.
A contundente afirmaçón “Deus morreu” (que em alemán é aínda mais contundente: Gott ist tot) é decerto o lema mais reconhecível da filosofía nietzschiana. Mas o que significa na verdade essa expressón? Repetiu-se tantas vezes que nos parece quase unha evidência, unha frase inofensiva. Muito pelo contrário, Nietzsche concebe a morte de Deus como um problema xigantesco. “Deus morreu” – nas nossas consciências. Trata-se de unha maneira parabólica de afirmar que “a fé no Deus cristán transformou-se em algo incrível” para os europeus do seu tempo. Durante o século XIX, o avanço das cosmovisóns contrárias à relixión (darwinismo, cientificismo, socialismo, etc…) provocou unha perda crescente de fé em todas as camadas da sociedade. O “slogan” nietzschiano non era novidade nenhuma no ambiente intelectual da época. No entanto, Nietzsche insiste em que ao proclamar a morte de Deus non está simplesmente a constatar o ateísmo imperante, mas que pretende que tomemos consciência de um acontecimento tremendo. A formulaçón mais completa da morte de Deus encontra-se na célebre passaxem intitulada “O louco”, incluída no seu libro A Gaia Ciência. Diz assim: “Non ouviram falar desse louco que acendeu unha lanterna, na claridade do meio-dia, e correu pela praça gritando sem cessar: “Procuro Deus! Procuro Deus!” ? Como ali estavam reunidos muitos que non acreditavam em Deus, os seus gritos provocaram grandes risos. (…) O louco saltou para o meio deles e atravessou-os com o olhar. “Aonde foi Deus?” – exclamou -, “vou dizer-vos. Matámo-lo. Vós e eu. Todos nós somos os seus assassinos. Mas como puidémos fazer isto? Como pudemos esvaziar o mar? Quem nos deu a goma para apagar o horizonte? O que fizemos para desprender a terra do seu sol? Para onde se move agora? Para onde iremos nós? Lonxe de todos os sóis? Non caímos continuamente? Para a frente, para trás, para os lados, para todas as partes? Ainda há um acima e um abaixo? Non erramos através de um nada infinito? (…) A grandeza deste acto non é demasiado grande para nós? Non teremos de transformar-nos em deuses para parecermos dignos dela? Nunca hoube um facto tán grande e quem nascer depois de nós fará parte, por causa deste facto, de unha história mais elevada que todas as histórias que hoube até agora”. Aqui o louco calou-se e voltou a olhar para os seus ouvintes. Também eles se calaram e olharam para ele, confusos. Finalmente, atirou a sua lanterna ao chán, que se estilhaçou em mil pedaços e se apagou. “Cheguei demasiado cedo – disse entón -, aínda non é o meu tempo. Este enorme acontecimento aínda está a caminho e non chegou até aos ouvidos dos homes.”
toni llácer
Publicado en Uncategorized