suas aptidóns manuais deixavam muito que desexar, razón pola qual abandonou a aprendizaxem da carpintaria. Terminou o secundário e começou a estudar para se tornar professor das disciplinas de Física e Matemática do ensino secundário. Em 1924, obteve o diploma, mas devido à situaçón de crise na Áustria era muito difícil conseguir vaga em algunha escola, portanto, teve de ganhar a vida como assistente social. Contudo, a difícil situaçón quotidiana non o impediu de se inscrever como doutorando na Universidade de Viena, na área de Psicoloxía, sob a tutela de Karl Bühler, um conceituado linguista e também psicólogo, Em 1928, Popper doutorou-se com unha tese intitulada “Die Methodenfrage der Denkpsychologie” – O Problema Metodolóxico da Psicoloxía Cognitiva. Nesta tese é xá notório que o seu interesse primordial está mais na metodoloxía da psicoloxía que nos seus resultados empíricos. Popper xá entón se revela, conscientemente, um filósofo da ciência.
C. ULISES MOULINES