Arquivos diarios: 29/05/2018

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (47)

.

               Profecías em Lisboa.  De día a día sonhaba que andava por caminhos conhecidos da minha terra, sonhei com minha nái, que eu estaba nas veigas de Matamá em Abril e ela andáva leirando, eu alí escondido sem naide saber de mím, sonhei que vinha Pura do Pachugo montada num cabalo, cara á minha casa.  Ouvín a  voz da Ganeca decindo, que se iba prá casa sería malo pra mím.  Sonhei estár no Cotinho a cantar as palabras Réquien…  o Spírito… molestoume e fixo derramar o leite dos amores, e isto repetiu-se amiúdo durante os dous primeiros meses.  O 23 de Sptembro, tive um sonho na Calzada de Stª. Ana, que logo se me esqueceron, eu xá pensaba voltar a Galiza. Tiven mais alguns sonhos, mas quedaron na fonte do olvido.  O primeiro de Outubro de 1914, de noite sonhei que estába na minha terra, e vexo vir Isolina do Caetano, eu mirando para ela sem afecto ningúm, entón ela dixo-me com voz alegre como parecendo de risa.  ¡Adios Manuel!  Eu respondin-lhe, mas non sei que foi.  Despois de momentos eu aparecín na casa do meu pái á mesa, dando-me pán…   Despois, sem saber como nem por donde aparecín com Vidal de Vilacoba, non sei que facendo, mas me parece que estabamos comendo, eu quería pagar unha conta e estaba titubeando com o dinheiro, logo foi Vidal e deu-me unha moeda de vinte reais e parece que algunhas pesetas soltas, tudo em prata.  Perguntei-lhe, para que era aquílo, e dixem que non lhas quería.  El dixo que logo as ganhaba, que eran para trabalhar alí com el, e logo despertei e atópo-me em Lisboa, día de todos os fieles-difuntos.  O día 3 de Novembro de 1914, sonhei que estaba em um sítio que non conhecín, vexo a Isolina do Caetano a quatro patas, como que se quería levantar, e eu me abrazei sobre ela com mal pensamento, e nésta disposiçón falamos, logo fomo-nos pondo em pé na dita disposiçón, e ela com as costas dando-me empurróns, non lhe fixem mal, nem se derramou o leite dos amores.

manuel calviño souto