HEGEL (ESPERANOS NA ESQUINA)

Este libro, cuxo obxectivo é encoraxar o estudo do pensamento de Hegel ou, polo menos, provocar unha certa curiosidade pelo autor, non foi escrito por um “hegeliano”, nem sequer por um detractor do pensamento hegeliano, mas simplesmente por alguém que “passou” por Hegel e atravessou a obra fundamental do seu sistema, a chamada “Ciência da Lóxica”. Passou por Hegel quase sem poder evitá-lo, atrever-me-ia a dizer, e com a mesma necessidade se distanciou dele (neste caso, sem acrimónia). Um afastamento que talvez tivesse sido induzido pelo próprio Hegel, respondendo à esixência de aprofundar o estudo de filosofias non apenas diferentes da hegeliana, mas também opostas a ela, e até mesmo em contradiçón com ela, mas quase nunca meramente “indiferentes” ao problema que o hegelianismo apresenta. Os dous xovens filósofos a que no artigo anterior me refería ficaram desanimados face à dificuldade de saber de que falaba o pensador, mas esforçaram-se por tentar percebê-lo, em virtude, sem dúvida, do prestíxio de que gozaba a filosofía hegeliana há meio século; um prestíxio proporcional à evocada irritaçón que xá entón provocaba. Hoxe, talvez, nem unha cousa, nem a outra. Muito aconteceu entretanto, tanto no terreno do pensamento filosófico e científico como no terreno económico e político. Relegado agora para a prateleira dos pensadores qualificados de “obscuros” e obxecto da erudiçón académica, veremos, no entanto, que é próprio de Hegel “esperar-nos na esquina” daquilo que acreditávamos ser xá um caminho trilhado. Fora do estricto enquadramento da filosofía, há factos novos e relevantes que poderíam contribuir para um novo renascer do filósofo alemán. Entre eles encontram-se, sem dúvida, o agravamento das contradiçóns sociais nos países europeus e, consequentemente, o retorno do pensamento de Karl Marx, tán directamente marcado em aspectos essenciais por Hegel (o seu método “dialéctico” é possivelmente, de novo, unha referência para quem tenta reflectir sobre as polaridades e as contradiçóns da sociedade em que vivemos).

VÍCTOR GÓMEZ PIN

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