MONTAIGNE (OS ENSAIOS)
.
Único no panorama filosófico do outono do Resurximento. Montaigne lança, com a sua obra, um desfío póstumo ao pensamento crítico: a autêntica filosofía, a filosofía non escolástica, é arte de viver e processo de formaçón permanente da mente e da moral. O seu libro (os Ensaios), único no seu xénero, propón-se fazer sair o intelecto do sonho dogmático dos eternos menores, dos andarilhos do poder na sua complexa fenomenoloxía (que o bordalês diz odiar na sua forma activa e passiva), do universalismo “mau”, da condenaçón da alteridade nas suas múltiplas formas (selvaxens, hebreus, turcos…), “idola” que impedem o exercício da “peneira” do intelecto. Montaigne non podía ignorar que tinha construído unha máquina de guerra móvel contra o teatro das máscaras que ocultam a verdadeira face das cousas e non se cansava de reformulá-la como unha experiência que tinha de levar da noite do hábito para o día da liberdade, da opacidade tenebrosa da caverna platónica, evocada no capítulo “Do Costume” (1,23), para a luz. De qualquer forma, a experiência do suxeito abrirá a reflexón de Montaigne a unha espécie de abismo da reduplicaçón e da duplicidade de si mesmo (o eu é duplo em si mesmo, o eu de agora e o eu de depois son dous, sem saber qual é o melhor) e levá-lo-á, no último capítulo dos “Ensaios” (Da Experiência), a configurar o estudo e a análise crítica de si mesmo e da sua metafísica e da sua física (“Eu estudo-me … é a minha metafísica, é a minha física”: III. 13). Enquanto isso, a experiência do mundo será possível graças a unha nova forma filosófica que se esforça por penetrar e rasgar a crosta e a força da aparência de um mundo falaz e ilusório, abandonado à impotência de unha razón pretenciosa e “desmancha-prazeres” e de unha moral escolástica que se recusa ao movimento da vida, à sua capacidade de metamorfose. Ao pôr à prova, no capítulo “Filosofar é Aprender a Morrer” (1, 20), o princípio xenético, que consiste no esforço de retirar a máscara a palavras, pessoas e cousas, reforça a consciência da intrínseca temporalidade da existência, do nosso ser substancial: “O tempo abandona-me, sem ele nada se possui” (Do Governo da Própria Vontade: III, 10). A vida, vive-a aperfeiçoando a sua obra-prima: realizar plenamente a complexidade temporal e espacial do humano, submerxir-se na infinidade das suas formas, a vicissitude que deriva do centro propulsor da natureza, guia sábio e xusto.
nicola panichi
Esta entrada foi publicada en
Uncategorized.
Ligazón permanente.