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O mais conhecido, e certamente o melhor, da estéctica do nosso filósofo é a reflexón dedicada à música, a arte onde culmina a hierarquia. Schopenhauer amou a música com paixón. E sabemos que aprendeu a tocar flauta em pequeno e que tocá-la era indispensável nos seus hábitos quotidianos. Numa época anterior à reproduçón mecânica, assistia a todos os concertos e óperas que tinha ao seu dispor. Os seus conhecimentos técnicos e teóricos sobre música son profundos. Desde Pitágoras, é o filósofo que concedeu maior importância à música. Mas o decisivo é que estes conhecimentos están ao serviço de unha sensibilidade requintada, capáz de aprofundar muito a experiência musical, non só como fenómeno, mas também como máxima e mais clara revelaçón da vontade. De tal modo a música é especial que o autor a trata, mais do que como unha arte privilexiada e superior, como unha manifestaçón diferente das outras formas estécticas. A música non se limita a pôr-nos em contacto com Ideias concretas e parciais mas contém, é, todas as Ideias. Isto equivale a afirmar que é directamente portadora da vontade inteira. Quando ouvimos música com atençón, intuímos obxectivamente a vontade manifestada idealmente, non como a Ideia de valentia, ou de sofrimento, mas como todas as Ideias. Non é, como as demais artes, cópia das Ideias, mas da própria vontade, por isso o seu efeito, é muito mais poderoso. É obxectivaçón e cópia inmediata da vontade inteira, do mesmo modo que o mundo o é. “A música no seu conxunto é a melodia cuxo texto é o mundo”, “a música non é, ao contrário das restantes artes, cópia da manifestaçón da vontade, mas cópia directa da própria vontade” (manuscritos). “A música nunca expressa o fenómeno mas apenas a essência íntima, o “em-si” de todo o fenómeno, a própria vontade” (MVR,308); “ao mundo tanto poderia chamar-se encarnaçón da música como materializaçón da vontade”. (MVR1,310) A música oferece o núcleo mais íntimo de todas as formas, ou sexa, o corazón das cousas. (MVR1,311) Se fosse possível dar unha explicaçón perfeita da música, precisa, completa e capaz de chegar ao detalhe, quer dizer, unha repetiçón exaustiva em conceitos daquilo que a música expressa, esta seria ao mesmo tempo, unha reproduçón e explicaçón suficiente do mundo em conceitos, ou algo parecido, isto é, seria a verdadeira filosofia. (MVR1,312) O ouvinte contempla a sua essência e a essência do mundo, a vontade. A música leva-o por todos os estados interiores ou sentimentos: eleva-o a extácticos instantes de plenitude, envolve-o numa serenidade pausada, mergulha-o no sofrimento ou arremessa-o para paixóns arrebatadoras. Move-o nunha dimensón estéctica, livre tanto de factos empíricos como de um material que se possa identificar com estes factos. Dá-lhe, num plano intuitivo, a forma essencial das emoçóns. Produz um insuperável prazer estéctico, porque transforma em linguagem a mais profunda intimidade da essência humana. É inútil continuar a parafrasear as excelsas reflexóns de Schopenhauer sobre a música. Son algunhas das meditaçóns mais profundas e esclarecedoras que se têm escrito sobre a arte suprema. Têm inspirado músicos, teóricos e melómanos. Están no terceiro livro de “O Mundo como Vontade e Representaçón”, para lê-las e senti-las. O conxunto da estéctica schopenhaueriana é unha reflexón de primeira ordem non só sobre a arte, mas também – o que acaba por ser mais relevante nesta exposiçón – como primeira escapatória à tirania do egoísmo subxectivo. A saída da arte é parcial e provisória, um oásis no meio do deserto. Ha outra saída que implica unha mudança de consciência permanente, na qual a vontade se vira contra si mesma e, por milagre, se anula.
joan solé
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