EDMUND HUSSERL (FENOMENOLOXIA)

.

               Quem entrar neste libro esqueça tudo o que xulga saber de filosofía.  Aquí estamos na escola dos velhos e autênticos cínicos (non dos seus opostos, que son aqueles a quem chamamos cínicos agora, época de certa confusón).  Aqueles sábios mal e pouco vestidos pediam a quem se lhes xuntaba que chegasse tendo lido pouco ou, melhor aínda, tendo conseguido desaprender o que unha pessoa absorve, a ler e de tantas outras maneiras, no período da sua “formaçón”, isto é, quando mais passiva e candidamente recebe as normas para viver e as presumíveis grandes verdades sobre tudo (o mundo, as outras pessoas, o bem e o mal, a divindade, Tudo).  Se o leitor se esquecer de tudo o que xá sabe – ou xulga saber; por favor non se ofenda! – sobre filosofía, xa começou a practicar a filosofía de Edmund Husserl: começou a “abster-se”.  Eu, que aínda non desaprendi o suficiente apesar da minha idade, relembro a este propósito o que dizia o “xovem Aristóteles”: para deixar de filosofar é preciso filosofar.  Com a “fenomenoloxía” de Husserl é pior: o próprio movimento de retirada é xa fenomenoloxía.  A palabra foi pessimamente escolhida e quase parece esixir que se abra de imediato unha nota extensa em rodapé para a explicar.  Mas os dicionários de filosofía son o último recurso a ser usado por quem se interesar “fenomenoloxicamente” pela filosofía fenomenolóxica.  Simplesmente, há que admitir, com tristeza, que non é obrigatório que a capacidade de pensar e a habilidade literária andem de máns dadas, e Husserl non foi um bom escritor.  Aproveito para avançar que Husserl non conseguia pensar sem escrever, só que num sistema estenográfico, que mal se usava mesmo na sua época.  Imaxinem milhares e milhares de papéis, cartóns e notas cobertos de signos claros, isolados, mas tán misteriosos como um belo exercício escolar de unha criança chinesa.  De tudo isto é composto hoxe em día o Arquivo Husserl: son os inúmeros papéis de um filósofo que pensava horas todos os días, muitas vezes revendo com outros termos o mesmo problema do día anterior.  Se um guarda nazi vinha comunicar-lhe por escrito que deixara de ser cidadán alemán aos 74 anos, depois de ter dado à Alemanha um filho no campo de batalha da Primeira Guerra Mundial, naturalmente que Husserl, logo que o guarda saía, dava a volta ao ameaçador documento e aproveitava-o para prosseguir com os gatafunhos, que, posteriormente, talvez o seu pobre axudante transcrevesse, ou talvez nunca ninguém o fizesse.  Porque é a “abstençón” xá a filosofía fenomenolóxica ou, sem mais, a filosofía?  Porque o único requisito que se pede para entrar na filosofía, além de conhecer algunha língua natural, é a suspeita de “saber sempre xá demasiado”.  O que distingue a actividade filosófica da actividade non filosófica, é nada mais que a radicalidade, a profundidade ou a extensón deste “abster-se” de acreditar que xá sabemos a verdade.

miguel garcía-baró

Deixar un comentario