Arquivos diarios: 24/09/2018

MONTAIGNE (A EDUCAÇÓN HUMANISTA)

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               Montaigne explica no capítulo Da Presunçón (II, 17) que tinha “nascido e crescido no campo e num meio de trabalho de campo”.  A sua nái, Antoinette Lopez ou de Louppes (quince anos mais nova do que o seu pai, Pierre Eyquem), deu á luz a Michel em Bordéus, no ano de 1533, e sobreviveu ao filho, pois viveu mais de noventa anos.  No último capítulo dos Ensaios, rexista que a ideia de o “bom pai” o deixar com unha ama na pobre aldeia de Papessus, respondía xustamente á intençón educativo-sociolóxica de acostumá-lo “á mais baixa e comum forma de viver”.  Pierre quería aproximá-lo “do povo e daquela categoría de homes que necessita da nossa axuda”, acreditando que o filho preferiría olhar na direcçón de quem lhe estendia os brazos, mais que na direcçón de quem lhe voltaba as costas.  Por este motivo, tinha-o mandado baptizar por pessoas da mais baixa condiçón, na esperança de que Michel desenvolvesse, em relaçón a eles, vínculos e apego (III, 13).  Nunha nota manuscrita no seu exemplar dos Ensaios, Montaigne resume o seu ponto de vista, sem hesitar e com unha vincada sensibilidade, a condiçón da xente que por simplicidade, ocupa o último lugar da hierarquia social – os pés do corpo político da iconoloxía clássica – é a menos desprezível e aquela que expressa relaçóns mais equilibradas.  Neles se encontram costumes e discursos “em xeral mais de acordo com a norma da verdadeira filosofía, porquanto son eles os nossos filósofos” (II, 17).  Costumes e discursos de acordo com os ritmos vitais dos ciclos da natureza, que non é apenas o roteiro da verdadeira filosofía, mas que participa da divindade da “natura naturans”.  Ideia em relaçón à qual se manterá muito firme e à qual non renunciará.

nicola panichi

LITERATURA (DOSTOIEVSKI)

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               A vocaçón de Dostoievski non foi quebrada no penal de Sibéria, nem no Batalhón de Castigo de Semipalatinsk, e por isso quando o escritor regresou a Santo Petersburgo em 1859, o primeiro que fixo foi reanudar a sua truncada carreira literária.  De imediato, neste mesmo ano, publicou dous românces curtos: O Sonho do Tio (Diádiuskin Son) e O Povo de Stepánchikovo (Seló Stepánchikovo), que todavía se mantinham ancoradas na mesma linha do seu primeiro românce, Pobres Xentes.  Mas despois destes dous títulos apareceu, Humilhados e Ofendidos (Unízhennye i Oskosbliónnye, 1861), a primeira obra que iniciaba unha série de grandes românces, que iban galonar a etapa literária mais fecunda de Fiódor Dostoievski.  Ó mesmo tempo que pugnavam por abrir o caminho a unha nova literatura que fora expresón da visón do mundo adquirida nos anos atroces transcurridos em Sibéria.  Dostoievski axustou as contas ó seu passado de presidiário com:  Apontamentos da Casa dos Mortos (Zapíski iz Miórtvogo Doma, 1862), estremecedor relato autobiográfico, que Iván Turguéniev comparou com o Inferno de Dante Alighieri.  Tudo tinha mudado em relaçón á primeira etapa do escritor, e assím, nos Apontamentos de um Home do Subsolo (Zapíski iz Podpólia, 1864), apareceu a tipificaçón do moderno “home supérfluo”, da civilizaçón urbana.  A plenitude do novo Dostoievski, transformado polos anos de sufrimento e dono de recursos novelísticos muito mais âmplos.  Em 1866, com Crime e Castigo (Prestuplénie i Nakazánie), unha das obras mêstras da novelística europeia do século XIX.  Logo vêm, O Xogador (Igrok, 1867), transposiçón da paixón polo xogo que atenazaba ó próprio escritor durante estes anos.  Continua-mos com O Idiota (Idiot, 1868-1869),  românce no que Dostoievski relata a história do príncipe Myshkin, personaxem bondadoso e idealista que, qual moderno Don Quixote, trata de fazer o bem e que termina completamente fracassado.  Despois de publicar, O Eterno Marido (Viechni Muzh, 1870), Dostoievski marcou um novo hito na sua produçón com o românce Os Demónios (Besy, 1871-1872), o “libro da grande ira”, como o definiu um crítico da época, pois nel denunciou a natureza eminentemente destructiva que se escondía detrás das proclamas revolucionárias dos nihilistas rusos.  Este românce causou um grande impacto e pode-se afirmar que, a partir del, Dostoievski convertiu-se em mentor espiritual da sociedade rusa do seu tempo.  De acordo com esta funçón de guía, foi redactando entre 1876 e 1880 o seu Diário de um Escritor (Dnevnik Pisátelia), no que insertou notas de crítica literária, comentários sobre política internacional e certeiros análises sobre a realidade social rusa, e também algúns contos como O Sonho de um Home Ridículo (Son Smeshnógo Chelovéka).  A sua extraordinária produçón literária, na que cabe xuntar todavía um título de 1875, O Adolescente (Podrostok), chegou á sua culminaçón em 1879-1880, com Os Irmáns Karamázov (Brátia Karamázovy).  O próprio Dostoievski, considera ésta obra como o melhor dos seus românces, e é unánime a opinión de que é unha das grandes criaçóns da literatura universal.

r. b. a. editores, s. a. – barcelona

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