Arquivos diarios: 17/12/2017

AS MEMÓRIAS DE MANUEL DA CANLE (8)

VIGOvigairacasa

               O día 16 de Xulho fun a Trancoso cobrar a primeira quincena do dito mes,  total o que ganhei, um traxe barato, unhas botinas, unha camisa, e trinta reais em dinheiro, um relóxio barato e nada mais.  O vinte de Septembro de 1904 fun pisar unha tinalha de uvas para a Senhora Benita da Sorda.  Luz desconocida.  Primeiras relacions com Avelino.  O  primeiro de Outubro de 1904 tinha-lhe inchado um olho á minha nái, mas eu fun ó serán nocturno, o dia dous estivem eu doente da cabeza, dos membros, e principalmente da barriga, e tinha um pesar comigo, unha tristeza enorme, e non sabia por que; nestes dias, via sempre debaixo da minha xanela unha lucinha no chan, como a dum bicho que lhe relumbra o cú, chamado “Luce-cú”, mas era mais grande e mais viva, facendo nascer sentimentos pois um pouco punha-se grande, pequena, alta, baixa, etc…   e quando unha pessoa se fixava, extinxia-se de todo.  O seis de Outubro fun escribir unha carta à Rosa do Roque, e vim o fermoso día de Outono todo claro, os raios do Sol abrasavan os membros do corpo humano.  Polas doze e meia deitei-me, e levantei-me muito pesado, e xunto da porta, deu-me unha dor de cabeza, o dia catorze fun a Ponte, e ó vir, vinhem com Avelino Carraceda e a sua nái (pepa) tomamos pan, peixe, vinho, etc…  e despois eu e Avelino fomos xuntos a um pote de aguardente, até que me emborrachei, ó passar o Pinheiral de Oliveira, vem unha cousa detrás de mim dando píos como um paxáro chamado “escribidor” ou “linhaceira”, etc…  seguiu-me até perto das casas, acompanhava-me a tristeza, penas, angustias, etc…  mas non sabia porque motivo, por uns poucos días, sonhei mil cousas, unhas malas e outras menos malas.

manuel calviño souto