Categorías
Arquivo
- Agricultura Alimentación Anonymous Arquitectura Astronomía Blogs para curiosear Bos desexos Cerebro Cine Darío e Breixo Economía Educación Frutais Futuro Historia Humor Indignados Libros Lingua Literatura Medios de comunicación Monte Comunal Natureza Poesía Política Procomún Publicidade Sidra Socioloxía Software libre Tradicións Viaxes Xadrez
Os nosos blogs
Arquivos mensuais: Xaneiro 2019
A DISCIPLINA QUARTELEIRA
Assím que, com os antecedentes antes referidos, a disciplina quarteleira era para mím um calvário. (…) Para os labregos, a disciplina militar era um descanso; para mím, unha cadeia. Desde a primeira formatura e subseguinte revista, comezabam as preferências e as recomendaçóns. Os que tinham “aire” apoucado, de ganhám ou de braceiro, eram obxecto das burlas; mas apercebia-se de lonxe que eram mais de fiar. Dén-me conta de seguída que alí non valíam habilidades nem tristezas. Valía mais, unha galinha a tempo, um pernil ou um cordeiro. E, se algunha dúvida me quedaba, o sarxento instructor, ma sacou de golpe: “Há que deixar os colhóns pendurados na porta”. (…), em previsón, xa os tinha deixado na consigna da estaçón. Ademais, mais de unha vez na vida, había tido que deixá-los colgados nalgúm sítio; e por facê-lo outra vez, non iria passar nada. (…) Logo, chegou o tenente e dixo-me que dábamos pena, que arriba a cabeza e fora o peito, e espabilar ou nos “caía o pelo”; ó cero non, mas um bom rapado sím que nos déron ó pouco de chegar. Os barbeiros non dabam abasto, e as “maquinilhas”, mais que cortar, arrincabam os cabelos de raíz. Antes do rapado, veio um capitán para dar-nos as “boas-vindas”. (…) E o capitán, clamou, que éramos uns desgraçados, pior aínda que o exército de Pancho Villa; tinha-na tomada com o xeneral mexicano, que saía nos filmes sempre “borracho” e abrazado a algunha moza. O capitán ameazou fazer de nós soldados tán exemplares que a história estaría orgulhosa de nós. Mas, aquilo comezou a cheirarme a chamusco, pois sempre que tinham querido fazer de mím um cidadán exemplar do qual sentir-se orgulhosos, acabába-mos pringados. Depois do recebimento, mandarom-nos recolher a vestimenta: traxes de passeio e de faena, culher, prato de aluminio, correáxes, fusil e tudo o que necessita um soldado para fazer a guerra. A roupa era dada a “voleo”, a olho de “bom cubeiro”, e a uns sentába-lhe bem e a outros nón! A mím, tocou-me duas talhas de mais e, quando as probéi, parecía um adefésio. A cabeza emerxía da camisa como o pescozo de unha avestruz, e as botas parecíam de sete léguas. Esse pescozo, muchacho, dixo-me o sarxento que vixiába as probaturas. Os desaxustes tinham arranxo, non de sastre, senón de comércio e intercâmbio entre os recrutas. Ó final dos “cambalaches” quedábamos com um passar discreto. Toda a tarde passada axustando as prendas e, os mais manhosos recosíam os botóns e faziam apanhos de agulha e de tessoura que os deixaba bastante aparentes. Quando non tinha arranxo possíbel, recorría-se ó brigada: “meu brigada, néstas calzas cabem dous coma mím”; “Pois, têm cuidado a quém metes, que aquí nón queremos maricóns”. E, soltaba unha gargalhada, que che esfriába o ánimo de perfeiçón. Meu brigada, que o casaco está curto e as calzas largas; “isso é que estás mal feito muchacho, mas a instruçón vai arranxarte! E, outra vez, já, já, já! E, claro marchabam as ganas de insistir. Ó terceiro que foi reclamar, dixo-lhe, que levába unha patada nos colhóns e que xa estába farto de “mariconadas”. Ninguém mais voltou a protestar! Muitas risas, com “mariconadas por aquí, “mariconadas por alá; mas logo, quando nos mandarom formar para passar revista, ái daquele a quêm lhe colgabam as calzas ou rebentára o casaco, levába unha reprimenda monumental. Entón, em que quedába-mos, e a ver se nos aclarába-mos dunha puta vez! Os dous primeiros días, eram de acômodo e de aloxamento: “mas, muchachos, non penseis que estais num hotel, estais para servir a pátria e pobre do que se torza! ¡¡Mal comezábamos, com tanta ameaza!!
Publicado en Uncategorized
NICCOLÒ MACHIAVELLI (ANIMAIS POLÍTICOS)
Nicolau Maquiavel – ou Niccolò Machiavelli, em italiano – é um pensador tán orixinal quán demonizado. Destacado cidadán da Florença do Renascimento – viveu entre o “Quattrocento” e o “Cinquecento” -, foi político por vocaçón e filósofo por obrigaçón. É a esta segunda faceta profissional que devemos um legado teórico em que assentaram as bases do que hoxe conhecemos e estudamos como Ciências Políticas. A filosofía de Maquiavel versa fundamentalmente sobre o poder. O seu método parte da observaçón – tanto em primeira mán, como através do testemunho dos grandes historiadores clássicos – dos sucessos e dos fracassos dos mais poderosos. As suas teses están formuladas com unha frieza inquietante, como o tería feito se tivesse estudado o comportamento dos chimpanzés pigmeus, em vez do dos seus semelhantes. Esta dupla decisón (estilística e metodolóxica) é especialmente surpreendente porque o próprio Maquiavel participou em tal estudo como actor principal – antes de saber que também acabaría por ser o seu teórico e cronista – e porque a sua vida, com os seus altos e baixos, è um caso evidente do “virtuoso” a quem as mudanças repentinas da sorte amargaram a existência. Até as suas próprias desventuras se explicam com facilidade a partir da teoría que ele próprio desenvolveu, apesar de non ter sido esta a sua intençón ao levar a cabo tán brilhante labor. Certamente, Maquiavel utilizou unha forma tán distante e desafectada para nos relatar uns feitos brutais e expor-nos unhas ideias heterodoxas em gráu extremo que, ao abordarmos os seus princípios, se non contarmos com as medidas de protecçón regulamentares, a reacçón habitual é a vertixem. E, tal como a vertixem, a sua obra produz em algunhas pessoas unha incontrolábel e perigosa alteraçón, enquanto xera unha repulsa visceral e igualmente irracional em muitas outras. Estas infundadas sensaçóns – nos termos mais estrictamente filosóficos – son as que vamos serenar nas páxinas seguintes. Sirvam estas linhas, pois, para confecionar um arnês com que nos sintamos seguros perante os abismos que este filósofo revelou à humanidade.
ignacio iturralde blanco
Publicado en Uncategorized
MÁRIO VIEGAS
António Mário Lopes Pereira Viegas, nasceu em Santarém a 10 de Novembro de 1947. Festexou este ano de 1993, sem alarido mediático e na quase clandestinidade de um xantar na Bénard, os seus 25 anos de vida artística. Foi unha festa de amigos, na qual, à sobremesa, o Mário Viegas anunciou a sua candidatura às próximas eleiçóns para o presidência da república. Non, evidentemente, com o obxectivo de ir habitar o Palácio de Belém, mas tán simplesmente o de ter tempos de antena para falar de cultura aos portugueses. “Anarco-Esquerdista-Romântico”, como em tempos se definiu, muitas e boas cousas o Mário fez nos últimos 42 anos, isto é, desde que aos 4 anos de idade fazia espectáculos com fantoches que ele próprio criava. Começou, portanto, pelo teatro. Mas, a poesia, que viria logo a seguir, iria ser na carreira de Mário Viegas unha prioridade de permanente intervençón cultural. É que, se o Mário elevou o teatro português a unha dignidade e a unha qualidade como muitos poucos fizeram até hoxe no nosso país, foi na poesia que ele encontrou o osixénio da sua respiraçón diária. Aos 16 anos, num espectáculo realizado no Teatro Rosa Damasceno, em Santarém, estreou-se como declamador, a dizer poemas de Manuel da Fonseca, Gastao Cruz e Alexandre O’Neill. Daí para a frente, fosse na rua, nos palcos, na rádio ou na televisón – onde quer que fosse – Mário Viegas transformou-se no maior “diseur” da sua xeraçón e, sem sombra de dúvida, no maior divulgador de poesia que até hoxe Portugal teve. “Caixeiro-viaxante de poemas” – como el próprio se rotulou – o Mário “fez-se à estrada” nos anos 60, na boa companhia de amigos como o Zeca Afonso, o Adriano e o Carlos Paredes. Percorreram Portugal de lés-a-lés, militantes da democracia e da liberdade, axitando as ideias com as palabras dos poetas e a música das guitarras: o que fazia falta era animar a malta… Entretanto, xá passara pelas faculdades de letras de Lisboa e Porto e pelo conservatório. Mas, entre diploma e palco, escolheu definitivamente as luzes da ribalta, passando a viver num eterno camarim. Estreou-se no Teatro de Cascais, em 1970. E até hoxe non parou, deixando a marca impressiva do seu enorme talento em tudo o que fez e por onde passou. Embora xá tivesse feito televisón antes do 25 de Abril (dizendo poesia nas aulas de português da Tele-Escola, ou colaborando nos programas de Pedro Homem de Melo), foi sobretudo a partir dessa altura que se lhe abriram, sem reservas, as portas da RTP, Fosse para colaboraçóns regulares, fosse para programas próprios, como as séries “Peço a Palavra”, “Palavras Ditas”, e “Palavras Vivas”. Também na rádio o mesmo aconteceu, como por exemplo no programa de Júlio Isidro – “Grafonola Ideal” – onde, ao longo de quatro anos, Mário Viegas divulgou o melhor da poesia portuguesa. No cinema com José Fonseca e Costa, Artur Semedo e outros, também o Mário sumou filmes, prémios e sucessos. Na tradiçón de Joao Villaret, Vitorino Nemésio ou do padre Raul Machado – que nos 60 criaram alguns dos momentos mais altos de televisón em Portugal – Também Mário Viegas se transformou num enorme comunicador, levando a poesia e os poetas até mares nunca antes navegados. Conheci-o garoto ainda de calzóns, em Santarém, e via-o passar a caminho da catequese, que a minha nái dirixia (aliás com os resultados que se conhecem…). Mas foi só em 1971 – estava entón ele na tropa a cumprir o serviço militar – que começámos a trabalhar em conxunto, nos sucessivos discos que o Mário gravou, e eu produzi, para a Editora Arnaldo Trindade, Lda. Convenci-o entón, a utilizar a música na encenaçón sonora das palavras e dos poemas, como, aliás, outros declamadores extranxeiros xá faziam em relaçón a Garcia Lorca ou a Jacques Prévert. Ou Vinícius de Moraes e Pablo Neruda, em espectáculos ao vivo. Nos discos que gravámos utilizei sempre o mesmo processo: primeiro, o Mário gravava a voz, com total e plena liberdade; depois, os músicos improvisavam por cima das palavras, criando os climas adequados à encenaçón musical dos poemas. Em 1978 teve lugar a gravaçón do disco que afinal, é motivo desta apresentaçón: “Pretextos Para Dizer…”. O “Manifesto Anti-Dantas”, de José de Almada Negreiros, que acabou de servir de pretexto à gravaçón do disco, é – em meu entender – um dos momentos mais altos da arte de dizer do Mário Viegas: a voz e os pulmóns do Mário están, para este poema, como o Carlos Lopez para a maratona. E non se estranhe que o casamento e a identificaçón entre o texto e o “diseur” sexam tán perfeitos: É que quem conheça o Mário, sabe que se o Almada non tivesse escrito este manifesto, o Mário nem por isso se esqueceria dos dantas deste país do mar…
josé niza (novembro 1993)
Publicado en Uncategorized
ROUSSEAU (PAI INTELECTUAL DA REVOLUÇÓN FRANCESA)
Rousseau foi músico, romancista, politólogo, filósofo moral, pedagogo, botânico e fundador do xénero autobiográfico moderno. Iluminista atípico, o culto à razón, próprio do seu tempo, non o fez descurar o papel das emoçóns e do sentimento. Por isso, a sua escrita conseguiu inspirar tanto o racionalismo de Kant como o romantismo. Robespierre idolatrou-o e muitos viram nele o pai intelectual da Revoluçón Francesa, mas também foi considerado um antecesor de Marx, sem que falte quem, por outro lado, o considere precursor dos totalitarismos. O maior interesse de Rousseau consiste em ter sabido vislumbrar todas as encruzilhadas que caracterizam a época moderna: a nossa, como bem soube ver Ernst Cassirer em “A Questón Jean-Jacques Rousseau. (…) Em conformidade com o espírito da presente colecçón, tentou-se relacionar as consideraçóns de Rousseau com os nossos problemas do presente, o que non se afigura muito difícil num autor cuxas críticas à desigualdade social parecem escritas após a leitura de um dos xornais de hoxe, e cuxas fórmulas para amenizar as referidas desigualdades, poderiam, de algunha maneira, ser adoptadas por novas formaçóns políticas ou por unha rexenerada social-democracía. Rousseau contribuiu decisivamente para mudar o modo de considerarmos as nossas emoçóns e as relaçóns com a sociedade ou com a natureza, o que também determinou a forma como nos vemos a nós próprios. Non é pouco. Estamos perante um pensador completo que sempre preferíu o paradoxo sem nunca ceder às imposiçóns do preconceito, porque non se importou de remar contra a maré, sem se deixar levar por modas ou opinións, para reflectir melhor por conta própria e emitir o seu próprio xuízo a respeito de qualquer questón. Quis revolucionar o método das anotaçóns musicais, mas non conseguiu. No entanto, os seus contributos para a teoría política, a educaçón, a literatura, a filosofía da história e da linguaxem ou o xénero autobiográfico foram absolutamente revolucionários, inclusive no sentido mais literal do termo ao exercer unha enorme influência sobre os protagonistas da Revoluçón Francesa e ao ser um autor de cabeceira para quem teve a ousadia de combater os totalitarismos a partir da história das ideias. Non é por acaso que O Contracto Sicial e o Emílio foram, na sua época, condenados à fogueira por atentarem contra os poderes estabelecidos. As sua teorías revelavam-se muito perigosas tanto para a monarquía absolucta como para o dogmatismo eclesiástico. Rousseau nutre-se da tradiçón política clássica, que non entende a existência do indivíduo sem um vínculo ao Estado, a unha comunidade política. Mas, paralelamente, trata-se do grande pensador da desigualdade social, cuxas causas descobre em desequilíbrios e disfunçóns que afectam as formas políticas adoptadas pelos povos. A sua resistência a aceitar a inxustiça social como um facto inamovíbel, aliada à perspicácia para rastrear a sua xénese, convidam a fazer dele um autor de cabeceira em períodos de crise, com o propósito de recuperar, em qualquer época, a eficácia práctica da teoría.
roberto r. aramayo
Publicado en Uncategorized
AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (78)
CULTO MEDICINAL
Os deuses curandeiros, proporcionaron um notábel continxente ó novo panteón. Os antigos acreditabam na realidade dos sonhos: a funçón do sonho, a sombra adaptada a todo corpo, suxeríu-lhe a ideia dos Spíritos, e da alma, e deu nascimento assimesmo à metafísica. O sonho provocado, foi um dos mais importantes descubrimentos da medicina antiga, era practicado nos templos de Esculápio, dos mais famosos e numerosos de toda a Grécia. Os templos de Esculápio, à par dos consagrados a Serápis, Minerva médica, a Chalcaz, a Podalgro filho de Esculápio, e a outras divindades médicas, teríam por anexo um hospital. No que, os que visitabam o lugar, eram consultados e submetidos a um rexíme especial – os doentes eram preparados para a curaçón, com um ritual determinado e unha dieta severa de quinze días; banhos simples ou termais, fricçóns, uncidos e fumigados. Como complemento estaba a suxestón, provocada polo anúncio repetido de curas milagrosas; a música, os cheiros de flores e de perfumes. Despois, quando os doentes estabam preparados, o sacerdote ordenaba o sonho com ademáns solemnes, e a imposiçón de mans, abrindo a porta do mundo suxestivo. Afirmaba Galenno: “Neste momento, o sacerdote mandaba como um xeneral ós seus soldados, e as curas eram frequêntes. É certo, que os médicos axudabam a divindade, para que se non enganara nas consultas suxeridas durante o sonho dos clientes, e que estas non tinham de sobrenatural mais que as aparências. Os antigos asignabam a certas divindades o poder de curar doênças específicas. Invocando a Apolo contra a peste; e a Hércules contra a epilépsia; a Igrexa Romana invocaba a Santo Roque contra a peste, e a Santo Valentín contra a epilépsia; Diana deusa da caza, curaba a ráiba dos cáns. A costume de dormir nos templos, para provocar sonhos susceptíveis de ser interpretados era xeral na antiguidade.
manuel calviño souto
Publicado en Uncategorized
PLOTINO (ENCAIXAR A RAZÓN COM A RELIXIÓN)
Como em toda filosofía que se preze, há em Plotino elementos que convivem de modo problemático. Neste caso, estamos perante unha das tentativas mais ambiciosas da história da filosofía para encaixar a razón com o espírito relixioso. Por conseguinte, é muito importante esclarecer que a “mística” plotiniana (reunión e identificaçón da alma individual com o Uno-Bem) apenas se produz sobre o horizonte de unha construçón conceptual que deve ser estudada “antes”. O êxtase deve ser minuciosamente preparado por um prolongado esforço intelectual: esta é a mensaxem de Plotino, e o que faz dele aínda um grego. Unha filosofía non resolve um problema sem o ter apresentado de forma orixinal. O problema com que Plotino se confronta é o de como salvar “para a nossa própria experiência vital” um Deus que, tendo-nos criado, permanece, no entanto, infinitamente separado e, como Aristóteles e Epicuro tinham dito, alheio às nossas penúrias e necessidades. Plotino diz.nos que, para pensar adequadamente este vínculo com a divindade, é preciso ver que a alma non deve sair de si em busca de nada, pois essa procura nunca terminaria: a fuga é interior. A Amélio, um discípulo muito querido, disse: “Son eles os deuses, que devem vir até mim, e non eu a eles”. A alma contém, de forma latente ou em estado virtual, por causa da sua própria insensibilidade, todos os níveis ou “hipóstases” do divino. O seu trabalho será, entón, despertar e reavivá-los, libertando a sua própria potência. Voltar a ser “neles”. Na sua renovada concepçón da alma, Plotino tentará superar o dualismo e fornecer unha soluçón para o problema da incomunicaçón das substâncias (sensíveis e intelixíveis) que tanto ocupara os pensadores helenísticos.
ANTONIO DOPAZO GALLEGO
Publicado en Uncategorized
POETAS DA TERRA (AIRAS NUNES)
QUE MUYTO MEU PAGO
Que muyto meu pago d’este verao
por estes rramos e por estas flores,
e polas aves que cantan d’amores,
por que ando hy led’ e sen cuydado;
e assy faz tod omen namorado:
sempre y anda led’ e muy louçao.
Cand’ eu passo per alguas rribeiras
so boas arvores, per boos prados,
se cantan hy passaros namorados
log’ eu con amores hy vou cantando.
AIRAS NUNES (CANTIGAS DE SANTA MARÍA Nº263)
Publicado en Uncategorized
A TEORÍA DO “PRINCIPIO HOLOGRÁFICO” (F16)
Os filósofos, desde Platón até hoxe, tenhem discutido ó largo dos séculos sobre a natureza da realidade. A ciência clássica está basseada na crênça de que existe um mundo real externo cuxas propriedades som definitivas e independêntes do observador que as percibe. Segundo a ciência clássica, certos obxectos existem e tenhem propriedades físicas, tais como velocidade e massa, com valores bem definidos. Nessa visón, as nossas teorías som intentos de descreber ditos obxectos e as suas propriedades, e as nossas medidas e percepçóns correspondem-se com eles. Tanto o observador como o observado som partes de um mundo que têm unha existência obxectiva, e qualquer distinçón entre ambos non têm importância significativa. Em outras palabras, se vemos unha manada de cebras competindo por unha praza num garaxe. Todos os outros observadores que olharam mediríam as mesmas propriedades e a manada tería aquelas propriedades, houbera ou non alguém que as observara. Em filosofía, esta crênça é denominada “realismo”. Aínda que o realismo pode resultar unha posiçón tentadora, o que sabemos da física moderna fái difícil defendê-lo, como veremos posteriormente. Por exemplo, segundo os principios da física quântica, que é unha descripçón muito precisa da natureza, unha partícula non têm nem unha posiçón definida nem unha velocidade defenida, a non ser que – e até o momento em que – ditas magnitudes sexan medidas por um observador. Polo tanto, non é correcto dicer que unha mediçón dá um certo resultado porque a magnitude que está sendo medida têm aquel valor no instânte de efectuá-la. De feito, em alguns casos os obxectos individuais nem sequer tenhem unha existência independênte, senón tán só existem como unha parte de um conxunto. E se unha teoría denominada “principio holográfico” demostra ser correcta, nós e o nosso mundo quadridimensional poderíamos ser sombras da fronteira de um espaço-tempo maior, de cinco dimensóns. Em dito caso, o nosso estatus no universo sería literalmente análogo ó dos peixinhos do exemplo inicial. Os realistas estrictos a miudo argumentam que a demostraçón de que as teorías científicas representan a realidade radica nos seus éxitos. Mas diferentes teorías podem descreber satisfactoriamente o mesmo fenómeno através de marcos conceptuais diferentes. De feito, muitas teorías que tinham demostrado ser satisfactórias forom substituidas posteriormente por outras teorías igualmente satisfactórias basseadas em conceitos completamente novos da realidade.
stephen hawking e leonard mlodinow
Publicado en Uncategorized
ESPINOSA (OS PARADOXOS DA RAZÓN)
A história do pensamento é pródiga em destinos inesperados. O que um dia esteve no cume non tarda a cair no esquecimento, o que parecía destinado ao desaparecimento acaba por perdurar. Erasmo de Roterdám foi, no século XVI, a personalidade mais destacada do humanismo europeu, um dos grandes impulsionadores da modernidade cultural, cuxa palabra era lei no continente, e hoxe é apenas leitura de especialistas. Voltaire deu nome a um século, o tán recente século XVIII, identificou-se, em grande parte, como o proxecto emancipador iluminista, foi eloxiado por Nietzsche na segunda metade do século XIX e teve um destino idêntico ao do seu predecessor humanista. Em determinada altura, a cultura foi hegeliana, quando se percebeu que a história da Humanidade tinha unha direcçón e um sentido precisos, percepçón essa que chegou a ser avassaladoramente hexemónica em vários períodos do século XIX e XX, e, hoxe em dia, quase ninguém quer recordar Hegel. Todos os indicadores condenavam a doutrina de Espinosa a um obscuro canto das enciclopédias. Este filósofo xudeu holandés do século XVII, condenado e excomungado, expoente máximo de unha corrente filosófica, o racionalismo, rexeitada de forma conclusiva por Immanuel Kant na Crítica da Razón Pura, pensador determinista que defendia que tudo o que acontece, acontece necessariamente e non podería acontecer de outra forma, que afirmou que Deus era a realidade e incluiu o ser humano nessa realidade necessária, non devería ser, de acordo com todos os prognósticos, um autor vivo, um contemporâneo nosso. A sua escrita sóbria, austera, até mesmo árida, está à marxém da literatura. A sua visón da existência humana é totalmente oposta à percepçón de liberdade como expontaneidade que se impôs no mundo actual. Nada em Espinosa se adequa facilmente ao século XXI. Mas, aínda assim, continua a ser um dos pensadores mais estimulantes, vigorantes e completos que algunha vez existiram. Talvez nenhum pensador anterior (excepto Platón) e muitos poucos posteriores a ele até ao século XX continuem a despertar tal interesse em tantos leitores. Três séculos e meio depois da sua morte, as suas ideias mantêm non só um enorme interesse intelectual, como a capacidade de axudarem as pessoas concretas a viverem na sua existência real: em particular, o seu estudo da psicoloxía humana é de unha modernidade e clarividência surpreendentes. É por isso que continua a ser lido na era das tecnoloxías.
joan solé
Publicado en Uncategorized
“IL NASONE” (UM REI PINTORESCO)
Unha das cousas mais incompreenssíbeis, foi que o discreto Carlos III de Espanha tivéra unha descendência tán tríste e mediócre. O nosso Carlos IV; este Fernando IV de Nápoles e primeiro das duas Sicilias; e o inefábel infânte António Pascual. Fernando IV de Nápoles era um Borbón, a quem pola sua superlativa naríz, chamarom “il Nasone”. Era filho do nosso Carlos III e de Amalia de Saxónia e resultou bem diferente do seu grave pái. Quando Carlos III, rei de Nápoles, subíu ó trono espanhol em 1759, leva para Espanha a xóia do seu herdeiro, que será o nosso inimitábel Carlos IV, e deixa o Nasone em Nápoles. Pintoresco personaxem real foi o tál Fernando. A sua educaçón foi descuidada e os seus gostos populacheiros, prefigurabam a garrula imaxem do seu sobrinho, o nosso sinístro Fernando VII. Fernando o das narízes, era um personaxe popular, xá que non polas suas qualidades, mas sim pelas suas formas. Inculto, supersticioso, em lugar de dedicar-se às amenas artes do “ganchilho”, como o seu réxio irmán Carlos IV, era um obsseso da caza e da pesca. Os embaixadores extranxeiros ficabam suspensos ante a sua habilidade para despedazar as grandes pezas de caza e o seu coloreado linguaxem para vender por si mesmo o peixe no mercado. Alí habia que vê-lo, vestido como os pescadores – calzas, camisa aberta sobre o peito peludo, barretina roxa que parecía um gorro fríxio -, apostrofar alegremente ós compradores remissos e insultar aos competidores com um napolitano agressivo e torrencial. Penso que ao leitor pode divertí-lo que nos detelhamos ante este pintoresco personaxe a quem nada puido fazer perder o seu bom humor: nem o desterro, nem as adversidades militares, nem as quebras políticas. Tudo lhe era indiferente e a sua pereza era tal que se negaba até a servir-se do carimbo com a sua firma, que se había imaxinado para evitar-lhe o trabalho de trazála. A xustíza distributiva que acostuma sentar-se detrás dos tronos, fixo que este personáxe casara com unha mulher para quêm a política o era tudo: María Carolina de Austria, filha de María Teresa e irmán de María Antonieta. É dicer, primeiro estivo prometido à sua irmán, a archiduquesa Josefa, mas ésta morreu de vexigas em Viena. O seu prometido decidíu em Nápoles guardar o decoroso luto de um día e deixar os seus prazeres habituais, prazeres da caza e da pesca. Aborrecido no seu palácio, decidíu celebrar os funerais da sua prometida. Para fazê-lo buscou o seu mais xovem chamberlán, que era um mozo adamado e fino. Fixo-o vestir de princesa, meteu-o no caixón, e para melhor finxir as pústulas da varicéla, moteou o seu corpo com manchas de chocolate á espanhola. Logo o cortexo fúnebre, com escoltas e cantando o “gori-gori”, recorreu, com o caixón aberto, à usanza napolitana, útil neste caso, para que o efebo non se asfixiára, nas salas do palácio de Portici. Fernando, gráve e grotêsco, oficiaba como maestre de cerimónias. Aconteceu que o embaixador de Inglaterra se presentou em palácio para expressar o seu pésame e encontrou ésta lúgubre paródia. O pobre embaixador escapou correndo e xurando que em efeito, Fernando tinha narízes. Non esquéçamos, repito, que “el Nasone” era irmán de Carlos IV de Espanha e do infante don António Pascual. Casado com a irmán da archiduquesa Josefina, um irritante animal político, tivo de ver como o seu reino era gobernado por um inglés, o amante da sua mulher, sir John Acteon, e polo embaixador de Inglaterra, milord Hamilton, cuxa mulher, Emma Hart, antiga moza de pousada, foi querida de lord Nelson, a quem “el Nasone” fixo príncipe napolitano de Bronte. Ó fím Napoleón botou do reino toda a tribu. E na adversidade pode advertir-se o paralelo entre dous nécios memorábeis: o rei da Prusia Federico Guilhermo III e este Fernando IV. Ambos se quedaron tán frescos, e foron as suas esposas a rainha Luisa de Prusia e esta María Carolina, as que mantiverom o fogo sagrado. A rainha de Nápoles tivo mais sorte, e por poucos dias viu a derrota de Napoleón (morreu em 1814 em Viena). O seu esposo voltou ó trono e ó cabo de poucos dias da morte da sua mulher, casou com a sua querida de turno, Lucía Migliaccio, à que fixo duquesa de Florida. Passou a ser em 1816 Fernando I rei das duas Sicilias. Reprimíu a revolta do xeneral Guilhermo Pepe com a axuda das tropas pontifícias, perseguíu ós Carbonários, cometeu mil exacçóns e finalmente morreu em1825, deixando um reino em plena descomposiçón, unha duquesa de Florida, feita um mar de lágrimas e um sucesor que, por incríbel que pareça, resultou mais incapaz do que el. Referimo-nos ó seu filho Francisco I.
HISTÓRIA Y VIDA
Publicado en Uncategorized
HANS-GEORG GADAMER (VIDA LONGA EM TEMPOS TERRÍVEIS)
Hans-Georg Gadamer nasceu a 11 de Febreiro de 1900. Um biógrafo minucioso sublinha que fazía exactamente 250 anos nesse día morrera Descartes, cuxa proposta, fundadora da Modernidade em filosofía, ia terminar a sua fase de vitalidade às máns da crítica deste recêm-chegado ao mundo. Embora a cidade em que Gadamer nasceu tenha sido Marburgo – e que foi capital na sua formaçón universitária – , foi Breslau o lugar que marcou a sua infância. O pai de Gadamer era investigador em química para aplicaçóns farmacêuticas, de modo que peregrinaba, com unha certa frequência, de universidade em universidade. A infância non foi feliz o irmán mais velho sofría de epilépsia crónica, e, a longo prazo, teve um papel culpabilizante na vida do seu brilhante irmán mais novo; a nái morreu cedo, debilitada por partos malsucedidos e abortos; unha madrasta, desde os seus seis anos, non despertou no rapaz ecos afectivos especiais. Hans-Georg esteve, em boa medida, encarregado do irmán doente, Willi, até que o pai decidiu o seu internamento num sanatório (dentro do qual, xá muito sozinho, sobreviveu até às penúrias do final da guerra, ou sexa, aínda perto de 30 anos). O pai era muito autoritário e foi vendo com progressiva desaprobaçón como o filho se inclinaba para os estudos literários, que ele qualificaba como palabreado. Non se trataba de unha opinión de pouco peso, vindo daquele entusiasta partidário de Bismarck que chegou a ser reitor da muito prestixiosa Universidade de Marburgo (que xá o era, por exemplo, quando o seu filho Hans-Georg aí se doutorou). Apenas mais adiante pôde Gadamer pensar meio a sério que a sua vaga predisposiçón relixiosa (que se saiba, nunca actualizada nunha fé concreta ou na pertença real a unha igrexa, embora tenha sido baptizado e confirmado no cristianismo luterano) era herança da nái que non conheceu. No que respeita aos deveres militares, que xá teriam podido alcançá-lo na Primeira Guerra Mundial, o xovem Gadamer viu-se dispensado por problemas de saúde. Além disso, sentiu fortemente, à volta do final daquela desgraça, a atraçón do círculo neorromântico do poeta esotérico Stefan George que definitivamente o afastou de algunha veleidade de proximidades ao nacionalismo paterno untraconservador. Foi precisamente em 1918 que Gadamer se matriculou em filosofía alemán na Universidade de Breslau. Acidentalmente, quando os seus professores o decepcionabam nésta matéria, assistiu a aulas sobre orientalística e filosofía. Acabou por se deixar deslumbrar pela forma de neokantismo que em Breslau era fomentada pelo notábel escritor Richard Hönigswald (de orixem xudáica e, por sinal, condenado fulminantemente pelo relatório do reitor Heidegger, em Junho de 1933, ao ostracismo universitário).
miguel garcía-baró
Publicado en Uncategorized
¡ÁI AMIGOS, QUEM ME DERA, VIVER NO TEMPO PASSADO!
fado
O vocábulo, é um substantivo masculino, do latím “fatum”, a mesma palabra que deu orixem a “Fada”. Sinónimo de destino, sina, sorte, fortuna ou fatalidade. O destino estabelece a ordem natural do universo, unha forza humanamente insuperábel. É importante perceber este significado, para se entender esta cançón portuguesa. Eu, dada a minha tendência para unha heterodóxia, xá conxénita em mím. Atrevido, como todos os ignorantes, teimo em suspeitar que este xénero musical, vêm de lonxe. Que vêm do “cérne” colectivo, da alma antérga de um povo de “trovadores” e de “bardos”. “Na sua forma habitual é cantado por unha voz – a voz fadista – ; mas também pode ser cantado por mais vozes e “à porfía”, o que caracteriza o diálogo das desgarradas. É acompanhado normalmente por guitarra portuguesa e viola de fado, podendo-o ser também por outros instrumentos como baixo, contrabaixo, piano, violoncelo, violino e até mesmo por orquestra. Quanto à indumentária, a mulher fadista enverga ós ombros um “xaile” sobre um elegante vestido, enquanto o home traxa de fato. Musicalmente, o fado assenta nunha estructura rítmica baseada em compassos de divisón binária. A base harmónica é efectuada pela viola, utilizando os bordóns como acompanhamento de baixo na tónica e na quinta alternadamente, usando as restantes cordas como suporte harmónico. A guitarra portuguesa embora participe na harmonia tem um papel mais melódico de contra-canto, acompanhando a voz ou alternando com esta. A voz, embora ritmicamente estexa suxeita ao suporte rítmico, tende a libertar-se, expandindo-se, por vezes libremente, com ênfase. Os fados terminam na sua maioría em cadência perfeita, havendo algunhas excepçóns no Fado Menor que finaliza em suspensón. A base rítmica e melódica do fado tradicional assenta na trindade do “Fado Menor”, “Fado Corrido” e “Fado Mouraria”. O Fado Menor é triste e melancólico e tem unha toada lenta em xeito de balada, sendo um dos mais interpretados. Apesar de ser composto em tons menores, diz-se ser o “maior dos fados”. O Fado Corrido caracteriza-se por ser alegre, dançábel, ter um andamento rápido e ser composto em tom maior. O Fado Mouraria é saudoso, cuxa composiçón também é em tom maior com um ritmo moderado. Apartir de 1930, aparece o fado cançón, que se distingue por ter refrán, afastando-se da sua xénese e aproximando-se de outras músicas populares mais comerciais. O fado tem a particularidade de poder ser cantado com poemas diferentes na mesma música e de ser cantado de forma diferente com o mesmo poema. Fado é também o nome comúm atribuído à própria cançón, cuxos temas abordados non diferem muito dos orixinais: a saudade e o destino, o amor e o ciúme, a tristeza e o sofrimento, a traxédia e a desgraça, mas também pode ser irónico e divertido, tecendo críticas políticas e sociais. Em suma, a poesia fadista reflecte as venturas e desventuras da história e do quotidiano do povo português. Para além de Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro, as figuras de maior relevo son actualmente: Carlos do Carmo, Camané, Mariza e Ana Moura. Habendo unha predisposiçón natural e um gosto especial por este xénero nas novas vozes que ván surxindo todos os anos.”
Ái amigos, quem me dera,
Viver no tempo passado.
Em que a Maria Severa,
Era a rainha do Fado.
fado portugal
Publicado en Uncategorized
HUSSERL (A IDEIA DA FILOSOFÍA)
E agora, a “ideia da filosofía” (e até nos abstemos do respeito ou talvez do receio que o mero som desta palabra, puro grego, nos suscita à partida: xá disse, esqueçamos, por favor, tudo o que sabemos de filosofía – até o seu nome e o sabor do seu nome). “A vida non se pode viver sem exame; non devo simplesmente ser o filho de meu pai; necessito acima de tudo verdade e bem, verdade sobre o bem; tería de me responsabilizar com absolucta radicalidade por cada unha das teses que, por admití-las, me fazem viver como vivo”. Mas é que além do mais a sociedade devería organizar-se com cidadáns que participem destes mesmos ideais e non como sempre parece ter sido. Um filósofo pouco posterior a Husserl e que o apreciaba, mas que também escrevía muito bem e era poeta, espelhou esta situaçón global do ser humano em termos extraordinariamente úteis. Gabriel Marcel, com efeito, tornaba explícita a diferença entre a filosofía e o que aínda non o é – embora se lhe pareça – propondo que mantenhamos bem separados os “problemas” dos “mistérios”. Um “problema” é, como diz com precisón a palabra (puro grego também) um “obstáculo”. A imaxem quase inevitábel da nossa vida é a de um traxecto, o mais recto possíbel, mas que costuma cruzar-se com escolhos, e tem entón de inventar algo para ultrapassar estes “problemas”: contorna-os, salta por cima deles, bombardeia-os… E a vida passa, só que agora armazena um saber novo no seu repertório: tal problema soluciona-se desta ou daquela maneira. Este prosseguir da vida na sua traxectória é encontrar no campo do “mundo” ou no oceano da “realidade” unha facilidade, um espaço aberto (que em grego se diz “poro”). Mas também non se pode duvidar – outra certeza básica, pois entón – que há ocasións especialmente prementes ou aflictivas (passamos ao latim: “estreitas”), isto é, sem espaço para se sair, atravessando-as, contornando-as ou bombardeando-as. Estes xá non son problemas, antes literalmente, “aporías”. Como se fôssemos de cabeza contra a parede, sem poder deter o ímpeto da vida. Parece que vamos morrer esmagados por esse obstáculo xigantesco. Se calhar, damos voltas sobre nós próprios a fím de adiar em ván o choque. Por sinal, Sócrates atribuiu a orixem vital da filosofía non a nenhuma “curiosidade” saudábel ou doentia, mas a um âmago de angústia, e na tentativa de os solucionar reside o princípio das ciências e das técnicas, primas da filosofía.
miguel garcía-baró
Publicado en Uncategorized
A GALLEIRA DE MAELOC
A GALLEIRA DE MAELOC
Alá, polos meiados do século quinto da nossa era, as hordas de bárbaros xermánicos, invadiron as terras do sul da ilha de Gran-Betranha. E os Celtas Bretóns, viron-se na necessidade de buscar unha nova terra. Muitos deriváron cara à Armórica (Gália), e os outros vinhéron estabelecer-se na costa septentrional da Galleira. Trouxeron tudo o que podiam portar, gando, maneiras de viver, mas sobre todas as cousas a sua música. Comandados pelo Druída Maeloc, aquí, nestas verdes terras, talmente as suas, atoparon o fogar de unha nova pátria, e nela permanecem xá para sempre.
mensaxem
Vinde à terra do vinho, deuses novos!
Vinde, porque é de mosto
O sorriso dos deuses e dos povos
Quando a verdade lhes deslumbra o rosto.
Houve Olimpos onde houve mar e montes.
Onde a flor da amargura deu perfume.
Onde a concha da mao tirou das fontes
Uma frescura que sabia a lume.
Vinde, amados senhores da juventude!
Tendes aqui o louro da virtude,
A oliveira da paz e o lírio agreste…
E carvalhos, e velhos castanheiros,
A cuja sombra um dormitar celeste
Pode tomar os sonhos verdadeiros.
miguel torga
Publicado en Uncategorized














