Arquivos diarios: 11/09/2018

KANT (A TERCEIRA CRÍTICA)

.

               Non son poucos os estudosos que relegam a terceira crítica de Kant, a da faculdade de xulgar (ou Crítica do Xuízo), para unha posiçón secundária em relaçón ás duas primeiras, e até a tratam como um apêndice menor, um acrescendo de última hora.  Outros consideram-na parte integrante da arquitectura kantiana, um elemento sustentador sem o qual o edifício da filosofía crítica non estaría completo.  Se a Crítica da Razón Pura se ocupa da possibilidade do conhecimento certo e a Crítica da Razón Práctica explora o âmbito da liberdade ética como realidade mais profunda da existência, a Crítica do Xuízo estende unha ponte entre ambos os espaços, ao mesmo tempo que completa o panorama da experiência espiritual humana.  Ocupa-se da fruiçón estéctica que a obra de arte produz e do intenso sentimento da plenitude que nos domina quando contemplamos a natureza.  Ambas as experiências têm em comum a percepçón de um sentido, de unha finalidade, o que orixina um terceiro tipo de conhecimento: xuntamente ao teórico, proporcionado pelo entendimento, e ao da moralidade, surxido da afirmaçón da racionalidade ética, o contacto com a obra de arte e a ordem natural revela unha finalidade que se atribui a unha intelixência – a de outro ser humano e a de Deus. Neste libro non se analisa a terceira crítica, apesar de se admitir a sua plena presença no núcleo central da filosofía kantiana.  A omissón deve-se em primeiro lugar, ao facto de non ter tido muita influência nem importância na história da filosofía: Kant marca o pensamento posterior pela sua teoría do conhecimento e pela sua filosofía moral.  O xuízo estéctico e o teleolóxico interessaram a quem examinar a estructura interna da construçón crítica, mas non son imprescindíveis a quem desexe entender o legado kantiano.  Em segundo lugar, o grande kant non está na terceira crítica.  A sua implicaçón é máxima no que concerne ao fundamento do saber e da moral, mas na estéctica e na teleoloxía percebe-se que o filósofo non parte do acontecimento básico.  Schopenhauer, que o admirava, deixa-o muito claro nunha anotaçón: “Se tiver que dizer o que falta à filosofía de Kant, sería a contemplaçón”.  Na mente de Kant existe um dispositivo automático que racionaliza, que intelectualiza a experiência e que non deixa lugar para a pura vivência espiritual, quer perante a arte quer perante a natureza.  Toda a Crítica do Xuízo se ressente desta característica. 

joan solé