Arquivos mensuais: Novembro 2018

POPPER (AUTOBIOGRAFIA INTELECTUAL)

.

               Na sua Autobiografia Intelectual, Popper afirma que, logo na sua mais tenra xuventude, o seu espírito sofreu o impacto de dous acontecimentos decisivos, que iriam configurar para o resto da sua vida os pilares do seu pensamento; o da filosofía da ciência e o da filosofía social e política.  Estes dous acontecimentos foram, por um lado, a publicaçón da Teoría da Relatividade de Einstein e, por outro, os gráves conflictos políticos produzidos no fim da Grande Guerra.  Nos próximos capítulos, centrar-nos-emos na sua importância no pensamento de Popper.  Aqui só referiremos com brevidade o que significaram na biografía intelectual do nosso autor. Relativamente ao primeiro destes acontecimentos, Popper conta-nos que o essencial da sua filosofía da ciência tornou-se-lhe claro para sempre quando teve conhecimento da descoberta da Teoría da Relatividade, e do que isso significava non só enquanto inovaçón científica, mas também como fonte de inspiraçón de unha metodoloxía xeral das ciências.  O segundo pilar do pensamento de Popper, a sua abordaxem social e política, foi inspirado pela experiência pessoal:  conta-nos ele que, aos doze anos, descobriu na biblioteca do pai os textos de Marx e se tornou um marxista entusiástico, para se transformar num antimarxista declarado aos 17 anos (e até ao final da sua vida), devido a outra experiência pessoal.  Nos meses que se seguiram à queda do Império Austro Húngaro, Viena viu-se diariamente axitada por confrontos violentos entre o governo e os movimentos radicais de esquerda, em especial comunistas, com que o xovem marxista Karl se identificava.  Os comunistas e os seus aliados, alentados pelo éxito da  Revoluçón Soviética um ano antes, xulgaram ter chegado o momento de impulsionar um processo semelhante na Áustria – a destruiçón da “ordem burguesa” e a implantaçón da “dictadura do proletariado” – e estavam dispostos a consegui-lo, se necessário fosse, através da violência e sem ter em consideraçón os sacrifícios humanos que isso pudesse envolver, inclusive nas suas próprias fileiras.  Presumia-se que a luta de classes e a promoçón do ideal socialista estavam acima de qualquer interesse individual. E foi assim que, num motim de rua em que os dirixentes comunistas incitarom de forma dissimulada o grupo de esquerdistas a que Popper pertência a enfrentarem-se desarmados à polícia, houve vários mortos, alguns deles amigos achegados de Popper; com este sacrifício, e perante tal inxustiça, previa-se unha insurreiçón xeral da classe operária de Viena, que  non chegou a acontecer.  Ésta traxédia deixou marcas profundas em Popper.  Compreendeu que nenhum programa político, nenhum ideal social, podia xustificar o sacrifício de pessoas de carne e osso.  Non é a classe social (ou qualquer outra entidade supraindividual, como o Estado) que está acima do indivíduo, pelo contrário, é o indivíduo que deve ter a primazia sobre a classe social ou qualquer outro conxunto.  O que o xovem Popper compreendeu com esses acontecimentos terríveis foi o risco envolvido em tentar reformar a sociedade através da violência.  Aquilo que rapidamente conduzirá ao fim das inxustiças sociais non é a “grande revoluçón”, mas unha política cauta e reformista de pequenos passos, o que Popper denominaria, muito mais tarde, como “enxenharia social”.  Ainda voltaremos às consequências teóricas que Popper retirou da sua experiência política pessoal.

c. ulises moulines

ÉMILE ZOLA (O NATURALISMO)

.

               O Naturalismo como fenómeno literário conmoveu o mundo inteiro nas últimas décadas do século XIX,  e tivo um éxito e unha difusón popular extraordinários.  Nasceu como unha sistematizaçón da corrente realista francesa, que vai de Balzác ós Goncourt, passando por Flaubert, e aínda que o chefe désta escola, Émile Zola, esté muito por baixo dos seus mestres, talvez a sua mesma mentalidade simplificadora permite ter unha resonância que non tinham chegado a ter os escritores nos que el se inspiraba.  Zola non é um grande criador como Balzac, nem um grande artista como Flaubert, mas soubo forxar unha doutrina literária que deslumbrou como talvez non o tinham feito os grandes românces dos seus antecessores.  O naturalismo vêm a ser um realismo dogmatizado, com pretensóns de ciência, de verdade absolucta e definitiva que conduce a observaçón da realidade a uns extremos nos que o real fai-se teoría, sistema, tése.  Zola estaba convencido de que a sua maneira de entender a literatura era unha espécie de panaceia universal, um “non plus ultra” fundamentado no mais sólido terreno científico, esse engreimento, irmán das actitudes contemporâneas do positivismo, têm unha tonalidade entre inxénua e antipática, mas a importância histórica dos naturalistas é muito grande, mais que por legar á posteridade obras importantes, por ter explorado até ás últimas consequências toda unha óptica narrativa.  O pai do naturalismo, Émile Zola, nasceu em París em 1840, mas non viría a viver na capital até dezoito anos despois.  O seu pai, François Zola, era um enxenheiro italiano que estaba construindo um canal em Aix-en-Provence, e foi em Aix onde o futuro escritor passou a sua infância e adolescência.  O pai morreu quando el tinha sete anos, e para a família comezarón maus tempos e contínuos problemas económicos.  O pequeno, que sonhaba com a literatura e lia com paixón os poetas românticos – Lamartine, Hugo e Musset, son os seus ídolos -, impregna-se do âmbiente da campinha provenzal, que sempre recordaría com nostalxía, e traba íntima amizade com o filho de um banqueiro de Aix, Paul Cezanne, que também habería de ser famoso como um dos mais grandes pintores.  Em 1858 os Zola instalan-se em París, mas para o xovem Émile a adaptacón à sua nova vida resulta muito penosa, no coléxio rian-se do seu acento do sul e de um defeito de pronunciaçón que lhe facía transformar os esses em efes, era um provinciano pobre, torpe e desambientado.  Por duas veces fracasa no seu intento de aprobar a secundária e têm que comezar a trabalhar.  O primeiro emprego na Aduana resulta-lhe insuportábel e renuncía a el ao cabo de dous meses.  Seguem dous anos completos de bohêmia literária, vivendo nunha buhardilha, e alimentando-se quase exclusivamente de pan untado em azeite e alho.  Sustenhem-no a confiânça que têm em sí mesmo e unha enorme tenacidade, e non duvida que acabará sendo escritor.

r. b. a. editores, s. a. – barcelona

.

RENÉ DESCARTES (INICIADOR DA FILOSOFÍA MODERNA “A REVOLUÇÓN EPISTEMOLÓXICA”)

.

               Admitámo-lo:  Descartes transformou-se num cliché da mossa cultura.  Como costuma ser habitual nestes casos, isso tem vantaxens e inconvenientes.  Por um lado, é-lhe amplamente reconhecido algo valioso, que faz parte de nós e que nos define como filhos da modernidade.  Por outro lado, esse “algo” aparece inevitavelmente submerso pelas inúmeras mençóns e imaxens que o neutralizam até o fazerem perder a força orixinal com que irrompeu em pleno século XVII, um momento crucial para o desenvolvimento da história moderna.  Cada vez que aparece, o nome de Descartes costuma ser associado a unha mistura de dúvida vixilante perante os preconceitos adquiridos e de organizaçón metódica a respeito de uns sólidos eixos cartesianos, x e y, que  todos estudámos na escola, e que, segundo reza a lenda, ocorreram ao seu autor enquanto observava o voo dunha mosca e tentava localizá-la, tendo como referência o tecto e as paredes do seu quarto.  Estes estereótipos fazem pensar em alguém nascido para nos dar soluçóns como quem nos vende um trem de cozinha ou um remédio contra a ressaca.  O certo é que nenhum grande pensador ganha um lugar na história das ideias sem a decidida vontade de “procurar problemas”, e isso é especialmente certo no caso de Descartes.  No tempestuoso século em que lhe calhou viver, com meia Europa a querer matar a outra meia, em intermináveis guerras relixiosas, as ideias que introduziu non eram aínda evidentes e muito menos inofensivas.  Foi necessário unha grande audácia e unha resistência ao que ele considerava falso, para apresentá-las e defendê-las.  É precisamente esse elemento destrinçador que se perde na acepçón habitual do cartesianismo e que nem sequer é fácil de encontrar em muitas exposiçóns académicas, que frequentemente dan demasiadas cousas como garantidas.  Ora bem, mergulhar em Descartes esixe unha “escolha”.  É um acto de liberdade.  Como na popular cena do filme Matrix, trata-se de tomar um comprimido simbólico após o qual xa non poderemos pretender que nada tenha acontecido.  Escolher a rota das dificuldades na esperança de obter unha clareza superior que nos faça despertar do sono dogmático em que estávamos absortos: é esse o caminho da filosofía.  Especialmente da cartesiana.

antonio dopazo gallego

A POUSADA DO MOSTEIRO DE AMARES

.

               Xá somente com ouvir este nome, um mal pensado, a causa dos românces de cabalaria, podería xulgar que é um lugar destinado a grandes amoríos ilícitos.  Distânte, tranquílo, silencioso, e escondido em Terras de Bouro.  Ademais, aínda porriba, com boa cama e excelênte mesa:

-Deliciosa Sopa de Agrións

-Arroz de Cabidela de Galo

-Vitela assada, acompanhada com arroz

-Surtido de Doces Conventuais (Abade de Priscos, Crema de Leite e Doce de Amêndoa)

               Fica aproximadamente a uns cem kilómetros de Guillade, e duas pessoas podêm bem comer, por perto doutros cem euros, e se querem dormir e fazer outras cousas, tamém podem.  Mas, non abusar!!  Pois, como todos sabemos, unha vida de vício e constântes excessos, nos levarám inevitábelmente à perdiçón da carne, e consequentemente da alma.   

léria cultural

LOUIS ALTHUSSER (1918 – 1990)

.

               Nasceu em Argel, onde viveu até 1930.  Permaneceu cinco anos preso num campo de concentraçón nazí.  Estudou em París e foi catedráctico no Collége de France.  Em 1965, organizou um seminário que mudou a interpretaçón da obra de Marx (“Lire le Capital”) e publicou A Revoluçón Teórica de Marx, tornando-se um dos marxistas mais estudados do mundo.  Esteve em tratamento psiquiátrico, devido a depressón, durante toda a sua vida.  Em 1980, nunha crise maníaca, estrangulou a sua mulher.  Nos seus últimos anos de vida, escreveu unha autobiografia que foi traduzida com o título O Futuro é Muito Tempo.

carlos fernández liria

ANTONIO GRAMSCI (1891- 1937)

.

               Viveu unha infáncia marcada pela pobreza e pela doença.  Militou no Partido Socialista Italiano e, xuntamente com Togliatti, em 1919 criou a revista Ordine Nuovo.  O desenvolvimento da Revoluçón Russa levou-o a fundar o Partido Comunista Italiano, sendo o seu representante em Moscovo.  A chegada de Mussolini ao poder obrigou-o ao exílio e á clandestinidade.  Regressou como deputado em 1924, protexido pela imunidade parlamentar, mas a ditadura fascista deteve-o em 1926.  Passou na prisón o resto dos seus dias, em condiçóns terríbeis e doente de tuberculose.  Aí escreveu os seus famosos Cadernos do Cárcere, a sua obra mais importante.  Faleceu por non ser transferido para o hospital de modo a receber os cuidados de que necessitava.

carlos fernández liria

UNHA TEORÍA EFECTIVA (F 11)

.

               Como resulta tán impracticábel utilizar as léis físicas subxacentes para predecir o comportamento humano, adoptaremos o que se chama unha “teoría efectiva”.   Em física, unha teoría efectiva é um marco criádo para modelar algúns fenómenos observados, sem a necessidade de descreber com todo detalhe os processos subxacentes.  Por exemplo, non poderemos resolver exactamente as equaçóns que rexem a interacçón gravitatória de cada um dos átomos do corpo de unha pessoa com cada um dos átomos da Terra.  Mas a todos os efeitos prácticos, a força gravitatória entre unha pessoa e a Terra pode ser descripta em termos de unhas poucas magnitudes, como a massa total da pessoa, e a da Terra e o rádio da Terra.  Análogamente, non podemos resolver as equaçóns que rexem o comportamento dos átomos e moléculas complêxos, mas desarrolhamos unha teoría efectiva, denominada química, que proporciona unha explicaçón adequada de como os átomos e as moléculas se comportam nas reacçóns químicas, sem entrar em cada um dos detalhes das suas interaçóns.  No caso das pessoas, como non podemos resolver as equaçóns que determinam o nosso comportamento, podemos utilizar a teoría efectiva de que os individuos tenhem libre albedrío.  O estudo da nossa vontade e do comportamento que se segue dela, é a ciência da psicoloxía  A economía também é unha teoría efectiva, bassada na nocçón de libre albedrío, mas o suposto de que a xente evalúa as possíbeis formas de acçón alternativas e escolhe a melhor.  Dita teoría efeciva, só é moderadamente satisfactória na predicçón do comportamento, xá que, como todos sabemos, a miúdo as decisóns ou non som racionais ou están bassadas em análises deficientes das consequências da eleiçón.  Por isso, o mundo é unha confusón.

stephen hawking e leonard mlodinow

ARENDT (O COMO PENSAR)

.

               A melancólica Hannah estudou no liceu e preparou-se para o exame de acesso à universidade.  Para tal, mudou-se para a Universidade de Berlim, com o obxectivo de aí estudar durante alguns semestres.  Em Berlim, ampliou os seus conhecimentos precoces de filosofía alemán, nunha altura em que xá tinha tomado unha decisón clara e firme sobre o seu futuro: estudaria Filosofía como disciplina principal e depois iria para a Universidade de Marburgo.  Porque escolheu esta cidade?  Devemos ter em conta que para os xovens da época era non só importante responder à pergunta “O que vou estudar?” (unha questón que, no caso de Arendt, estava clara desde o princípio), como a pergunta decisiva era, sobretudo, “Com quem vou estudar?”.  A filosofía alemán do início do século, nesse sentido, aparecia associada a pessoas, era unha filosofía ligada à figura de alguém encarado como um mestre.  Entre os pequenos grupos filosóficos da Alemanha dos anos de 1920 espalhava-se um rumor: ao mesmo tempo que a maior parte das universidades se abastecia de um corpo docente neoplatónico, neokantiano ou neo-hegeliano, com ensinamentos caducos e reduzido espírito crítico,  contava-se que em Marburgo había um brilhante professor de trinta e poucos anos que non ensinava “o que pensar”, mas “ensinava a pensar”, algo talvez non muito afastado das abordaxens pedagóxicas actuais, mas que nesse momento representava unha novidade absolucta, tanto pela forma como polo conteúdo dos seus ensinamentos.  Chamava-se Martin Heidegger.  As suas aulas eram consideradas fascinantes pelos alumnos, entre os quais se encontrava non só Hannah Arendt, como Herbert Marcuse, Hans Georg Gadamer, Hans Jonas ou Karl Löwith, os “filhos de Heidegger”, estudantes que, por sua vez, se tornaram vozes importantes na filosofía contemporânea.  Heidegger era um seductor nas aulas, segundo contavam todos os seus alumnos, incluindo os que depois se afastariam filosoficamente dele.  Enfeitiçava e fascinava a audiência.  Era o “pequeno mago de Messkirch” (a sua cidade natal), que atraía como abelhas os seus ávidos estudantes para unha rica e nova colmeia filosófica.  A própria Arendt descreve um certo sentimento de subxugaçón perante o xovem professor: “O pensamento voltou a viver, os tesouros culturais do passado, que se xulgabam mortos, son expressóns de forma que dizem coisas completamente diferentes das que se tinham suposto.  Há um mestre; talvez o pensar se possa aprender”.

cristina sánchez

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (72)

.

               É até certo ponto um equívoco ou faltar á verdade, dizer que a confiança nas artes máxicas é incompatíbel com a instrucçón, e que só aos feiticeiros convêm os tempos de ignorância e obscurantismo.  A corte e o século de Luis XIV foron dos mais brilhantes e luminosos, as artes e as ciências atinxiron um gráu de prestíxio elevadíssimo, e os gloriosos nomes de Bossuet, Fenelón, Raccine, Corneille, Pascal e outros, passaron à posteridade, e ainda hoxe non foron eclipsados.  Todavía, à par deles, brilhou em Versailles o cérebre Conde de San Germano, enígma vivo, também denominado o feiticeiro da corte, e que realmente era personaxem doctado de numerosos e profundos conhecimentos científicos, pois conseguíu facer-se acreditar, num meio considerado o mais ilustre e o mais sábio do século XVII.  Mais tarde, e doutra ordem, aparece o personáxe histórico José Balsamo, Conde de Cagliostro, que representou um papel notabilíssimo na Côrte de Luís XVI, e que se decía inmortal, polo poder do célebre “elixir da vida”.   Pois como se mira, a maxía, a feitiçaría e as ciências ocultas, entre as quais: predecir o futuro, fazer horóscopos, vaticínios, preparar filtros, deitar as sôrtes, as boas ventúras, inspirar amores e acabar com eles.   É unha ciência, ou unha arte, tán velha como o mundo, ou polo menos, como a humanidade, desde que há notícia escrita déla.  As maravilhas que todavía hoxe opéra, podêm considerar-se, frutos de unha arte que aínda non está  divulgada, mas, que alcançou noutros tempos quase toda a ciência humana.   Derivando da antiga maxía: a medicina moderna, a astronomía, as matemáticas, a química, e grande número de noçóns de física.  Non há razón plaussíbel para negar que  éssa ciência, hoxe menos influênte e preponderante, possua segredos de valor, que todavía non lhe foron arrincados e por isso repousam no mistério. 

manuel calviño souto

BERGSON (A METAFÍSICA DA EVOLUÇÓN)

.

               A vida é o domínio “misto” da existência no qual entram em contacto espírito e matéria.  A partir daquí, ela é esforço, e o esforzo, inseparábel do tempo, introduz novidade no universo (alguém consegue, por exemplo, saber qual será o índice ou inclusivamente o título definitivo de um libro antes de o ter escrito?).  Evolucionista convicto, Bergson tentará mostrar ao longo da sua obra que a evoluçón da vida, com toda a diversidade de espécies, responde à tentativa de unha força espiritual para inserir entre as ríxidas cadeias da matéria – como se de um explosivo se tratasse -, a maior soma possíbel de novidade.  “A vida é precisamente a liberdade inserindo-se na necessidade e transformando-a em seu proveito”.  Qual é o obxectivo desta tentativa do impulso vital?  Non é evidente.  Ou, mais propriamente, non podería sê-lo de antemán.  Trata-se de superar o obstáculo, de abrir caminho para o outro lado, de inundar de diferença a repetiçón.  Recorde-se que Nietzsche tinha escrito algo parecido relativamente à “vontade de poder”:  os fortes procuram, acima de tudo, “distinguir-se”.  Em Bergson, o espírito é o domínio da “pura diferença”.  Mas, sendo todo “virtualidade”, falta-lhe ainda eficácia ou “actualidade”:  por isso, a consciência mantém-se tenazmente ligada a um corpo.  Visto deste modo, o impulso é unha árdua negociaçón com a matéria cuxa finalidade é ludibriá-la.  Como tantos outros pensadores do nosso tempo, Bergson xulga que xá non podemos renunciar a Darwin.  No entanto, a ciência só nos oferece o aspecto material do processo evoluctivo, que é o que interessa à nossa intelixência.  Xuntamente a esta última, Bergson situa a intuiçón.  Valendo-se desta nova funçón do espírito, encarregada non de renunciar ao raciocínio, mas de pensar de outro modo, a filosofía deverá pôr-se à altura dos tempos e fornecer unha verdadeira “metafísica da evoluçón”.  

antonio dopazo gallego

COMO UMA FLOR DE PLÁSTICO NA MONTRA DE UM TALHO

.

Comodista hesitante,

protexido das cabeleiras

e cliente frequente dos feriados nacionais,

acredita nos encontros fortuitos

assim como um relógio estragado

acredita aproximar-se de uma hora astral.

Estes hábitos podem até ser tolerados

em contos naturalistas

e reality showers.

Nós, aqui, little stranger,

degolamos pardais e fardas de porcelana.

Cobramos interesses à alegria

e vendemos suites com piscina na lua.

A batalha é nossa,

já alugámos as trincheiras,

mas custa tanto tirar os pijamas.

golgona anghel

(Como uma Flor de Plástico na Montra de um Talho, 2013)

CELA DESCOMULGADO E FEDERICO DE URRUTIA VENERADO

.

               Aquel ano, por causa do traslado de Lebanza a San Zoilo, os concursos literários tardaron em outorgar-se e a entrega de prémios retrasou-se até meados de Novembro. Era um acto de rutina e sem sorpressas, pois sempre ganhábamos os mesmos.  Mas aquél ano houbo gresca.  O professor de Literatura quería darme o prémio de narrativa e o padre espiritual quería-mo sacar, porque afirmaba ter influências de Camilo José Cela, que era unha mala besta blasfema.  Ninguém, e eu tampouco, tinha lido a Camilo José Cela.  Ó contrário do colega que ganhou o prémio de poesía, que este sí había lido a António Machado e o seu poema era tudo polvorentas encinas, vieiros solitários, páramos ermos, esquilóns e tolveiras levantadas por rebanhos de ovelhas ó atardecer, aínda que isto último e as campanadas do ânxelus mais bem parecíam de Juan Ramón Jiménez.  Non dixem nada, aínda que me quedou um rencor ó tál padre espiritual e algúm día, se tinha tempo, iba-mas pagar.  Entre o lote de libros que dabam como prémio, vinha um da colecçón Crisol, miniatura libresca em papel bíblia, que foi a biblioteca de nuitos da minha xeraçón.  Traía as mais famosas obras de Eduardo Marquina: En Flandres se ha puesto el sol e Las Hijas del Cid.  A referência habitual do professor de Literatura, aparte do O Cantar, O Romancero e o poema de Manuel Machado “polvo, sudor e ferro el Cid cabalga”, era Eduardo Marquina.  A do padre espiritual, em câmbio, era Federico de Urrutia.  Federico de Urrutia, falanxista, vestía o Cid e as suas mesnadas de camisa azul.  A Hidra roxa, à que había que combater, vinha a ser como os mouros de antáno; outra Reconquista.  Advertência frequente por entón era:  “Vendrán los rojos y violarán a vuestras mujeres”.   O padre espiritual calába-se como unha puta, que quem habíam violado e matado as mulheres na guerra, foram os morancos de Regulares e que os mesmos mandos militares de Franco tiveron que por ordem e castigá-los inclúso com fusilamentos.  De non ser polo falanguismo do padre espiritual, nem sequer teríamos sabído quem era Federico de Urrutia, pois non vinha nos nossos libros de literatura, cuxo autor era Guillermo Díaz Plaja.  Ou sexa, que um respeito.  Mas a este sacerdote, encantaba Federico de Urrutia.  E traía libros de leitura de outros coléxios e institutos onde vinha um poema ridículo titulado “Castilla en Armas”.  Tudo isto tinha que pranteár-lho um día, ó confesor intrometido que admiraba a Federico de Urrutia e tinha querido sacarme o prémio de narrativa.  Gostaba de Federico de Urrutia porque, em “Castilla en Armas”, presentaba as náis e as noivas à sombra das espadanhas rezando polos homes que iban à guerra, “vestida de azul a alma”.  Escuitei-o um día que el estaba a falar com uns frailes de hábito branco, marístas debíam de ser, ou algo así, que lhe propunham dar unhas classes particulares ós seus alumnos deficiêntes.  A mim, parecía-me que o padre espiritual quería sacar-lhe o lugar ó professor de Literatura.  Duas veces chamou “lucero” o tál Urrutia esse ó Cid.  Por muito que diga despois que o “lucero” é de ferro, non deixa de ser unha mariconada.  Ou, polo menos, unha cursilería: “el Cid – lucero de hierro – por el cielo cabalga”; “el Cid – lucero de hierro – por el cielo azul cabalga”.  E por último o remate final: “el Cid con camisa azul por el cielo cabalgaba”.  Xá nos avisaba o professor de Literatura que nas “Las Hijas del Cid”, había muito de invençón e de licênzas poéticas e dramáticas.  Mas tudo estaba bem traído, pois humanizaba a figura do herói, desenganado ó fim da razón de Estado,  segundo enigmática expresón do professor;  que sería isso da razón de Estado?  E era, ó parecer, aguantar todas as faenas que o “Rey de Castilla y León”, nunca lhe tinha perdoádo ter tomado xuramento em Santa Gádea. Isso de ter feito confesar ó Rei que non tivera culpa na morte do seu irmán, se quería o seu vasaláxe, era muito grave.  E afirmar que coitélos “cachicornos” lhe arrancaram o corazón se mentía, era aínda pior.  Porque o coitélo “cachicorno” era trasto de viláns e non arma de cabaleiros.  Lin “Las Hijas del Cid” de um tirón, até que cheguei à páxina 108 e, alí faltaba unha folha arrincada por piadosa mán criminal.  Tratei de remediar com imaxinaçón a feitoría da censura. 

javier villán e david ouro

ROUSSEAU (FOI A POLÍTICA QUE FEZ O HOMEM TAL COMO É)

.

               O presente livro admite várias formas de leitura. Pode ser lido linearmente, mas também permite que o iniciemos por qualquer um dos seus capítulos.  As caixas de texto contêm citaçóns de Rousseau ou de outros autores que resumem a ideia do capítulo em questón, o glossário foi pensado, tal como as secçóns de bibliografía básica e cronoloxía, para quem quiser dedicar mais tempo a familiarizar-se com o “cidadán de Genebra”, cuxo pensamento non pode afigurar-se mais actual nestes tempos que exigem rever as regras do xogo democrático e definir novas políticas, tarefas para as quais pode dar xeito conhecer os seus avatares na modernidade.  Como disse Voltaire, referindo-se à época em que Rousseau viveu e dirixindo-se a Frederico II da Prússia, a palabra “político” significava orixinalmente “cidadán”, ao passo que hoxe chega a significar em muitos casos “embusteiro de cidadáns”.  Conviría, unha vez mais, voltar a revestir a política do seu sentido orixinal, o de estar ao serviço do povo para xerír os assuntos públicos em benefício do interesse xeral.  As reflexóns de Rousseau poderíam ter unha certa utilidade nessa misón.  Daí o subtítulo do presente libro: E a política fez o homem (tal como é).  Porque se alguém reparou que a política e os seus governantes modelam decisivamente os povos, esse alguém foi Rousseau, firme partidário, entre outras medidas, de penalizar as grandes fortunas, por acreditar que a coesón social passava por favorecer unha classe média, e, assim, erradicar simultaneamente a indixência e a opulência.  Ninguém devería ser tán rico a ponto de poder comprar outros, nem tán pobre a ponto de cair na tentaçón de se vender, diz-nos em O Contracto Social.  Nos nossos dias, Thomas Piketty, um afamado economista françês que rexeitou a Lexión de Honra para mostrar a sua discordância com a política governamental do seu país,  autor de O Capital no Século XXI e especialista em desigualdade da riqueza e redistribuiçón dos rendimentos a partir de unha aproximaçón estadística e histórica, mostra-se partidário de implementar um “imposto mundial sobre a riqueza” e unha série de impostos progressivos a fim de evitar o que denomina “um capitalismo patrimonial”, e de encomendar esse control às instituiçóns políticas.  Todas estas ideias apresentam notáveis laivos rousseaunianos.

roberto r. aramayo

OS RUFIÁNS

.

               Unha vergonha pública, eram os rufiáns, que usabam da ganância das suas coimas.  Quem as tinham em casas de trato, e decíam que tinham a coima no cerco, ou a vaca na devessa.  Había quem dispunha de mais de unha.  Assím o aponta Cervantes no “El Rufián Dichoso”:

El tener en la debesa

Dos vacas e a veces tres…

               Assím mesmo o refrán que Cervantes pon em boca de Sancho:  “Cada puta hila, y comamos” era um dictado rufianesco, pois fiar tinha o significado que os leitores suponhem.  O rufián, podía ser agressivo e, habitualmente eram as mulheres farto massoquistas.  Assím, num românce de Jerónimo de Cárcer, dí unha delas a quem o seu galán puxo as carnes como amapola: 

El galán que pega, amiga,

Antes obliga que agrávia;

Que el rato que abofetea

Trae a una nujer en palmas.

               O mundo do burdel e do xogo, e aínda o do críme se confundíam.  E advirte-se em toda a obra satírica de Quevedo.  Curiosa é a costume de que unha ramera poida librar a um condenado à morte, se quando o levavam ó suplício se oferecía para casar-se com el.  O que aparece em numerosos românces, sonetos, continhos e reflexóns morais.  Nalgúns autores, tenhem-no por costûme francesa, porque o certo é que xá Montaigne alude a isto nos seus “Ensaios”.  Mas, certos gráves tratadistas duvidam, por outra parte, non se rastreou, que eu saiba, ningunha léi escrita que abone ésta costûme.  Um viaxeiro alemán, Conrado Von Bemelberg, afirma  que no que mais se dilapidaba na Espanha do Século d’Ouro, excluíndo o que se derrotaba em vestidos, mulheres e cabalos, era nos xogos de azar.  Testemunha, que os xogos de cartas e os de dados, eram elementos que non faltabam nunca nos burdeis e isto explica fácilmente que estes foram asílo e guarida de toda sorte de maldades e delitos.  Até aquí, estas breves notas sobre o xogo no Século d’Ouro.  Non xulgamos necessário advertir, que neste caso somente apresentamos o revés da sociedade espanhola.  E quixéramos acabar este pequeno ensaio fazendo nossa a frase de um hispanista Ludwig Pfandl, que afirmaba na sua “Introduçón ao Século de Ouro”:  “Espanha foi sempre um país de contrástes, sobra luz, idealismo e realismo.  Se por unha parte a relixiossidade se manifestaba com um ímpetu e vehemência cordial e sem precedentes, por outra parte a moralidade pública, era um reflexo das paixóns e a innata predisposiçón à facilidade para dar ouvidos à sangre impectuosa…”

ramon fernandez pickford

PLOTINO (A SEGUNDA NAVEGAÇÓN)

.

               Enquanto culminaçón do espírito helenístico, a filosofía de Plotino pode ser definida como unha “segunda navegaçón” do pensamento grego, desta vez introspectiva ou psicolóxica.  A alma (em grego psyche), protagonista desta nova aventura, é a viaxante eterna entre três mundos: o sensíbel (do qual parte), o intelixível (ao qual se dirixe) e o supraintelixíbel (que só poderá alcançar excepcionalmente através de um êxtase místico).  O início desta travessia é inspirado por um amor nobremente entendido que funciona como unha saudade: a recordaçón “recuperada” de unha realidade transcendente perdida, de unha velha pátria mais antiga que Ítaca, porque é mais antiga que o tempo.  É unha pátria ideal e eterna, a Ítaca intelixíbel.  No entanto, esta non marca o final da viaxem, mas apenas a sua primeira escala.  A partir desta pátria verdadeira, Ulisses aínda deverá dar mais um passo, possivelmente o passo mais difícil de toda a filosofía grega, até “à casa do pai”. É assim que Plotino se refere habitualmente à meta suprema do seu sistema filosófico, o Uno ou Bem, princípio superior ao ser e ao intelecto, que enxendrou tudo o real e para além do qual xá nada existe.  Toda a filosofía de Plotino está sintetizada nas suas últimas palabras: “elevar o que de divino há em nós em direcçón ao que de divino há no universo”.  O tema central non é novo nem orixinal, pois xá desde o começo do “platonismo” (iniciado pelos sucessores de Platón na Academía) a fuga da alma do mundo sensíbel e a sua ascensón ao intelixíbel era um assunto que fora mobilizando o interesse dos intérpretes dos Diálogos.  Esta “fuga”, no entanto, adquire em Plotino unha profundidade e unha expressón literária que superam fortemente os seus antecessores e o tornam unha referência, consciente ou inconsciente, de toda a filosofía que equacione a difícil questón do vínculo da alma individual com o seu princípio criador (isto é, com Deus).  Por isso, em Plotino temos a oportunidade de aprender acerca dos pensadores que o precederam (como Platón e Aristóteles, que ele violenta para os obrigar a dizerem cousas que non quixeram dizer) e dos que lhe sucederam (como é o caso da teoloxía cristán e boa parte das metafísicas modernas – Leibniz, Schelling, Bergson -, ás quais se antecipa, deixando-nos ver as tensóns irresolúbeis que pulsam no seu interior).     

antonio dopazo gallego