PITÁGORAS (CÍCLICO RETORNO À XÓNIA)

Os três nomes que acabei de mencionar están cheios de ressonâncias: Éfeso é a cidade natal de Heraclito, em Samos nasceu Pitágoras e em Mileto, Tales. Várias vezes destruída e reconstruída ao capricho dos intereses dos diversos impérios, Éfeso tinha um importante porto chamado Panormo, mas sofreu um processo de assoreamento que a retirou da linha costeira. Hoxe, como em tantos outros lugares que outrora tiveram vida, Éfeso serve de álibi cultural para os passaxeiros de cruzeiros com paraxem programada na cidade turística de Kusadasi, a 19 quilómetros. A superfície da ilha de Samos non chega aos 500 quilómetros quadrados e actualmente conta com uns trinta mil habitantes. Samos foi unha das doze cidades que formou parte da Liga Xónica (xuntamente com Quios, Clazómenes, Cólofon, Éritras, Lebedo, Miunte, Fócia, Priene, e Teos, além de Mileto e Éfeso). No século de Pitágoras, Samos mantinha um explendor que procedia da época arcaica, com um porto fortificado, florescente em virtude non apenas da sua força militar e comercial, mas também, em certas ocasións, por ser um centro de pirataría. Os restos do dito porto foram rebaptizados com o significativo nome de “Pithagoreion”. Os historiadores indicam que Mileto teve unha indústria dinâmica e chegou a dispor de quatro portos. Lendariamente, Mileto debería o seu nome a um herói cretense que resistira a tornar-se amante do rei Minos e que tinha fuxido da ilha. No início do século V a. C., Mileto foi assediada pelos Persas, vencida e incendiada em 494 a. C., e os seus habitantes foram deportados, o que causou unha grande comoçón em toda a Grécia, e que, além disso, serviu de argumento a unha traxédia representada em Atenas. Mileto sería mais tarde libertada da ocupaçón persa, mas o seu tempo de explendor non voltaría e Atenas substituiu-a em poder económico, comercial e cultural. No entanto, foi sede arcebispal na época bizantina e, depois da ocupaçón otomana no século XII, o porto renasceu, mantendo um intercâmbio sobretudo com Veneza. Mas o assoreamento do porto representou a ruína e a cidade foi abandonada. Hoxe o mar fica a dez quilómetros e de Mileto apenas restam pedras. Embora referindo-se a outra cidade, Gabriel Álvarez de Toledo escrevia nos inícios do século XVII: “Nem gastar pode o tempo tua memória/ nem tua ruína caber no esquecimento.”

VÍCTOR GÓMEZ PIN

Deixar un comentario