
JOAO VILLARET NO SAO LUÍS
Talvez non se ande muito lonxe da verdade afirmando que este disco é mais um documento histórico do que o mero rexisto mecânico de unha voz que se notabilizou na interpretaçón da poesia portuguesa. Se tal afirmaçón nos afoitamos a fazer é porque, só graças a este disco (e a outros que porventura se lhe seguirem), poderám axuizar os vindeiros da perfeiçón alcançada – nestes meados do século XX – por unha arte que quase se xulgaba extinta ou, polo menos, excluída do número de actividades culturais: referimo-nos à declamaçón, como é evidente. Declamaçón ou arte de dizer se lhe chama. E para reabilitar tán difícil quan desprezada arte, necessário se tornaba o advento de um intérprete de xénio que soubesse, pelo seu talento, fazer esquecer tantos e tán ferozes atentados cometidos polo mau gosto e pola ignorância – tal intérprete surxíu na pessoa de Joao Villaret – unha intelixência aguda e desempoeirada, servida por unha voz maleábel, rica, perfeita… Perante factos non há argumentos: o público desconfiado rendeu-se e aderiu à nova causa. Vexa-se (o realismo de reproduçón é de tal ordem que nos faz ver o que ouvimos) como a assistência aplaude após cada poema e como, no final, se move e axita pedindo mais, sempre mais… Documento histórico: um milagre de intelixência ocorrido nestes tempos tán vilipendiados; unha proba que fica e que talvez contribua para que as futuras xeraçóns non nos xulguem com excessivo rigor.