Arquivos diarios: 18/09/2018

PLOTINO (O FÉRTIL OCASO DA CULTURA CLÁSSICA)

.

               Nascido no início do século III da nossa era, Plotino dificilmente poderá reconhecer-se no esplendor da “polis” clássica que Platón e Aristóteles viveram oitocentos anos antes.  No complexo e vasto mundo que encontra perante os seus olhos, o foco da cultura xá non é Atenas mas Alexandria, no norte do Exipto, e o epicentro do poder político deslocou-se para Roma, fazendo com que a Grécia non passe de unha província periférica.  Plotino é um grego tardio e crepuscular, consciente de que o seu mundo está a acabar.  No entanto, também representa para nós o começo de algo grande.  A sua filosofía é considerada o início do denominado “neoplatonismo” (datado habitualmente entre os séculos III e VI), unha corrente chamada a desempenhar um importante papel na história do Occidente.  De um modo xeral, o neoplatonismo caracteriza-se, face à filosofía clássica na qual se inspira, por um deslocamento de interesses da condiçón política do ser humano para a sua condiçón divina, e da esfera racional e física para unha esfera suprarracional, relixiosa e metafísica.  Mais concretamente, a filosofía de Plotino constitui um enorme esforço para superar o dualismo platónico do sensível (as “cousas”) e do intelixível (as “Formas” ou “Ideias”), visto naquela altura como insatisfactório e a necessitar de unha elaboraçón mais rigorosa.  O seu esforço aplica-se, consequentemente, na introduçón de vários mecanismos de mediaçón que,  tomados das escolas filosóficas do seu tempo (estoicismo, eclectismo, neopitagorismo…) ou fabricados “em casa”, tentam explicar o modo como o real foi enxendrado pelo Uno transcendente (xénese a que Plotino chama “procesón”) e, por outro lado, o modo como a alma humana pode voltar a fundir-se com o seu princípio criador (reunión que denomina “conversón”).  O que torna esta empresa unha aventura singularmente ambiciosa e difícil é que Plotino propor-se-á a explicar cousas que em Platón só apareciam (se é que apareciam) relatadas sob forma de “mitos” que Sócrates ou algunha outra personaxem recitaba perante os seus estarrecidos ouvintes: a orixem do espaço, do tempo, da matéria e das próprias Ideias, assim como a das almas e dos corpos individuais.  Indo um passo além do mestre,  Plotino tentará descifrar, em termos de conceitos e xá non de relatos, tudo o que, na sua opinión, os Diálogos non ousaram dizer claramente.  Na práctica, isso significa que a filosofía “competirá” de forma directa com as relixións da época, pois pretenderá fornecer, seguramente pela primeira vez na história, unha doutrina racional da salvaçón da alma individual.

antonio dopazo gallego