Arquivos diarios: 16/07/2018

NIETZSCHE (O CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS)

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               1888 é um ano crucial, quer pela assombrosa fertilidade – produz cinco libros – como, sobretudo, porque é o último ano antes do seu declínio mental.  Na primavera, Nietzsche viaxa de comboio com destino a Turim, cidade em que pensa instalar-se, como sempre, com a esperança de aliviar os seus achaques.  Essa viaxem transforma-se num calvário. Despois de perder o comboio de ligaçón, e com ele também a sua bagaxém, acaba nunha pequena localidade chamada Sampierdarena.  Está practicamente cego, non domina o italiano e têm o dinheiro á xusta.  Nessa localidade, sofre um ataque de enxaquecas que o obriga a passar os dous días seguintes deitado na cama e ás escuras, com um sentimento de impotência que roça o insuportável.  Quando, por fím, consegue chegar a turim, e após uns días de insónias.  Nietzsche sofre unha metamorfose. Apaixona-se pola cidade, que o entusiasma em todos os aspectos.  Aluga um quarto central, com unha vista excelente, em casa de unha agradável família que, além do mais, também tem um piano.  Fisicamente começa a sentir-se melhor.  O seu organismo parece fortalecer-se graças ás ríxidas rotinas que componhem o seu día a día.  Madruga, toma ducha de água fría, cuida da sua alimentaçón e continua a dar passeios de várias horas, despois de cada refeiçón.  Caminhar é fundamental para manter o vigor e a fluidez das suas ideias e afastar-se dos bolorentos pensadores alemáns que filosofam “em roupón de andar por casa”.  Nietzsche pensa até em cuidar da sua imaxém, tantos anos descuidada, e renova o vestuário.  O mau tempo em Turim leva-o a adiantar a tradicional estada de verán em Sils-Maria, onde se aloxa na mesma pensón de sempre.  O seu velho amigo Deussen visitara-o no ano anterior e deixa-nos unha descripçón do humilde quarto do filósofo: livros, unha cama por fazer e unha secretária em que se amontoam manuscritos, obxectos de hixiéne, unha chávena de café e cascas de ovo.  Nesse quarto, escreve o libro aforístico “O Crepúsculo dos Ídolos. Como Filosofar com o Martelo”.  Mais unha vez, Nietzsche quer  deixar bem claro, com o título e o subtítulo, quais son as suas intençóns:  a obra é um manual de utilizaçón da filosofía como instrumento para estilhaçar os grandes ideais da nossa civilizaçón (o Bem, a Razón, a Verdade…). que adoramos como se fossem ídolos ou deuses ( o título é de facto um xogo de palabras em alemán, que remete para a ópera de Wagner O Crepúsculo dos Deuses).

toni llácer