Arquivos diarios: 13/01/2019

NICCOLÒ MACHIAVELLI (ANIMAIS POLÍTICOS)

.

               Nicolau Maquiavel – ou Niccolò Machiavelli, em italiano – é um pensador tán orixinal quán demonizado.  Destacado cidadán da Florença do Renascimento – viveu entre o “Quattrocento” e o “Cinquecento” -, foi político por vocaçón e filósofo por obrigaçón.  É a esta segunda faceta profissional que devemos um legado teórico em que assentaram as bases do que hoxe conhecemos e estudamos como Ciências Políticas.  A filosofía de Maquiavel versa fundamentalmente sobre o poder.  O seu método parte da observaçón – tanto em primeira mán, como através do testemunho dos grandes historiadores clássicos – dos sucessos e dos fracassos dos mais poderosos. As suas teses están formuladas com unha frieza inquietante, como o tería feito se tivesse estudado o comportamento dos chimpanzés pigmeus, em vez do dos seus semelhantes.  Esta dupla decisón (estilística e metodolóxica) é especialmente surpreendente porque o próprio Maquiavel participou em tal estudo como actor principal – antes de saber que também acabaría por ser o seu teórico e cronista – e porque a sua vida, com os seus altos e baixos, è um caso evidente do “virtuoso” a quem as mudanças repentinas da sorte amargaram a existência.  Até as suas próprias desventuras se explicam com facilidade a partir da teoría que ele próprio desenvolveu, apesar de non ter sido esta a sua intençón ao levar a cabo tán brilhante labor. Certamente, Maquiavel utilizou unha forma tán distante e desafectada para nos relatar uns feitos brutais e expor-nos unhas ideias heterodoxas em gráu extremo que, ao abordarmos os seus princípios, se non contarmos com as medidas de protecçón regulamentares, a reacçón habitual é a vertixem.  E, tal como a vertixem, a sua obra produz em algunhas pessoas unha incontrolábel e perigosa alteraçón, enquanto xera unha repulsa visceral e igualmente irracional em muitas outras.  Estas infundadas sensaçóns – nos termos mais estrictamente filosóficos – son as que vamos serenar nas páxinas seguintes.  Sirvam estas linhas, pois, para confecionar um arnês com que nos sintamos seguros perante os abismos que este filósofo revelou à humanidade.     

ignacio iturralde blanco