Arquivos diarios: 06/10/2018

NIETZSCHE (A MÁSCARA DE ZARATUSTRA)

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               No início de 1883, Nietzsche termina a primeira parte de “Assim Falava Zaratustra”, após ter passado um dos momentos mais críticos da sua vida.  Entón confessa:  “O salvador da minha vida chama-se Zaratustra, o meu filho Zaratustra”.  O protagonista de “Assim Falava Zaratustra” toma o seu nome a partir de unha misteriosa personaxem persa que fundou o “zoroastrismo”.  Esta antiga relixión, que influenciaría decisivamente o islán e a tradiçón xudaico-cristán, acredita que o motor do mundo é a luta entre o Bem e o Mal.  O zoroastrismo inaugura assim “o erro mais fatal de todos”: transformar a moral num princípio metafísico.  Para emendar esse erro, Nietzsche cría o excêntrico profecta Zaratustra, um antagonista filosófico do Zaratustra orixinal que baptiza com o mesmo nome.  O Zaratustra nietzschiano é unha pessoaxem literária na qual se cristaliza a necessidade de deixar para trás todas as ideias que esgotam a força vital.  Nietzsche tenta abrazar a vida e apagar qualquer resto da intoxicaçón metafísica que tinha sofrido depois de se alimentar durante anos das obras de Wagner e Schopenhauer.  Tenta forxar um pensamento próprio, ao mesmo tempo que combate os sintomas de decadência que observa na cultura do seu tempo e em si mesmo.  O combate, xá antigo, e que se estenderá durante o resto da sua vida, encontra nos discursos de Zaratustra a sua expressón mais completa.  No seu último més de lucidez, Nietzsche reconhece que ele próprio é filho do seu tempo e é portanto “décadent”.  Non obstânte, ao compreendê-lo, defendeu-se contra essa decadência:  “O filósofo que há em mim opón-se a isso”.  Zaratustra é o nome do filósofo que habita em Nietzsche.

toni llácer

GÓNGORA (CASA DE CONVERSAÇÓN)

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               Pola abundância déstas variedades de xogo, e polo que levamos xá escrito, podemos dar-nos conta da importância que tivo na vida social espanhola o xogo.  Em 1540 um informe do flamengo Eckloo, facía constar que o xogo dos naipes era mais xeral na Espanha, que em ningúm outro sítio da Europa.  Dí, que nas vendas pobríssimas, onde às vezes nem sequer se daba pan e vinho, non faltaba nunca a baralha.  Rodríguez Marín, no seu monumental comentário ó “Rinconete y Cortadilho” de Cervantes (1920), explica que había mais de trescentos garitos em Sevilha e só em Osuna, que era o povo natal de Rodríguez Marín, com três mil vecinhos, se gastabam ó ano quinhentas docenas de baralhas.  Segundo um “Memorial” elevado ó rei, em 1658, viviam em Madrid uns “trescentos setenta e oito cabaleiros tahures, perdidos polo xogo.  As “casas de conversaçón”, também eran ás vezes causa de escândalo, porque se facíam trampas e xogava-se ó desbarato.  Mas na casa que tinha Góngora na “Calle del Niño”, hoxe “Calle de Quevedo”, perdeu o “racionero” cordobés bons dinheiros.  Joaquim de Entrambas-águas, afirma: isto é um disimulado garito, aínda que el non o afirme claramente.  Heis aquí a verdade, o xogo, “o xogo do home” que estivo a pique de que o poeta deixara de sê-lo na sua xuventude, pola paixón com que o dominou de retonho em Madrid, e el nos explicará sem dúvida muitos dos problemas económicos de Don Luís, que se prantexaron apenas se instalou na Corte”.  Digamos de passo que esta casa em que vivía na “Calle del Niño” – do “Santo Niño da Guarda” – comprou-a Quevedo, mentras era inquilino nela.  E dela o desauciou o seu eterno enemigo, o grande poeta, o implacábel e sinístro Quevedo.  Recordemos os versos duríssimos que escrebeu a razón deste desaloxo e  também aquel epitáfio satírico no que acusa a Góngora de xogador:

Vivió en la ley del juego

y murió en la del naipe, loco y ciego

y porque su talento conociesen

en lugar de mandar que se dijesen

por él misas rezadas

mandó que le dijesen las trocadas.

Y si estuviera en penas, imagino,

de su tahur infame desatino,

si se lo preguntaran

qué deseara más que le sacaran

cargado de tizones y cadenas,

del naipe, que de penas.

Fuese con Satanás, culto y pelado;

¡Mirad si Satanás es desdichado!

 

ramón fernández pickford