Arquivos mensuais: Febreiro 2019

IMMANUEL KANT (VIDA)

.

               Immanuel Kant nasceu em 1724 nunha cidade da Prússia Oriental chamada Königsberg (hoxe é russa e chama-se Caliningrado), de 50 000 habitantes, à  beira do mar Báltico, um centro portuário pelo qual circulaba unha intensa actividade comercial, o que explica a abundante presença de comerciantes holandeses, ingleses e russos.  Nessa altura, era unha cidade luterana normal, um meio social rexido polos princípios da honestidade, do trabalho árduo e da corresponsabilidade, nos quais assentaba unha sólida coesón da sociedade civil e um sentimento de pertença por parte dos seus membros.  Kant herdou esse sentimento e amou a sua cidade: na idade madura, quando era um filósofo reconhecido e célebre, rexeitou várias ofertas para ocupar cátedras em universidades de prestíxio e preferiu permanecer na da sua cidade natal, bastante provinciana e apenas famosa pela sua presença.  Nasceu no seio de unha família humilde, que vivia dos parcos rendimentos que o pai obtinha na sua oficina a trabalhar couro.  Foi o quarto de nove irmáns, dos quais apenas cinco alcançariam a idade adulta.  A família Kant era, para além de pobre e trabalhadora, devota.  Practicaba o pietismo, um movimento reformista dentro da Igrexa Luterana, muito enraizado nas classes médias e baixa alemáns, que inculcaba a sacralidade do trabalho e do deber, e incentivaba à práctica do autoexame, da oraçón e da relaçón pessoal e directa com Deus; por isso, daba a máxima importância à consciência individual, unha visón determinante na filosofía moral kantiana.  O filósofo adulto conservaría unha grata recordaçón do lar e dos seus pais, de quem recordaba, acima de tudo, o afecto, bem como o facto de lhe terem transmitido o sentido da honestidade, da dignidade pessoal e unha segurança deveras necessária para a vida.  A sua nái, que o ensinara a abservar e a reconhecer as estrelas e as suas constelaçóns (recorde-se a citaçón inicial deste libro) e a amar as flores do campo, e que marcou o carácter do filho com a sua bondade e a sua intelixência naturais, morreu quando Immanuel tinha apenas doze anos.  O pai morreria dez anos mais tarde, depois de unha prolongada doença durante a qual Immanuel cuidou dele com grande dedicaçón, ao ponto de adiar, durante esse último período, as suas actividades académicas e os seus interesses profissionais.  Desaparecidos os pais, Kant interrompeu todo o contacto pessoal com os irmáns , porque non lhe interessabam nada as relaçóns meramente sentimentais; apenas cuidaba das que lhe ofereciam um estímulo intelectual; foi, no entanto, xeneroso com eles e axudou-os economicamente sempre que pôde (mandando dinheiro por correio ou através de um criado).

joan solé

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (81)

.

              ESPÍRITOS apouquentadores

               A alma é um fluido que evolucciona no espaço, e entra nos corpos extranhos quase imperceptibelmente, confundindo-se com a outra alma alí existente, e obriga a pessoa que a recebe no seu corpo a um sofrimento horribel, e a practicar disparates e desatinos.  Esta é a opinión do finado philósopho  Rosalino Cándido e do notábel espiritista Conselheiro Accacio.  Conforme é a pretensón do espírito extraviado despois do túmulo, assím serán os seus efeitos.  As pessoas que tenham recibido a alma de um pecador impenitente, vivirám na tristeza, desexarám a morte, terám enfermedades e achaques, solidón, ansiedades, tonturas, ganas de chorar e por vezes cairám no chán com accidentes e dores de cabeza.  As almas dos indivíduos menos pecadores, produzirám outros efeitos; a pessoa que as reciba no seu corpo, rí-se sem saber por qué, têm sonhos axitados e desexos deshonestos, tintilaçóns no corpo, vertíxens, mirada esgazeada, perturbaçóns nervosas, caíndo na postraçón despois dos ataques violentos.  A pessoa pode morrer, se non se curar a tempo.  Son precisos os exorcismos em latím, sete cruzes feitas no corpo com água bendita da pía de baptismo; fumigaçóns polas costas com ortigas verdes e perfumadas com incenso, rezando o Credo sete vezes. Pois,  non querendo a alma saír e deixar o corpo do enfermo, aplica-se-lhe unha excomunhón feita com arrogância e fustíga-se o corpo com unha correia de couro de touro negro, e ainda que pareça mentira, terminará-se o sufrimento.

 

manuel calviño souto

AS ESCOLAS HELENÍSTICAS

.

               Até agora falámos de “escolas helenísticas”, sublinhando aquilo que de comum têm as diferentes linhas de pensamento surxidas em Atenas por volta de 300 a. C.: reaçón a unha profunda crise social, económica e política, e a novas necessidades intelectuais e espirituais.  Mas estas questóns comuns non devem criar unha falsa sensaçón de homoxeneidade ou igualdade entre elas.  As duas principais escolas helenísticas – epicurismo e estoicismo – e os dois movimentos menores – cinismo  e excepticismo –  apresentabam enormes diferenças entre sí, tanto a nível da abordaxem como dos resultados.  Para axudar a iluminar essas diferenças será de mencionar unha divertida cena fictícia. Dizem que em Atenas, a meados do século III a. C. e xá em plena crise de identidade da comunidade, debido à perda da hexemonia política – embora non filosófica – da cidade, a parte libre e pensante da poboaçón estaba reunida na ágora para ouvir o discurso do representante de um partido emerxente, que apelaba aos seus concidadáns que enfrentassem, de unha vez por todas, o touro da crise polos cornos e deixassem de viver só das recordaçóns da Atenas esplendorosa.  Animaba-os a rexeitar a corrupçón política institucionalizada, as prácticas abusivas dos banqueiros e muitos outros flaxelos que afectabam a sociedade.  Era um político que estaba literalmente a pôr o dedo na ferida; alêm disso, era bom orador, com um discurso ao nível dos melhores retóricos áticos, na senda da gloriosa tradiçón de Demóstenes e Ésquines.  Non era de estranhar, portanto, que grande parte do audictório estivesse encantada e muito atenta a cada unha das palabras pronunciadas polo orador.  Eis senón quando, na ágora abarrotada de xente, apareceu o cínico Dióxenes.  A palabra “cínico” está relacionada com cán, e assim era conhecido Dióxenes, porque se comportaba como tal em público, pois era capaz de fazer, à luz do dia e à vista de todos, cousas que os outros reservabam para a intimidade mais secreta (falaremos sobre isto mais adiante).  Dióxenes aceitaba essa designaçón de bom grado, com orgulho e sem complexos e até lhe dava um certo prazer provocar os atenienses, mostrando-lhes que viviam no engano, falsidade e mentira.  Habia algo de exibicionista na sua repulsa pelas convençóns sociais. Chegou ao ponto de viver dentro de um barril para mostrar, non sem provocaçón, a sua pobreza mais absolucta e, outra vez, andou em pleno dia com unha lanterna acesa, dizendo que procuraba um home e que non encontraba ninguem ( o que, na verdade, debía ser visto como um insulto aos atenienses).  Ora, Dióxenes non podia dar-se ao luxo de perder o discurso do tal político emerxente e apareceu dentro do seu barril xustamente no momento em que o orador fazia a denúncia da existência ilexítima das “portas xiratórias” que permitiam passar repetidamente da administraçón pública para os grandes negócios privados, esvaziando o erário público e alargando o tráfico de influências.  Dióxenes ter-se-ia pronunciado sobre esse tema, mas houbo qualquer cousa que atraiu fortemente a sua atençón. Aproximou-se dum home na audiência e disse-lhe:  “Ouça-lá, non vê que está a pisar o pé desse pobre desgraçado?”  Era mesmo verdade: o epicurista Meneceu, que, morando na perifería de Atenas com a sua comunidade alternativa, tinha decidido, a título pessoal, ir ouvir o orador em questón para se informar sobre os novos ventos políticos, non estaba nada habituado às multidóns e entre as cotoveladas e apertóns que ia levando non se apercebera de que o seu pé estaba, efectivamente, a pisar um outro pé, o de Crisipo, o estoico.  Este último há muito que sofria a pressón inclemente da sandália de Meneceu e resistia estoicamente, quer dizer, aceitando-a e tolerando-a como unha adversidade imposta polo destino, unha fatalidade e unha prova que lhe servia para testar as suas ideias acerca da força e da sabedoria do filósofo.  Ao sentir por fim a longa pisadela, Meneceu afastou imediatamente o pé, apresentando as  suas desculpas a Crisipo, que as aceitou com a mesma impassibilidade e integridade com que antes resistira a pressón no pé.  Entretando, o orador referia-se agora ao non pagamento de impostos por parte dos membros das classes mais abastadas.  E quando Meneceu e Crisipo davam o assunto por encerrado, de forma amigábel e sem prestarem atençon às provocaçóns de Dióxenes, interveio Pirro, o céptico, que tendo ouvido a conversa, teceu alguns comentários excépticos (pois claro) acerca da questón levantada por Dióxenes sobre se era possíbel afirmar que Meneceu exercera com o pé unha pressón física no sentido descendente e, non fosse igualmente lexítimo argumentar que Crisipo interpusera o seu,no campo de atracçón gravitacional do pé de Meneceu em relaçón à Terra.  O epicurista e o estoico conheciam xá de sobra tanto Pirro como Dióxenes (Atenas, apesar de tudo, non era assím tán grande e os filósofos constituíam ainda assím unha pequena parte da povoaçón), polo que ignoraram os seus argumentos, pois sabiam que isso os levaría a um beco sem saída.  Mas Dióxenes respondeu-lhe, de dentro do seu barril, afirmando que esses argumentos para nada serviam.  Pirro retorquíu que, partindo do princípio de que non servíam para nada, ainda faltaba saber se os argumentos tinham de servir para algunha cousa.  O debate foi subindo de tom e o político emerxente viu-se mesmo obrigado a interromper o discurso e chamar o cínico e o céptico à ordem (“Ei, voçês os dois, xá chega, non?”).  Toda a assistência se virou para Dióxenes e para Pirro, exceptuando dois indivíduos, que redixíam dous textos em dous rolos: o académico Pólemon e o peripatéctico Teofrasto, concentrados na análise dos escritos dos seus respectivos mestres, Platón e Aristóteles.  O seu total desinteresse pelo que estaba a acontecer na ágora só veio dar razón à crítica que costumaba recair sobre eles: que se dedicabam demasiado ao estudo da filosofía passada, tornando-a nunha disciplina abstracta, desligada da vida, pois a realidade passaba-lhes completamente ao lado (non ouviam sequer as críticas e continuabam o seu trabalho como se nada fosse).

j. a. cardona

O FADO DE COIMBRA

.

               A nomenclatura “Fado de Coimbra” non é consensual, contudo é popularmente assím conhecido, e está institucionalizado como tal, sendo igualmente correcto chamar-lhe “Cançao de Coimbra”, apesar de esta cidade ter muitas outras cançóns rexionais.  O fado surxe em Coimbra no final do século XIX e, desde o início, tem unha forte tradiçón académica, estando directamente relacionado com as serenatas dos estudantes, com características de balada, onde as temáticas son os amores estudantis,  o amor pela cidade, entre outros.  Musicalmente utiliza compassos com divisón ternária e ocasionalmente binária, a composiçón basseia-se em tonalidades menores e do ponto de vista rítmico utiliza por norma andamentos lentos.  A voz apresenta facetas líricas, libertando-se por vezes do ritmo, a guitarra faz o acompanhamento rítmico com intervençóns esporádicas de contra-canto e melódicas enquanto a viola suporta o ritmo com um baixo mais constante, reforçando a harmonia da guitarra.  Os cantores e os músicos usam traxe académico: preto, com camisa branca, gravata negra, capa e batina.  Canta-se à noite e ao ar libre, nas ruas, nas praças da cidade e à porta das residências das raparigas em xeito de declaraçón de amor.  O seu lugar mais emblemático é a Sé Velha de Coimbra onde mantêm presença obrigatória por altura da “Queima das Fitas”, assím como no Parque de Santa Cruz, nas festas estudantis.  É cantado por homes e acompanhado por unha viola (guitarra clássica) e guitarra de Coimbra.  A “Guitarra de Coimbra” é afinada um tom abaixo e a cabeça do braço é em forma de lágrima, contrastando com a voluta da sua conxénere de Lisboa.  A isto se deveu a estreita colaboraçón de Artur Paredes (pai do expoente máximo da guitarra portuguesa, Carlos Paredes) com a familia de constructores Grácio, que também teve preponderância na transformaçón do desenho do corpo em prol do aumento do volume, em detrimento da ornamentaçón.  A sua história tem como grandes figuras Augusto Hilário, António Menano, Artur Paredes, Edmundo Bettencourt, Fernando Machado Soares, Carlos Paredes, Luiz Goes, Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, estando estes três últimos mais ligados à “Cançón de Intervençón”.  A tradiçón do Fado de Coimbra continua a manter a sua vitalidade no seio universitário pelos novos grupos de estudantes que ván surxindo xeraçón após xeraçón, continuando a sua evoluçón e renovaçón polo século XXI.

FADO PORTUGAL

HABERMAS (REPÚBLICA FEDERAL DE 68 A 89)

.

               Ao defender o legado iluminista, Habermas enfrenta os líderes revolucionários do movimento estudantil de 68 e rotula de infantilismo, encarado como enfermedade esquerdista, muitas das suas posturas extremistas.  Serán momentos de muita tensón política e de plena efervescência teórica em busca da sua própria posiçón equidistante entre  neoconservadores e radicais revolucionários, momentos que són considerados perigosos para a xovem democracia da República Federal.  Em incessantes batalhas dialécticas, o nosso autor irá forxando a tese de  defesa de unha ordem constitucional de liberdades que, como veremos, deverá ser suficientemente robusta para suportar a desobediência civil.  Um segundo momento glacial na história alemán é, nos anos 80, a chamada crise dos euromísseis (mísseis nucleares colocados pela URSS na Europa central e oriental para intimidar os países da Europa occidental e provocar unha ruptura na NATO).  O Partido Verde comanda esta luta do pacifismo ecoloxista que também argumentaba contra o uso civil da enerxía nuclear.  Neste contexto de desenvolvimento nuclear em plena Guerra Fría,  Habermas reforça a sua visón da democracia como esfera pública que alberga e permite a expressón radical de todas as diverxências com o obxectivo de que a deliberaçón avance para consensos sociais.

maría josé guerra palmero

JOSÉ RÉGIO (CÂNTICO NEGRO)

.

                         CÂNTICO NEGRO

“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: “vem por aqui”!

Eu olho-os com os olhos lassos,

(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por alí…

 

A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

 

Nao acompanhar ninguém

-Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre a minha mae.

 

Nao, nao vou por aí!  Só vou por onde

Me levam meus próprios passos…

 

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,

Por que me repetis: “vem por aqui”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí…

 

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço non vale nada.

 

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?…

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós.

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o longe e a miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

 

Ide!  Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátrias, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…

 

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mae;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

 

Ah, que ninguém me dê piedosas intençoes!

Ninguém me peça definiçoes!

Ninguém me diga: “vem por aqui”!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou…

Nao sei por onde vou,

Nao sei para onde vou,

-Sei que nao vou por aí!

.

josé régio

NIETZSCHE (NÓS, OS NIILISTAS)

.

               No fragmento que citámos, Nietzsche utiliza três metáforas “terrestres” para ilustrar as consequências da morte de Deus: o mar esvazia-se, apaga-se o horizonte e o Sol separa-se da Terra.  Que Deus tenha morrido implica que xá non podemos saciar a nossa sede de infinitude e de transcendência (o mar esvazia-se); desvanece-se o referente último das nossas acçóns, a orixem dos nossos valores e normas (apaga-se o horizonte); e, em suma, perdemos aquilo que proporcionaba luz e calor à nossa vida mental (a Terra desprende-se do seu Sol).  Sem mar, sem horizonte, sem Sol.  Unha vez morto Deus, como nos diz o louco da lanterna, “cairemos continuamente”, “erramos através de um nada infinitos”.  Nisto consiste o “niilismo” como etiqueta que Nietzsche utiliza para nomear o espírito do seu tempo (e o “dos próximos dous séculos”, acrescenta).  O niilismo é um momento único na história de Occidente caracterizado pola “desvalorizaçón de todos os valores” produzida pela morte de Deus.  Os niilistas habitam um mundo absurdo, instalados no enorme vazio que o Deus morto deixou.  Sabem que desapareceu aquilo que em última instância dava sentido à vida e, no entanto, continuam aferrados à necessidade de que a vida tenha um sentido.  No seu extremo, o niilismo autodestrói-se e conduz ao suicídio.  O niilista acabaría, portanto, esmagado pola verdade de Sileno.  Nietzsche interpreta o niilismo europeu como a consequência natural do desenvolvimento da metafísica.  De facto, considera que o niilismo representa  a culminaçón da história da metafísica occidental (isto é, da história da filosofía).

 

toni llácer

 

HERBARIO GASTRONÓMICO

.

               Escreber um breve ensaio das herbas que servem para condimento, é entrar num mundo maravilhoso, perfumado, mas tremendamente incerto.  As diversas cocinhas da Europa Occidental – xá non falando de outras, mais exóticas – usan e em algunhas circunstâncias abusan da botânica mais contradictória.  E non falta nunca em aras de unha intençón terapéutica, dietéctica ou medicinal, com o qual podería dicer-se como afirma muito bem Pierre Lieutaghi que a cocinha das herbas é à vez filha de Lúculo e Hipócrates.  Así, por exemplo, que entre a axedrea no condimento das fabas e das leguminosas têm unha dupla intençón: por um lado melhorar a laboura dixestiva, impedindo as fermentaçóns e pondo outro aroma ó prato.  A presença do tomilho nunha sopa favorece, como de antigo se sabe, a distensón nervosa, ou a fama do loureiro, presente em tantas condimentaçóns, de preservar das doênças contaxiosas.  Distinguem alguns tratadistas franceses as especiarías, os condimentos e as prantas simplesmente aromáticas.  De estas últimas quixera eu falar neste trabalho e outros sucessivos, nos que me agradaría assumir  as sabedurias arcaicas, aínda que non sempre sexam comprobadas pelos conhecimentos actuais. Que  retorne às virtudes primeiras dos alimentos.  E sem o menor rigor, pois non está o meu espírito para classificaçóns nem averiguaçóns científicas, senón mais bem para inúteis e alegres erudicçóns, talvez amenas, non obstânte.

 

por pickwick

SANTO AGOSTINHO (A NATUREZA DO MAL)

.

               Num exercício de simplificaçón extrema, podríamos dizer que o pensamento de Santo Agostinho encontra na doutrina da graça, fundada e avalizada pela autoridade da Igrexa, a resposta à presença do mal.  Mas esse pensamento non se desenvolve de forma sistemática, como nunha articulaçón progressiva de um plano conceptual que se vai desprendendo ao longo de unha série de obras. Santo Agostinho non foi um filósofo “de sistema”, que se propôs oferecer ao mundo unha cosmovisón fechada e acabada; Santo Agostinho foi um bispo, unha das personalidades mais destacadas na xerarquía de unha instituiçón, a Igrexa, que se encontrava, na época, em pleno processo de construcçón e consolidaçón.  Assim, o cerne da sua actividade non foi a contemplaçón, como talvez tivesse gostado, mas a labor pastoral e a defesa da instituiçón de que era membro face aos ataques de outras ideoloxías ou relixiosidades, com as quais competía pela supremacía.  E é no decurso dessas diatribes que o bispo de Hipona foi iluminando os diversos conceitos e doutrinas que lhe outorgaríam a fama.  Como explicaremos no capítulo seguinte, há poucos pensadores na história cuxa produçón intelectual tenha sido feita tán á par com o seu périplo existencial.  Fiéis ao espírito do que foi a sua vida, as diversas questóns abordadas serán tratadas no quadro das polémicas que o opuxeram aos seus sucessivos “inimigos”, o que também nos permitirá observar a evoluçón do seu pensamento.  Com a superaçón da influência maniqueísta, dar-se-á a integraçón da filosofía platónica no cristianismo  e a explicaçón da natureza do mal, antecipando xá algunhas consideraçóns sobre a graça e a vontade.  No combate com o cisma donatista, afirmar-se-á a incontestabilidade da autoridade da Igrexa.  Frente aos pelaxianos, aprofundar-se-á na centralidade da graça, com o desenvolvimento das suas concepçóns a respeito do pecado orixinal, o libre arbítrio e a predestinaçón.  As críticas pagáns ao cristianismo, motivadas pelo saco de Roma no ano 410, inspirarám a composiçón de A Cidade de Deus, na qual moldou a sua filosofía da história e o papel da Igrexa nela.  Pegando no seu conxunto, teremos a imaxem de um pensamento vivo, idêntico na sua essência mas em permanente evoluçón, que nos permitirá iluminar aspectos fundamentais da nossa tradiçón cultural.

e. a. dal maschio

A INDELÉBEL RUSTICIDADE

.

               Eu, Sebastián Villegas Zapata, aínda que versado em mundoloxía, conservaba a indelébel rusticidade dos meus orixens.  O qual confundia a muitos.  Um dos primeiros dias, ó sair do comedor, acercarom-se-me dous veteranos, decindo que me presentára ó cabo-furriel, que era obrigatória unha inspecçón sanitária dos alimentos, para prever a peste ou os micróbios.  Cheirou-me, que habia zacanáxe, mas, non me preocupou demasiado; ó fím de contas, os únicos alimentos que eu tinha traído, eram alimentos espirituais, o Persiles e o Lázaro de Tormes, que non iban interesar muito áqueles dous larcháns, e que ademais, estabam expropriádos polo alférez.  Ou sexa que non tinha nada; mas levei-os até ó armário, para que se convenceram c’os seus próprios olhos.  Nem sequer a evidência logrou convencê-los. Tivem que prometer-lhes que o paquete que había de chegar dentro de uns dias, sería compartido com eles; como bom camarada e sem necessidade de inspecçóns.  A estratéxia daqueles abûtres, era vixiar os movimentos na cantina, para o qual sacrificábam horas de ócio, e inclúso o passeio vespertino, pois os recrutas, rebentados pola instrucçón, xa non tinhamos ganas de passear, nem de nada.  Quando se é recruta, non se é nada. Perdeste a tua condiçón de civil e humana, e non ganhas nada; todavía non teis a condiçón heroica de soldado da pátria e da bandeira; só instrucçón, instrucçón e instrucçón…  Os abûtres, vixiábam quêm gastaba mais ou menos, em vinho e em cervexas; quêm recebía os opuscos com productos caseiros, ou quêm tinha que limitar-se a unha miserábel “gaseosa” e um “bocata” de miserábel mortadela.  Controlábam tudo, os grandes cabróns, e vinham logo com um cabo de reforzo e esixíam ísto e aquílo; um imposto patriótico, os merdeiros.  Os primeiros dias estabelecíam, com precisón matemática, o censo de potentados e de indixentes.  E usabam, segundo conveniência, o alago ou o engano para beneficiar-se do dinheiro, ou das provisóns.  Muitas vezes, sobre tudo com os parbos, chegabam à crueldade:  “dixo o tenente que nos entregues o queixo para ver se têm infecçón ou micróbios”.  E, ou por medo, ou por ignorância, aquel “pardilho” quedaba sem queixo.  Quando vía, que à sua custa, os veteranos se pegabam unha farta merendola, aínda lhe quedaba mais cara de parbo.  Mas, nunca se atrevíam a reclamar.  E, entón, desexabam que o queixo e o xamón tiveram a peste e os micróbios, e que se lhe atragantára ou os envenenára;  mas non protestábam.  Naqueles tempos, nas aldeias de castela, facía-se “cecina” de “burros matalones” ou de “cabalos héticos”, que xá non servíam para o tiro.  Non respeitabam nada os cabróns, nem sequer “cecina”, que parecía “mojama”.  E, garantíam que a eles non lhe atacabam os micróbios, porque xá estabam inmunizádos por ésta vida quarteleira.  Em efeito, era lei demostrada que, se os primeiros quinze dias, a merda non te tinha matado, a inmortalidade estaba assegurada.  Quem tinha que defender a pátria contra ferozes enemigos, interiores e exteriores, tinha necessariamente que ser inmortal. 

javier villán e david ouro

WITTGENSTEIN (NON SEPARAR FILOSOFÍA E ÉTICA)

.

               Non é insignificante que Wittgenstein gostasse de se identificar com a pessoa que incendiou a Biblioteca de Alexandría.  A veemência serena com que arremeteu na sua segunda fase contra as suas primeiras ideias filosóficas faz lembrar alguém que quisesse acabar com os fantasmas mais malignos, queimando-os nunha pira perpéctua.  Esta faceta de pirómano também foi posta em práctica em relaçón à história da filosofía e às investigaçóns dos seus colegas de Cambridge e de outros locais.  Tinha de pôr termo ao que a filosofía tinha feito até entón: a metafísica, que tantos espectros aparentemente profundos tinha enxendrado.  Wittgenstein estaba disposto a ir com a sua tocha incendiária onde quer que fosse necessário e entendia essa tarefa como unha obrigaçón moral.  Non debía haber separaçón entre filosofía e ética, e enquanto a ética non tinha outra maneira de expressón válida excepto o próprio comportamento, também non había divisón possíbel entre filosofía e vida.  Sempre teve a certeza de que tería de encontrar unha soluçón comum para os quebra-cabeças filosóficos e para os seus problemas vitais.  Esse remédio milagroso estaba no trabalho sobre a própria pessoa, na própria maneira de olhar.  Só tinha de mudar de perspectiva para que os fantasmas lóxicos e existênciais se dissipassem.  A um pensador com estas características todas as etiquetas lhe ficam aquém.  Em filosofía costuma-se diferenciar duas formas diferentes de conceber a práxis filosófica, a analíctica e a continental: a primeira vinculada ao ambiente anglo-saxón e a segunda ao do continente europeu.  A filósofa italiana Franca D’Agostini definiu-as respectivamente como unha filosofía “científica” que encontra os seus fundamentos na lóxica e nas ciências naturais e exactas, e unha filosofía humanista que xira em torno do conceito de história e entende a lóxica como a arte da palabra e non como um cálculo.  Apesar de os analícticos terem tentado apropriar-se da filosofía de Wittgenstein, que floresceu em Cambridge impregnada de lóxica, unha boa parte das raízes da sua perspectiva é vienense e penetra em terrenos que, em princípio, parecem distantes da lóxica, como o da arte.  Desta forma, a filosofía pós-moderna nomeou Wittgenstein como um dos seus mais excelsos representantes.

 

carla carmona

 

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (80)

.

                    ALMAS DO OUTRO MUNDO

               Santo Lactâncio, Santo Basílio e Santo Ambrósio, eram da opinión de que a alma, a mais sublíme criaçón de Deus, non pode vagar neste mundo, senón dentro de um corpo vivo; morto o corpo, a alma como fluído invissíbel, baixa òs confins do inferno, ou eleva-se às rexións celestes, sempre segundo um merecimento.  Santo Agostinho, escrebéu “Nec tamen in us fierii menten bestialen sed ractionalen humana, etc…”   Mas, cré-se, que as almas pecadoras andan errantes e se metem noutros corpos vivos, até obterem o perdón de Deus, como afirmabam Plinio e outros sábios gregos.  No tempo em que había fé e temor de Deus, estes feitos, eram muito frequêntes, e aparecíam às vezes pessoas doentes, que practicabam actos contra a sua vontade, tendo desmaios, atáques de nervos, rasgábam-se e practicabam mil disparates.  Estes padecentes, que o povo afirmaba terem ò demónio no corpo, eram víctimas dos pecados alheios; pois dentro do seu corpo tinham outra alma ademais da sua, e esa alma que había de ser dum pecador conhecido, lhe causaba os maiores incómodos, mentras non conseguira a benevolência de Deus, para poder entrar no purgatório ou no paraíso.  Nesses bons tempos había Conventus, e neles había frailes sábios, que com os seus exorcismos, faciam sair o Spírito errante do corpo onde tinha tomado abrigo, quedando a pessoa libre de tán cruel companhía.  Hoxe, non se acredita sequera na existência da alma, e nos poucos conventos que quedam, está prohibído curar éstas enfermidades sobrenaturais.  Por isso tanta xente sofre e morre, podendo ter-se salvado.  Santo Athanásio afirma que as almas dos simples pecadores, non fán nem bem nem mal; mas as almas dos grandes criminais e dos malvados, son uns Spíritus malígnos, fán os seus sábados, e atacam com preferência as … non… deixando descansar, e atacan as bodegas estragando o vinho, molestando a xente e a todo animal vivo.

manuel calviño souto

MONSIEUR PASCAL

.

               O orgulhoso pai levou Pascal às reunións do teólogo e matemático Marin Mersenne para que adquirisse os conhecimentos que alí eram apresentados.  E non eram poucos, xá que Mersenne foi um home do mundo, trocou correspondência com cientistas de toda Europa entre os quais se incluía o próprio Galileu Galilei, e recebeu na sua sala os melhores representantes da intelixência  parisína. Entre os convidados das suas reunións, devemos destacar a presença do grande filósofo da época, René Descartes.  Mersenne e Descartes conheceram-se no coléxio xesuíta de La Flèche e, desde entón, mantiveram unha boa amizade e partilharam inquietaçóns filosóficas.  O xovem Pascal soube aprender com estas reunións e passou rapidamente de mero espectador a partícipe activo nos debates.  Assim, com apenas 14 anos, atreveu-se a criticar o recém-publicado “Discurso do Método” de Descartes na sala de Mersenne, e embora o conteúdo dessa crítica non tenha chegado até nós, sabemos que a precocidade de Pascal surpreendeu os outros assistentes.  Quando tinha 16 anos escrebeu o seu “Tratado Sobre as Cônicas” (Traité sur les Coniques). e pouco tempo depois expôs o seu “teorema do hexagrama místico ou pascaliano”.  Em 1636, por iniciativa do cardeal Richelieu, entón primeiro-ministro de Luís XIII, A França envolveu-se na Guerra dos Trinta Anos.  Os elevados custos do conflicto fizeram que os cofres do Estado françês ficassem sériamente comprometidos, o que afectou os rentistas da câmara municipal, que deixaram de receber o dinheiro que lhes correspondía. Para tentar resolver a situaçón, em1638, os rentistas organizaram unha reunión de protesto. Entre os escolhidos para transmitir o mal-estar pela situaçón estaba o pai de Pascal, Étienne.  Quando o cardeal Richelieu recebeu a notícia das suas queixas, encarou-as como unha clara demonstraçón de antipatriotísmo e deu ordem para serem todos presos na Bastilha.  Felizmente, Étienne deu-se rapidamente conta do perigo que corría e fuxíu de París para se esconder na casa de uns amigos na rexión de Auvergne.  Ficou aí até que um curioso acontecimento protagonizado pola sua filha Jacqueline pôs fim à sua situaçón de foraxido.  Jacqueline tinha começado a destacar-se nos meios cortesáns como xovem versificadora; estas qualidades fizeram com que em 1639 fosse escolhida para o papel principal de unha peça infantil que  foi representada perante o cardeal Richelieu.  Parece que o primeiro-ministro de Luís XIII ficou encantado com a representaçón da menina e quis dar-lhe os parabéns pessoalmente pelo seu bom trabalho, momento em que Jacqueline aproveitou para lhe pedir o indulto do pai.  Richelieu, comovido pelo xesto, concedeu-lho e, uns meses depois, nomeou Étienne comissário para o imposto da Alta Normandia.  Mas Richelieu, como bom estratega que era, non dava nada de mán beixada; sabía muito bem o que estaba  a fazer, confíaba na reputaçón de Étienne e quería utilizá-la; por isso, pedíu-lhe, como pagamento pola sua liberdade e pola sua nomeaçón, que participasse na sangrenta repressón de um motim em Rouen sob as ordens do chanceler Séguier.

gonzalo  MUÑOZ  BARALLOBRE

PARA VENEZUELA

.

HÁ MUITO TEMPO…

QUANDO EU ERA RAPAZ

(DIGAMOS, HÁ CINQUENTA ANOS)

HABIA XENTE GRANDE E INXÉNUA

QUE SE ASSUSTABA COM UNHA ZARAGATA DE RUA

OU COM UNHA BRABATA DE BÊBADOS

NUM BAR. E DIZIAM:

“DEUS MEU, QUE DIRÁN OS AMERICANOS”.

PARA ALGUNS,

SER IANQUI, NAQUELA ÉPOCA,

ERA COMO SER QUASE SAGRADO:

A EMENDA PLATT, A INTERVENÇÓN

ARMADA, OS COURAÇADOS.

ENTÓN NON SE PODÍA IMAXINAR

O QUE HOXE É O PÁN QUOTIDIANO:

O RAPTO DE UM CORONEL

XINGO AO XEITO VENEZUELANO,

OU DE QUATRO AXENTES PROVOCADORES,

COMO NA BOLÍVIA FIXERON OS NOSSOS IRMÁNS;

NEM OS DEFINITIVOS BARBUDOS DA SERRA, CLARO.

HÁ CINQUENTA ANOS

NA PRIMEIRA PÁXINA DOS XORNAIS, NADA MENOS,

VINHAM AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO BEISEBOL,

VINDAS DE NOVA IORQUE.

CARAMBA! O CINCINNATI GANHOU AO PITTSBOURG,

E O ST. LOUIS AO DETROIT!

(COMPRE A BOLA MARCA “REICH”, QUE É A MELHOR).

JOHN, O BOXEUR,

ERA O NOSSO MODELO DE CAMPEÓN.

PARA AS CRIANZAS, O ÓLEO DE CASTOR FLETCHER

ERA O REMÉDIO INDICADO.

EM CASOS “REBELDES”

DE ENTERITE OU INDIXESTÓN.

UM XORNAL

MUITO MODERNO TINHA

UNHA PÁXINA DIÁRIA, EM INGLÊS, PARA OS IANQUIS:

“A CUBÁN-AMERICÁN PAPER WITH THE NEWS OF THE WORLD”.

“XORNAL CUBANO-AMERICANO

COM AS NOTÍCIAS DO MUNDO”.

NON HABIA COMO ZAPATOS WALK-OVER,

E PASTILHAS DO DR. ROSS.

O ZUMO DE ANANÁS

DEIXOU DE SÊ-LO:

A FRUIT JUICE COMPANY

CHAMOULHE “HUELSENCAMP”.

VIAXÁBAMOS POLA MUNSON LINE ATÉ MOBILA,

POLA SOUTHERN PACIFIC ATÉ NOVA ORLEANS,

PELA WARD LINE ATÉ NOVA IORQUE.

HABIA NICK CARTER E BUFFALO BILL.

HABIA A LEMBRANÇA IMEDIATA GORDURENTA ESFÉRICA DE MAGOON,

GANGSTER OBESO E GOVERNADOR,

ENTRE LADRÓNS, E LADRÓNS, LADRÓN.

HABIA O AMERICÁN CLUB.

HABIA O COMPOSTO VEXETAL DE LIDIA E. PINKHAM.

HABIA O MIRAMAR GARDEN

(TÁN FÁCIL QUE É DIZER JARDÍN EM ESPANHOL).

HABIA A CUBÁN COMPANY PARA VIAXAR DE COMBOIO.

HABIA A CUBÁN TELEPHONE.

HABIA UM TREMENDO EMBAIXADOR.

E ACIMA DE TUDO, CUIDADO,

OS AMERICANOS VÊM AÍ!

(OUTRAS PESSOAS QUE NON ERAM TÁN INXÉNUAS

COSTUMAVAM DIZER:

O QUÊ?  VÊM AÍ?

MAS NÓN ESTÁN AQUÍ XÁ?)

DE TODAS AS MANEIRAS, ELES SIM ERAM GRANDES,

FORTES,

HONESTOS ATÉ MAIS NÓN PODER..

A NATA E A FLOR.

ERAM O NOSSO ESPELHO:

PARA QUE AS ELEIÇÓNS FOSSEM RÁPIDAS E SÊM DISCUSÓN;

PARA QUE AS CASAS TIVESSEM SEMPRE MUITOS ANDARES;

PARA QUE OS PRESIDENTES CUMPRISSEM COM A SUA OBRIGAÇÓN;

PARA QUE FUMÁSSEMOS CIGARROS DE TABACO VIRXÍNIA;

PARA QUE MASCÁSSEMOS CHEWING GUM;

PARA QUE OS BRANCOS NON SE MISTURASSEM COM OS PRETOS;

PARA QUE USASSEMOS CACHIMBOS EM FORMA DE PONTO DE INTERROGAÇÓN;

PARA QUE OS FUNCIONÁRIOS FOSSEM ENÉRXICOS E INFALÍVEIS;

PARA QUE NON REBENTÁSSE A REVOLUÇÓN;

PARA QUE PUDÉSSEMOS PUXAR A CORRENTE DO AUTOCLISMO COM UM PUXÓN ENÉRXICO.

MAS ACONTECEU

QUE UM DIA VIMO-NOS COMO AS CRIANÇAS QUE SE TORNAM HOMES,

E DESCOBREM QUE AQUELE TIO VENERÁBEL QUE AS SENTABA NO COLO,

ESTEVE PRESO POR FALSIFICADOR.

UM DIA SOUBEMOS O PIOR.

COMO E PORQUÊ

MATARAM LINCOLN NO SEU CAMAROTE MORTUÁRIO.

COMO E PORQUÊ

OS BANDIDOS LÁ SON DEPOIS SENADORES.

COMO E PORQUÊ

HÁ MUITOS POLÍCIAS QUE NÓN ESTÁN NA PRISÓN.

COMO E PORQUÊ

HÁ SEMPRE LÁGRIMAS NA PEDRA DOS ARRANHACÉUS.

COMO E PORQUÊ

TEXAS FOI SEPARADO E LEVADO DE UM SÓ GOLPE.

COMO E PORQUÊ

XÁ NÓN SON MEXICANOS O POMAR E A VINHA DA CALIFÓRNIA.

COMO E PORQUÊ

OS FUSILEIROS NAVAIS MATARAM A INFANTARÍA DE VERA CRUZ.

COMO E PORQUÊ

DESSALINES VIU ARREADA A SUA BANDEIRA EM TODOS OS MASTROS DE HAITI.

COMO E PORQUÊ

O NOSSO GRANDE XENERAL SANDINO FOI TRAÍDO E ASSASSINADO.

COMO E PORQUÊ

NOS ENCHERAM O AZÚCAR DE ESTERCO.

COMO E PORQUÊ

CEGAROM O SEU PRÓPRIO POVO, E LHE ARRINCAROM A LÍNGUA.

COMO E PORQUÊ

NON É FÁCIL QUE ESTE NOS VEXA E DIVULGUE A NOSSA SIMPLES VERDADE.

COMO E PORQUÊ

VIMOS DE MUITO ATRÁS, MUITO ATRÁS.

UM DIA SOUBEMOS TUDO ISTO.

A NOSSA MEMÓRIA GUARDA AS SUAS LEMBRANÇAS.

CRESCEMOS, SIMPLESMENTE.

CRESCEMOS, MAS NÓN ESQUECEMOS!

.

NICOLÁS GUILLÉN