Arquivos diarios: 27/11/2018

NIETZSCHE (DEUS MORREU)

.

               A contundente afirmaçón “Deus morreu” (que em alemán é aínda mais contundente: Gott ist tot) é decerto o lema mais reconhecível da filosofía nietzschiana.  Mas o que significa na verdade essa expressón?  Repetiu-se tantas vezes que nos parece quase unha evidência, unha frase inofensiva.  Muito pelo contrário, Nietzsche concebe a morte de Deus como um problema xigantesco.  “Deus morreu” – nas nossas consciências.  Trata-se de unha maneira parabólica de afirmar que “a fé no Deus cristán transformou-se em algo incrível” para os europeus do seu tempo.  Durante o século XIX, o avanço das cosmovisóns contrárias à relixión (darwinismo, cientificismo, socialismo, etc…) provocou unha perda crescente de fé em todas as camadas da sociedade.  O “slogan” nietzschiano non era novidade nenhuma no ambiente intelectual da época.  No entanto, Nietzsche insiste em que ao proclamar a morte de Deus non está simplesmente a constatar o ateísmo imperante, mas que pretende que tomemos consciência de um acontecimento tremendo.  A formulaçón mais completa da morte de Deus encontra-se na célebre passaxem intitulada “O louco”, incluída no seu libro A Gaia Ciência.  Diz assim:  “Non ouviram falar desse louco que acendeu unha lanterna, na claridade do meio-dia, e correu pela praça gritando sem cessar: “Procuro Deus!  Procuro Deus!” ?  Como ali estavam reunidos muitos que non acreditavam em Deus, os seus gritos provocaram grandes risos.  (…)  O louco saltou para o meio deles e atravessou-os com o olhar.  “Aonde foi Deus?” – exclamou -, “vou dizer-vos.  Matámo-lo. Vós e eu.  Todos nós somos os seus assassinos.  Mas como  puidémos fazer isto?  Como pudemos esvaziar o mar?  Quem nos deu a goma para apagar o horizonte?  O que fizemos para desprender a terra do  seu sol?  Para onde se move agora?  Para onde iremos nós?  Lonxe de todos os sóis?  Non caímos continuamente?  Para a frente, para trás, para os lados, para todas as partes?  Ainda há um acima e um abaixo?  Non erramos através de um nada infinito?  (…) A grandeza deste acto non é demasiado grande para nós?  Non teremos de transformar-nos em deuses para parecermos dignos dela?  Nunca hoube um facto tán grande e quem nascer depois de nós fará parte, por causa deste facto, de unha história mais elevada que todas as histórias que hoube até agora”.  Aqui o louco calou-se e voltou a olhar para os seus ouvintes.  Também eles se calaram e olharam para ele, confusos.  Finalmente, atirou a sua lanterna ao chán, que se estilhaçou em mil pedaços e se apagou.  “Cheguei demasiado cedo – disse entón -, aínda non é o meu tempo.  Este enorme acontecimento aínda está a caminho e non chegou até aos ouvidos dos homes.”  

toni llácer