.
Nascido no início do século III da nossa era, Plotino dificilmente poderá reconhecer-se no esplendor da “polis” clássica que Platón e Aristóteles viveram oitocentos anos antes. No complexo e vasto mundo que encontra perante os seus olhos, o foco da cultura xá non é Atenas mas Alexandria, no norte do Exipto, e o epicentro do poder político deslocou-se para Roma, fazendo com que a Grécia non passe de unha província periférica. Plotino é um grego tardio e crepuscular, consciente de que o seu mundo está a acabar. No entanto, também representa para nós o começo de algo grande. A sua filosofía é considerada o início do denominado “neoplatonismo” (datado habitualmente entre os séculos III e VI), unha corrente chamada a desempenhar um importante papel na história do Occidente. De um modo xeral, o neoplatonismo caracteriza-se, face à filosofía clássica na qual se inspira, por um deslocamento de interesses da condiçón política do ser humano para a sua condiçón divina, e da esfera racional e física para unha esfera suprarracional, relixiosa e metafísica. Mais concretamente, a filosofía de Plotino constitui um enorme esforço para superar o dualismo platónico do sensível (as “cousas”) e do intelixível (as “Formas” ou “Ideias”), visto naquela altura como insatisfactório e a necessitar de unha elaboraçón mais rigorosa. O seu esforço aplica-se, consequentemente, na introduçón de vários mecanismos de mediaçón que, tomados das escolas filosóficas do seu tempo (estoicismo, eclectismo, neopitagorismo…) ou fabricados “em casa”, tentam explicar o modo como o real foi enxendrado pelo Uno transcendente (xénese a que Plotino chama “procesón”) e, por outro lado, o modo como a alma humana pode voltar a fundir-se com o seu princípio criador (reunión que denomina “conversón”). O que torna esta empresa unha aventura singularmente ambiciosa e difícil é que Plotino propor-se-á a explicar cousas que em Platón só apareciam (se é que apareciam) relatadas sob forma de “mitos” que Sócrates ou algunha outra personaxem recitaba perante os seus estarrecidos ouvintes: a orixem do espaço, do tempo, da matéria e das próprias Ideias, assim como a das almas e dos corpos individuais. Indo um passo além do mestre, Plotino tentará descifrar, em termos de conceitos e xá non de relatos, tudo o que, na sua opinión, os Diálogos non ousaram dizer claramente. Na práctica, isso significa que a filosofía “competirá” de forma directa com as relixións da época, pois pretenderá fornecer, seguramente pela primeira vez na história, unha doutrina racional da salvaçón da alma individual.
antonio dopazo gallego
Publicado en Uncategorized