VATTIMO (ÜBERMENSCH)
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Se Deus morreu, segue o “Relatório Nietzsche (Zaratustra)” aparece o “Übermensch”, do qual son possíveis duas interpretaçóns. Segundo a primeira, aquele que ocupa o lugar do “Deus Todo-Poderoso” é um “Super-homem”, o qual, unha vez desaparecidos histórica e sociolóxicamente os valores do cristianismo, agora que tudo está permitido e se torna irrisório non só qualquer castigo do além-túmulo, como carecer da força e da coraxém suficientes para tomar o poder, xá que é aos poderosos a quem a sorte sorri, sente-se libre e apréssa-se a dictar por sí próprio as “léis” segundo sua conveniência e em virtude da sua força, dispon-se também a dictar de sua libre vontade arbitrária e criadora o que está bem e o que está mal (um novo sofista: um terrível Trasímaco, ou um novo Marquês de Sade, a quem xá se opuseram Sócrates-Platón e Kant. Trata-se de um homem (ou mulher) todo-poderoso sêm limítes, um humano emancipado, único dono de tudo o que quiser a seu “bel-prazer”, e que luta por se antepor como amo e senhor á “Ordem”, ao “Tempo”, á “Linguaxem” e ao “Mundo”. Infelizmente, conhecemos muitos “senhores brutais” assím, inclusive entre algúns “administradores” do legado de Nietzsche. Non é o caso de Vattimo, que (nos libros referidos) extrái precisamente a outra leitura (nisto igual ao Foucault de As Palavras e as Coisas): entender o “Übermensch” como “trans-homem”, como “o homem de bom temperamento”, o que sabe contraefectuar o acontecimento ou fazer da necessidade virtude (por aquí será seguido também pelo Nietzsche de Gilles Deleuze), e que sabe extrair as paixóns alegres da condiçón tráxica do mortal. O que, por “cortesía” e xenerosidade para com os outros e para com o dom gratuito da vida e da existência tráxica, poderá cultivar as “Paixóns alegres” de Espinosa (que Nietzsche lía em Sils-Maria (Suiça) quando se lhe “revelou” o pensamento do “eterno retorno”. segundo relata “dramaticamente” o filósofo; as alegres virtudes e paixóns do “Gaio-Saber”, ou da “Gaia Ciência”, do próprio Nietzsche. Tal é a mensaxém de “Aurora”, de “Humano Demasiado Humano”, ou mesmo de “A Gaia Ciência” e, em xeral, do que Vattimo chama “o Nietzsche iluminista”, certamente em consonância com toda a obra nietzschiana: prescindir de um “Deus-Idolo Asegurador” (tecnicamente utilizado pelo homem como um instrumento ou “farmaçón”, unha droga de salvaçón) e abrir-se a renomear o sagrado (indisponível) e o divino de Deus, non como se fosse unha substância autosuficiente (um suxeito em sí e para sí; metafísico, que non precisa de nada nem ninguém), mas antes encarregando-nos de formar como o divino “só” acontece na palavra, na oraçón e na linguaxem dos seus outros: os mortais, os que non son Deus (recorde-se que esse é o título da autobiografía – até 2006 – de Vattimo); esses “seres de um día”, que talvez por amor ao outro tensional constituinte, por amor á diferença e alteridade que de nós necessita; por “amor a Deus”, se simultaneamente se desse a assumpçón da morte (de certa forma impossíbel), e com isso non se exinguisse o desexo de eternidade (a que pertence todo o prazer e todo o desexo de retorno), enton agora, libres do deus todo-poderoso, inventado pelos homens do poder, poderá acontecer o melhor do possível (para o divino e para nós) que oferecêssemos ao divino precisamente o que non temos, o que non podemos ser: o eterno, a linguaxem-lugar “do cruzamento” onde pode realmente dar-se o acontecer (provavelmente descontínuo) da alteridade da sua diferença, como contiuidade histórica, embora cada um de nós tenha de desaparecer. Assím o quería o poeta da poesía, F. Hölderlin, e assím o quererá e cantará a profunda piedade do segundo Heidegger: assím o assinála a obra-príma de Nietzsche, o seu “Zaratustra”, e assím o lê Vattimo que, sem dúvida, opta e toma partido non pela vontade de força, mas pela “inversón dos valores”; a transvaloraçón, que abraza a razón dos “Débole”.
teresa oñate e brais g. arribas
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