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Vexamos algunhas das “surpresas” com que nos deparamos quando assumimos a tarefa de ler Marx directamente. A primeira podería resumir-se dizendo que, tal como foi demonstrado pelo seminário de Althusser, non era possível encontrar em Marx unha “teoría xeral da história”, um desses “grandes metarrelatos” pelos quais depois tanto foi criticado a partir do pensamento da pós-modernidade. Começaremos por este ponto. Para o marxismo vulgar ou “escolástico”, Marx tería descoberto, antes de mais, as leis do acontecer histórico. Essas leis – que, por outro lado, seriam, como se sabe, “dialécticas” – explicaríam, para começar, a necessária transformaçón de certos modos de produçón em outros. Assim, por exemplo, os modelos de produçón escravista e asiático transformam-se históricamente no modo de produçón feudal. Este modo de produçón transforma-se “dialecticamente” na maneira de produzir capitalista e este, pelas suas próprias leis internas e inevitáveis, transformar-se-á no modo de produçón comunista. O estudo destas leis históricas sería a ciência fundada por Marx: o “materialismo histórico”. Nesse momento, Marx tería fundado unha escola filosófica conhecida pelo nome de “materialismo dialéctico”. Marx, portanto, tería, fundamentalmente, consolidado um novo método para a investigaçón histórica: o “método dialéctico”, inspirado no seu mestre Hegel, mas inserido num sistema materialista. Por outro lado, o materialismo histórico de Marx tería distinguido entre unha realidade infraestructural, de carácter económico, e unha realidade superestructural, de carácter ideolóxico e cultural, que non sería mais do que um epifenómeno da infraestructura económica, isto é, algo destinado a desvanecer-se face a unha mudança do modo de produçón. Desta forma, por exemplo, todo o edifício xurídico do direito moderno sería unha realidade superestructural do capitalismo, que será inevitavelmente superada com o advento do modo de produçón comunista. A grande surpresa, porém, quando seguimos a pista de Althusser e de Gramsci, é que non há nada no parágrafo anterior que estexa certo. Nem unha única palabra. O seminário “Lire le Capital” demonstraría que non é possível encontrar em Marx semelhantes leis do acontecer histórico. Althusser poría em questón o protagonismo da dialéctica na obra de Marx. Por seu lado, xá há algum tempo que Gramsci alterara por completo essa visón do “superestructural”, mostrando que, por esse caminho, desembocaríamos no absurdo de substrair todo o protagonismo e todo o sentido às lutas políticas. Isto non significa que esse discurso “marxista escolástico” non tivesse unha importância histórica monumental. Constituiu, sem dúvida algunha, a columna vertebral daquilo a que se chamou “marxismo”, e o marxismo determinou totalmente a história do século XX. E fê-lo, sem dúvida, por um lado, para o bem e, por outro, para o mal, e esse é um tema de discussón interminábel. Ora, era também preciso – e isto é inteiramente outra questón – decidir se tais lugares comuns da tradiçón marxista son ou non compatíveis com a obra de Marx. E nisto a intervençón de Althusser foi crucial. A sua herança permite-nos, na actualidade, ler um Marx muito diferente. Retrospectivamente, se olharmos agora para qual foi a ideia mais importante que nos legou Althusser na sua interpretaçón de Marx (non sem muitas hesitaçóns, certamente, pois todas as suas teses foram pensadas como “posiçóns” nunha batalha política), poderíamos resumi-la no seguinte: Marx non descobriu “leis da história”, mas, muito mais modestamente, “leis do capitalismo”. Isto é, descobriu “leis” na história, das cousas históricas, mas non “leis” da história. Este é, na verdade, o sentido daquela que foi, talvez, a frase mais famosa de Althusser, sobre a qual se continuam a verter montanhas de afirmaçóns pedantes e delirantes: “a história é um processo sem suxeito nem fins”.
carlos fernández liria
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