Arquivos diarios: 08/05/2018

NIETZSCHE (HUMANO, DEMASIADO HUMANO)

.

               Humano, Demasiado Humano.  Um Livro para Espíritos Livres, que escreverá – ou melhor, dictará – quando do seu regresso à docência em Basileia.  A obra é publicada no ano seguinte e marcará unha nova etapa no seu pensamento, Nietzsche faz seu o espírito do iluminismo e defende o livre-pensamento a favor das verdades prácticas e contra os dogmatismos.  Ataca o funcionamento “metafísico” da relixión, da filosofía, da moral e da arte e afasta-se do seu romantismo inicial.  Humano, Demasiado Humano implicará, além do mais, unha viraxem na sua forma de escrever pois, com este livro, inaugura o estilo aforístico que daí em diante será um dos traços mais reconhecíveis da sua escrita.  O seu círculo de amizades non vê com bons olhos o novo perfil científico e desencantado do filósofo.  Um dos menos entusiastas é Wagner, que decide ignorar o exemplar de Humano… que Nietzsche lhe envia. A indiferença é mútua.  Pouco antes, Nietzsche recebe do compositor o libreto da sua Parsifal, e a apoloxía da redenzón, da piedade e da renúncia ascética ao mundo sensível que ésta ópera contém, confirma a terrível suspeita: Wagner convertera-se ao cristianismo. O ano de 1878 representa, assim, a data definitiva da ruptura entre ambos.  Uns meses antes, Nietzsche xá tinha dado pelos sinais de decadência no compositor, que começava a sucumbir ás forças venenosas do seu tempo: cristianismo, nacionalismo e antissemitismo. (Contrariamente ao que se possa acreditar, sobretudo como consequência da nefasta vinculaçón do seu pensamento ao nazismo, Nietzsche foi um “antiantissemita” e antinacionalista alemán, um ardente opositor do pangermanismo tán em voga na sua época.)  Com grande tristeza, Nietzsche comprova que Wagner está a perder o seu carácter revolucionário e está a deixar-se absorver pelos poderes dominantes. Basta ver o séquito de personalidades que o rodeiam, um grupo de filisteus e aduladores que encarnam todos os vícios da burguesia alemán da época. 

toni llácer