GOTAS DE MERCÚRIO (52)
.
O que se submete ao princípio da razón suficiente, manifestando-se no espaço e no tempo, son os fenómenos. Estas determinaçóns fazem com que o mundo se apresente ao suxeito como representaçón. Espaço e tempo (que existem no suxeito e na matéria enquanto conteúdo da consciência) constituem o “princípio de individuaçón”: produzem a existência fenoménica da multiplicidade de seres individuais. Este princípio non actua no outro lado do espelho, o da cousa em si, que non precisa de determinaçóns (regras, límites), e é unitária. A estructura do princípio de individuaçón confirma-nos, no plano conceptual, o que xá dissemos e que sabíamos intuitivamente: non pode existir relaçón de causalidade entre a cousa em si e os fenómenos; a vontade, que non está submetida á causalidade (princípio da razón suficiente), non pode ser a causa das cousas e dos factos que experimentamos no plano empírico, que, estes sim, estan submetidos á causalidade. Na experiência directa do corpo, descobriu-se que a vontade non está, como causa, nem antes nem fora das acçóns fenoménicas: está nelas enquanto aspecto numénico, como cousa em si. Entender esta inclusón, esta falta de exterioridade e de causalidade, é fundamental para a compreensón da vontade em si e a sua relaçón com o particular fenoménico. A pergunta continua a ser como se manifesta ou obxectiva essa vontade ou coisa em si no fenómeno percebido. Schopenhauer indica que son dous aspectos do mesmo, um dos quais podemos entender empiricamente e o outro non. O fenómeno que entra na representaçón por efeito do princípio de individuaçón (inserçón no espaço e no tempo) é a obxectivaçón ou manifestaçón da vontade. Esta é, basicamente, toda a explicaçón que Schopenhauer nos dá a esse respeito. Visualizemos: há unha grande bola de mercúrio essencial que é a vontade e múltiplas gotas que se desprendem dela e que se mantêm independentes durante algum tempo até serem reabsorvidas. A grande bola de mercúrio é a vontade, o em si, o númeno, Brahma. As gotas son os fenómenos, o particular; son este can, este homem, esta rosa e esta rocha, este desexo, a força da gravidade, o magnetismo. Estava xunto ao reservatório de mercúrio do aparelho pneumático e com unha colher de ferro extraía algunhas gotas, lançava-as ao ar e recolhia-as com a colher. Se non as apanhasse as gotas voltavam a cair no reservatório e a única cousa que se perdia era a forma momentânea. Por isso, era-me bastante indiferente conseguir ou non conseguir apanhá-las. É assim que se comporta a “natura naturans”, ou sexa, a essência interior de todas as cousas, como a vida e a morte dos indivíduos. (P2,686)
JOAN SOLÉ
Esta entrada foi publicada en
Uncategorized.
Ligazón permanente.