Categorías
Arquivo
- Agricultura Alimentación Anonymous Arquitectura Astronomía Blogs para curiosear Bos desexos Cerebro Cine Darío e Breixo Economía Educación Frutais Futuro Historia Humor Indignados Libros Lingua Literatura Medios de comunicación Monte Comunal Natureza Poesía Política Procomún Publicidade Sidra Socioloxía Software libre Tradicións Viaxes Xadrez
Os nosos blogs
Arquivos diarios: 12/02/2019
AS ESCOLAS HELENÍSTICAS
Até agora falámos de “escolas helenísticas”, sublinhando aquilo que de comum têm as diferentes linhas de pensamento surxidas em Atenas por volta de 300 a. C.: reaçón a unha profunda crise social, económica e política, e a novas necessidades intelectuais e espirituais. Mas estas questóns comuns non devem criar unha falsa sensaçón de homoxeneidade ou igualdade entre elas. As duas principais escolas helenísticas – epicurismo e estoicismo – e os dois movimentos menores – cinismo e excepticismo – apresentabam enormes diferenças entre sí, tanto a nível da abordaxem como dos resultados. Para axudar a iluminar essas diferenças será de mencionar unha divertida cena fictícia. Dizem que em Atenas, a meados do século III a. C. e xá em plena crise de identidade da comunidade, debido à perda da hexemonia política – embora non filosófica – da cidade, a parte libre e pensante da poboaçón estaba reunida na ágora para ouvir o discurso do representante de um partido emerxente, que apelaba aos seus concidadáns que enfrentassem, de unha vez por todas, o touro da crise polos cornos e deixassem de viver só das recordaçóns da Atenas esplendorosa. Animaba-os a rexeitar a corrupçón política institucionalizada, as prácticas abusivas dos banqueiros e muitos outros flaxelos que afectabam a sociedade. Era um político que estaba literalmente a pôr o dedo na ferida; alêm disso, era bom orador, com um discurso ao nível dos melhores retóricos áticos, na senda da gloriosa tradiçón de Demóstenes e Ésquines. Non era de estranhar, portanto, que grande parte do audictório estivesse encantada e muito atenta a cada unha das palabras pronunciadas polo orador. Eis senón quando, na ágora abarrotada de xente, apareceu o cínico Dióxenes. A palabra “cínico” está relacionada com cán, e assim era conhecido Dióxenes, porque se comportaba como tal em público, pois era capaz de fazer, à luz do dia e à vista de todos, cousas que os outros reservabam para a intimidade mais secreta (falaremos sobre isto mais adiante). Dióxenes aceitaba essa designaçón de bom grado, com orgulho e sem complexos e até lhe dava um certo prazer provocar os atenienses, mostrando-lhes que viviam no engano, falsidade e mentira. Habia algo de exibicionista na sua repulsa pelas convençóns sociais. Chegou ao ponto de viver dentro de um barril para mostrar, non sem provocaçón, a sua pobreza mais absolucta e, outra vez, andou em pleno dia com unha lanterna acesa, dizendo que procuraba um home e que non encontraba ninguem ( o que, na verdade, debía ser visto como um insulto aos atenienses). Ora, Dióxenes non podia dar-se ao luxo de perder o discurso do tal político emerxente e apareceu dentro do seu barril xustamente no momento em que o orador fazia a denúncia da existência ilexítima das “portas xiratórias” que permitiam passar repetidamente da administraçón pública para os grandes negócios privados, esvaziando o erário público e alargando o tráfico de influências. Dióxenes ter-se-ia pronunciado sobre esse tema, mas houbo qualquer cousa que atraiu fortemente a sua atençón. Aproximou-se dum home na audiência e disse-lhe: “Ouça-lá, non vê que está a pisar o pé desse pobre desgraçado?” Era mesmo verdade: o epicurista Meneceu, que, morando na perifería de Atenas com a sua comunidade alternativa, tinha decidido, a título pessoal, ir ouvir o orador em questón para se informar sobre os novos ventos políticos, non estaba nada habituado às multidóns e entre as cotoveladas e apertóns que ia levando non se apercebera de que o seu pé estaba, efectivamente, a pisar um outro pé, o de Crisipo, o estoico. Este último há muito que sofria a pressón inclemente da sandália de Meneceu e resistia estoicamente, quer dizer, aceitando-a e tolerando-a como unha adversidade imposta polo destino, unha fatalidade e unha prova que lhe servia para testar as suas ideias acerca da força e da sabedoria do filósofo. Ao sentir por fim a longa pisadela, Meneceu afastou imediatamente o pé, apresentando as suas desculpas a Crisipo, que as aceitou com a mesma impassibilidade e integridade com que antes resistira a pressón no pé. Entretando, o orador referia-se agora ao non pagamento de impostos por parte dos membros das classes mais abastadas. E quando Meneceu e Crisipo davam o assunto por encerrado, de forma amigábel e sem prestarem atençon às provocaçóns de Dióxenes, interveio Pirro, o céptico, que tendo ouvido a conversa, teceu alguns comentários excépticos (pois claro) acerca da questón levantada por Dióxenes sobre se era possíbel afirmar que Meneceu exercera com o pé unha pressón física no sentido descendente e, non fosse igualmente lexítimo argumentar que Crisipo interpusera o seu,no campo de atracçón gravitacional do pé de Meneceu em relaçón à Terra. O epicurista e o estoico conheciam xá de sobra tanto Pirro como Dióxenes (Atenas, apesar de tudo, non era assím tán grande e os filósofos constituíam ainda assím unha pequena parte da povoaçón), polo que ignoraram os seus argumentos, pois sabiam que isso os levaría a um beco sem saída. Mas Dióxenes respondeu-lhe, de dentro do seu barril, afirmando que esses argumentos para nada serviam. Pirro retorquíu que, partindo do princípio de que non servíam para nada, ainda faltaba saber se os argumentos tinham de servir para algunha cousa. O debate foi subindo de tom e o político emerxente viu-se mesmo obrigado a interromper o discurso e chamar o cínico e o céptico à ordem (“Ei, voçês os dois, xá chega, non?”). Toda a assistência se virou para Dióxenes e para Pirro, exceptuando dois indivíduos, que redixíam dous textos em dous rolos: o académico Pólemon e o peripatéctico Teofrasto, concentrados na análise dos escritos dos seus respectivos mestres, Platón e Aristóteles. O seu total desinteresse pelo que estaba a acontecer na ágora só veio dar razón à crítica que costumaba recair sobre eles: que se dedicabam demasiado ao estudo da filosofía passada, tornando-a nunha disciplina abstracta, desligada da vida, pois a realidade passaba-lhes completamente ao lado (non ouviam sequer as críticas e continuabam o seu trabalho como se nada fosse).
Publicado en Uncategorized
