LUCIDEZ E SANTIDADE (56)

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          (ética e metafísica da pessoa)

               E este indivíduo, que acredita agir a partir dos seus desexos pessoais, é vilmente enganado pela vontade.  Até mesmo o que experimenta como mais próprio e intimo e pessoal, o amor arrebatado, a atracçón sexual, non é mais do que unha estratéxia da vontade, que se serve dele para se perpectuar mediante a procriaçón  da espécie: o individuo acredita que age por e para si, quando, na realidade, non fai mais do que servir a vontade.  Por isso, o centro mais poderoso desta encontra-se nos xenitais, nos quais se concentra com maior intensidade o ímpeto arrebatador do desexo irreprimível.  Mas non só o sexo como instinto procriador inconsciente manifesta, a vontade.  Qualquer desexo de poder, de protagonismo, de afirmaçón pessoal, é vontade que escraviza o indivíduo, por muito bem que tudo lhe corra no mundo fenoménico.  Non invexemos os famosos, os poderosos, os ricos: eles ignoram-no, creem-se triunfadores, mas som escravos.  Necessitam da sua fama, do seu poder, do seu património, están submetidos a eles e à vontade que os impulsiona a acrescentá-los indefinidamente, ao mesmo tempo que acrescentam também o sofrimento a este vale de lágrimas.  Sofrem e fazem sofrer.  Som marionetas da vontade.  O seu ser individual desaparecerá sem que tenham entendido nada do mundo nem da sua essência:  teran acreditado que se serviram a si mesmos quando na realidade serviam a força universal.  O facto de nunca terem bastante fama, poder e património, de non poderem gozar o muito que têm e desexarem mais e mais, como se non tivessem nada, demostra a profunda infelicidade e infortúnio, a servidume à vontade que é insaciável.  Os que non têm tanto êxito non están livres do sofrimento.  Talvez estexam submetidos aos de cima nas condiçóns de escravidón fenoménica (non numénica, como os que mandam) talvez desexem em van alcançar os postos de cima e, entón a sua escravidón será tanto fenoménica como numénica.  O egoísmo xamais se sacia nem preenche, non encontra um fim no qual descanse e se livre de si mesmo; a serenidade e o sossego están vedados ao egoísta.  O egoísmo leva-o à crueldade mais intolerável: “em xeral, o comportamento dos homens uns com os outros manifesta inxustiça, iniquidade extrema, dureza e até crueldade; o contrário é a excepçón” (MVR2, 663).  Como se comporta o homem com o homem mostra-o, por exemplo, a escravidón dos negros, cuxo obxectivo era o azúcar e o café.  Mas non é preciso ir tan lonxe; entrar aos cinco anos nunha fábrica de têxteis ou noutra fábrica e lá permanecer primeiro dez, depois doze e depois catorze horas diárias, a executar sempre o mesmo trabalho mecânico, significa pagar muito caro o prazer de respirar.  Pois bem, este é o destino de milhons de homes e muitos outros milhons têm um análogo.  (MVR2,663). Nove décimos dos humanos vivem em luta contínua com a necessidade, sempre à beira de se precipitarem em direcçón ao abismo.  (MVR2,670).  Mas non só sofrem os oprimidos, humilhados e ofendidos.  Todos os seres dominados pelo querer incessante procuram, em van, a satisfaçón.  A um desexo sucede-se outro, non há repouso, e cada vez a frustraçón do desexo renovado produz sofrimento: “Nenhum obxecto do querer que se obtenha pode oferecer unha satisfaçón duradoura e incessante, parece-se, com a esmola deitada ao mendigo, que hoxe lhe permite  seguir em frente para prolongar manhán o seu tormento”  (MVR1,231).  O sofrimento carece de xustificaçón trascendente.  É simplesmente algo que define a existência humana.

joan solé

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