MONTAIGNE (PIRRONIZANDO)
.
O resultado eticamente mais relevante de tal contranarraçón do cepticismo levará Montaigne à actitude intelectual de “pirronizar” também na direcçón do espaço-tempo da política, embora, por vezes, pareça ancorado na conservaçón do “statu quo”. Apesar do resultado céptico da Apoloxía de Raymond Sebond (II, 2: o capítulo mais longo, escrito por encomenda da rainha Margot, Margarita (de Valois) de Navarra, à qual Montaigne estava vinculado) revitalizado como unha espécie de “ultima ratio”, “o espaço do humanismo” – configurado nos Ensaios como “infinito em matéria”, “infinito em diversidade” – lexitima pluralismo e diversidade, abrindo-se em direcçón a novas perspectivas epistemolóxicas, mas sobretudo éticas e políticas non indiferentes às reflexóns contidas naquela pequena obra-prima da filosofía política, como foi definido o “Discurso da Servidón Voluntária” do amigo Étienne de La Boétie. A concepçón montaigniana do espaço infinito do humano atesta-se como espaço da lexítimaçón e da lexitimidade da alteridade como forma “in natura” – e como “conférence”, comunicaçón e conversaçón em direcçón ao outro. Nada é contranatura, mas tudo é antes, “in natura”, segundo a sua infinita potência, desconhecida para o homem. Se o ser humano, na sua essência, é palabra e discurso, a “comunicaçón e a relaçón com os outros” son a sua autêntica substância e o seu horizonte de sentido. A liçón do filósofo “non premeditada e fortuita” é cristalina: nunha época corrompida pelas guerras civis e externas e no tempo doente da “morte política”, ninguém se salva por si só. Segundo Montaigne, todos os elementos que ván na direcçón da necessidade do cepticismo tornam-se os mesmos que se movem na direcçón proposta, menos cumprida, mas passíbel de consecuçón, das “convicçóns de um céptico” (Tournon). De facto, estes mesmos elementos servem non apenas para confirmar ou reforçar as teses cépticas expostas, mas também para as retransformar num dispositivo teórico que unha vez preparado o terreno com as armas do próprio cepticismo no seu papel crítico, acaba de modo cárstico, para as transformar num novo horizonte de “convicçóns” e de possibilidades para o xénero humano.
nicola panichi
Esta entrada foi publicada en
Uncategorized.
Ligazón permanente.