Arquivos diarios: 02/09/2018

DE BULAS E PRIVILÉXIOS

.

               A ponto de terminar 2º ano, acáso em 3º, e habendo rebassado com creces o 8,5 necessário para seguir com a “beca tudo gratuito”, menos um costal de farinha que tinha que apouquinar a meu pái, atrevim-me a prantexar as tribulaçóns do capítulo anterior ó professor de literatura.  E respondeu-me que dessas cousas non debía preocupar-me:  “Tú a estudar, a ler e a escreber”.  O mesmo me respondeu quando lhe dixém que, do tesouro da Catedral, gostába-me muito o Santo Sebastián do Greco.  Parecia-me que o mártir romano tinha um algo de mulherío e afeminado.  Era como se dixéramos um pouco “puella”, que era como chamábamos no Seminário ós que tiraban a nena.  O professor o único que me dixo foi, que cousas se che ocurrem, non penses nisso e procura non desagradar a Deus.  Mas, non me botou bronca nem nada.  E emprestou-me unha ediçón quase completa, do Lazarilho de Tormes que, para 2º de latím non estaba nada mal;  aínda que marcou as páxinas que podía ler e as que non.  Á primeira leitura seguím as prohibiçóns à xusta; mas à segunda como aquilo quedaba solto e como coxo, nem caso.  Quando os companheiros me vían com o tal Lazarilho, os mais “cenútrios” decían: “esse vai condenar-se”. E os mais perspicáces guinhavam o olho e decían: “esse têm bula”.  Bula: dispensa especial para algunhas cousas, que otorgaba a autoridade eclesiástica.  As bulas, que trouxem aquí à conversa, eran unha costume antiga da Igrexa.  E também um negócio.  Isto conta-se xá no Lazarilho de Tormes.  E por isso seguramente se me acordáron.  Vinha um “buldeiro” polas aldeias predicando a bula, rascabas a alxibeira e xa tinhas permiso para comer carne na quaresma, os que comíam carne, claro, menos ás sextas-feiras, que eran de xexúm e abstinência.  Bula, pois, quer decir permiso ou exençón comprados; mais ou menos.  Ou algúm tipo de indulxência.  Esses priviléxios vinham escritos nunha espécie de documento, papel ou pergaminho, que era a bula propriamente dita.  Así andaban as cousas desde facía muitíssimos séculos.  A moral no Seminário, podía ser muito estricta, mas a Literatura cuidába-se muito.  Xá no 2º e 3º de Latím, lía-mos fragmentos dos clássicos e da novela picaresca; trozos a miúdo expurgados de palabras e ideias impertinentes, mas lía-mos.  Eu passei de Marcial Lafuente Estefanía e do “El Coyote”, de Mallorquí, que lía na casa. a Emílio Salgari e a Xúlio Verne, que no Seminário non tinha censura.  E de seguida, a Quevedo, a Lope, ó padre Coloma e a Concha Espina.  Vencido o desexo dos primeiros días de sair correndo, por saudades da aldeia e da família, os dous primeiros anos passámo-los muito bem.  O internato e a clausura eran relativos.  Aparte das saídas á catedral, da missa.  Todos os sábados e domingos nos levabam a xogar ó fútbol a unha eira ou ós campos de desporto da fábrica de armas, que estabam extramuros da cidade.  Non sei porque as chamabam eiras, pois alí non trilhaba ninguém; e tampouco sei porque a aqueles vacíos e imensos pabilhóns lhe chamabam fábrica de armas, pois armas parece que non fabricavam ningunha desde a guerra.  Ao sumo; por entón; balas ou cartuchos de caza.  Que isso é o que nos parecía a nós.  Ibamos em filas de três, muito ordenados e circunspectos, falando baixo para dar exemplo de urbanidade até que o encargado de vixiar-nos ordenaba romper filas como no exército.  Os “pelotas” rodeabam ao professor, como nos quadros os discípulos rodeabam a Cristo, e non se separabam de el em toda a tarde. Sempre había algúm cura ou quase-cura vixiando; como padre e como mêstre, decían, non como polícia.  Estas humaníssimas matizaçóns tinham muita importância na doutrina da Igrexa; tudo debía facer-se por amor e non por temor, aínda que à larga, e à curta, o que prevalecía era o castigo.  Das notas em conducta-hixiéne, aplicaçón, piedade – ressentíam-se para bem ou para mal, as notas das asignaturas.  E que terán que ver, nos perguntábamos nós, a velocidade com o toucinho, e a ximnásia com a magnésia.  Mas así eran as cousas.   Eu quanto ó arrependimento dos pecados, había duas clásses de dores: o de contricçón, pola intrínseca maldade do pecado que facía sofrer a Deus, e o de actricçón que era por medo ó inferno.  Ó final, sempre em chamas, do purgatório ou do inferno, que somente se diferenciábam pola sua duraçón: as do purgatório, transitórias; as do inferno eternas.  Éstas eram formas de marear a perdiz.  Pois a ver que diferença há entre o efímero e o perenne quando te estás achicharrando.

javier villán e david ouro