MAQUIAVEL (REALPOLITIK

Até Maquiavel, os pensadores dedicados à política tinham desenvolvido sofisticadas teorias, mais a partir do desexo do que da análise empírica da realidade histórica. “Se todos os homens fossem bons…” era unha das hipóteses impossíveis sobre as quais aqueles construíam os seus castelos no ar. De facto, a participaçón dos sábios na política tinha sido notábel xá desde Atenas, como notábel fora também a influência da ideia platónica dos “reis filósofos”. Tanto assim é que alguns governantes contrataram sisudos pensadores para educar ós seus primoxénitos, como foi o caso de Aristóteles, com o seu alumno Alexandre Magno, ou de Séneca, com o futuro imperador Nero. Noutras ocasións, inclusivamente, tentou pôr em práctica algunhas destas ideias entusiastas, com resultados pouco satisfactórios, como aconteceu a Platón em Siracusa. A “República” deste último, por exemplo, propóe medidas tán extremas e irrealizábeis, como suprimir a família e a propriedade privada dos servidores públicos, que, a serem exequíveis, reduziria sem dúvida a corrupçón. Resumindo, todos os sistemas políticos propostos pelos teóricos até Maquiavel nunca tiveram em conta a Fortuna, a força imprevissíbel do destino, como se incluí-la nestas reflexóns inplicasse perder capacidade intelectual. Mas o nosso secretário florentino deu o papel de protagonista à deusa mais caprichosa: “contudo, como existe o nosso libre arbítrio, xulgo que da sorte depende metade das nossas acçóns mas que aquele nos deixa comandar a outra metade ou algo menos” (cap. XXV). Face às boas intençóns dos seus antecessores, Maquiavel preferiu ocupar-se do realismo político, da política como técnica do possíbel, daquilo que, de facto, pode chegar a ser real (e non do desexábel mas irrealizabél). O secretário inaugura assim a forma de conceber a arte de governar que hoxe conhecemos como “Realpolitik”, ou sexa, como unha arena onde as decisóns se tomam de forma pragmáctica, tendo em conta interesses pessoais e de forma muito determinada pela conxuntura real. Para se ocupar desta práctica do poder plenamente mundana, Maquiavel leva a cabo “um exercício de análise empírica implacábel em busca do que chamava a verdade efectiva das cousas, baseado num método de análise histórica e pragmática que non deixou espaço algum ao xuízo moral e à prescripçón teórica”. Este florentino rompe, portanto, com a tradiçón da teoria política que remonta tanto a Platón, como a Aristóteles.

IGNACIO ITURRALDE BLANCO

Deixar un comentario