Arquivos mensuais: Novembro 2017

EM NOME DE GUILLADE (XVII)

.

              No caso dos montes de Santiago de Oliveira, como aldeia vecinha de Guillade, se sinalaría o seguinte:

       1.    “Quatro ferrados de monte/ ynutil, al sitio, casiñas do chan./ linda por el L. con Estevan Maior/   P. Juan F(ernandez) y por las mas partes/ cerrado su figura la del mar/gen.

        2.    Quatrocientos ferra/dos de Monte ynutil al sitio/ marco do forno, linda por el L./  Ygnacio Rodriguez  P. Ciprian/ Andres, por las mas partes cerrado/ su figura la del M.

        3.    Ducientos ferrados de/ monte ynutil al sitio Marco/ do Baldopino.  Linda por el L. con/ Gregorio da Vila,   P. dehesa de S. M.   N. camino Rl   S. Pedro/ Baqueiro su figura la del M.

        4.    Cien ferrados de Monte/ ynutil, al sitio Pedra do visso/ linda por el L. con dehesa de/ S. M.   P. Domingo davide,   N. /  camino Rl.   S. monte su figura/ la del M.

         5.    Um ferrado de monte yn(nutil)/ al sitio da Camba, linda por/ el L., con Amaro/ Redondo,   P./ Domingo Mouriño,  N. y S. cerrado/ su figura da del M.

         6.    Medio ferrado de monte/ ynutil al sitio da graña/ linda por el L. con Joseph Bieites/ por el  P. Bernarda Ulloa, y por/ las mas partes cerrado su figura la del/ M.”

 

a irmandade circular

UNHA SAÍDA NO CIRCUITO FECHADO DO EGOÍSMO

.

              O egoísmo e a sua manifestaçón práctica na vida están enraízadas na crença de que cada pessoa é unha e única:  o egoísmo tem as suas fundaçóns no individualismo metafísico.  Schopenhauer mostra-nos que esta concepçón individualista é errónea, que a singularidade diferenciada se dá apenas na superfície ou na aparência, no mundo como representaçón. Na interioridade de todos os seres há unha mesma força, um mesmo princípio vital.  A consciência desta identidade comum permite conhecer os outros (e a sí mesmo) e este conhecimento desperta a compaixón pelo próximo.  O egoísmo desaparece, non porque sexa mau, mas porque está fora de lugar.  Formula a grande pergunta. Houve um tempo em que alguns seres sentiram o espanto de existir, de que existia algo (tudo) que poderia perfeitamente non existir.  E perguntaram-se pelo fundamento desse existir e pela possibilidade de o conhecer.  Non é possível sentir intensamente esse espanto sem fazer unha investigaçón.  Por um equívoco da história, a essa investigaçón chamou-se metafísica.  E metafísica é o que practicaram os grandes pensadores gregos anteriores a Sócrates, Platón e, depois, filósofos eminentes como Espinosa e Schopenhauer, antes do materialismo contemporâneo desencantar o mundo e ocultar o seu mistério essencial irreductível.  Ler “O Mundo como Vontade e Representaçón” é entrar em contacto com a grande pergunta, é eliminar o ruído do transistor moderno para respirar o ar da alta montanha, tirar partido do horizonte visual e conceptual dos mais altos cumes.  Mas depois, claro, é necessário descer ao vale.

joan solé

DERIVA HISTÓRICA (V)

.

                          A CADEIRA DE OIONS

          Este é um embarazo arqueolóxico surpreendênte!  Pois, xa fai muito tempo, anos, que eu e o Xosé Manuel andávamos á caza dos eucaliptos na zona dos Muinhos e da Lomba.  Daquela houbera unha dessas queimas cíclicas totais, que se repitem aproximadamente de dez em dez anos, como um encontro puntual do fogo com o abandono.  Tudo estava completamente arrassado, e passamos pola tal cadeira, que eu confundia com o petroglífo de Oions.  Da qual, eu só me apercibín, e non a primeira vista, senon despois de enfocar bem e demoradamente, logrei comprovar que estava toda coberta de olhinhos pequenos, imperceptíveis a simples vista.  E pensei que era “Oions”, mas non era verdade,  incluso, escrevin um artigo sobre o Carqueixo em que falava dela.  Mas o curioso é que voltei várias vezes para buscala, xá com a vexetaçón bastante grande, e foi-me impossível encontrala, o qual me levou a duvidar, se non teria eu sonhado?  Teria eu, confundido algum sonho meu, com a realidade dum obxecto desexado, que eu xuraría estar nesse lugar concreto?  Pois, xá que voltou a arder tudo outra vez, vou retornar para comprobá-lo, prevenido desta contra as suas características peculiáres.

léria cultural

 

DEVOLVER O HOMEM AO ÂMBITO NATURAL (10)

.

               É unha cura e um antídoto para qualquer tipo de optimismo e de superficialidade.  É fundamental a experiência de ler Schopenhauer.  Ninguém que tenha tido contacto com as ideias de “O Mundo como Vontade e Representaçón” pode esquecer as suas duríssimas avaliaçóns sobre a base irracional e dolorosa de toda a existência, a negaçón de conceitos tan queridos e arraigados como os do livre-arbítrio, altruísmo e por aí fora.  Ainda que se vá para além de Schopenhauer e se consiga superar ou transcender o seu pessimismo. este conxunto de intuiçons, ideias e genialidades deixa, inevitavelmente, unha impressón indelével.  O efeito permanente, que lhe devemos agradecer, é o inocular unha dose de cepticismo que funciona de modo eficaz como um antídoto contra todos os discursos, sexam eles filosóficos, políticos ou quaisquer outros, que pretendam, e em xeral conseguem-no, tomar conta da consciência das pessoas.  Devolve o homem ao âmbito natural.  Um dos efeitos da filosofia e da ciência moderna foi o de separar o homem do mundo natural, que o rodeia, de fazê-lo acreditar que non é natureza e que até a pode dominar.  Este caminho conduziu-nos á crise ambiental e aos antidepressivos.  Schopenhauer coloca o corpo físico no centro do seu pensamento e encontra nele unha essência comum ao resto de todas as coisas, reintegrando, desta maneira, o ser humano na natureza.  Como sua consciência superior, mas no seu seio.

joan solé              

A CERVEXARIA TRINDADE

.

              Só têm unha cousa boa, e é que dá comida fora de horas.  Así que se te retrassas, sempre podes comer na “Trindade”.  O “Caldo Verde”, que antes era normal, e vinha nunha cunca de barro xeitosa, agora, em tempos “neo-liberais” é sub-normal, coitado, ficou completamente minguado, raquítico, non parece para pessoas, parece comida para canários.  Local emblemático, bonito e desafogado, grandemente frequentado por “xentes que venhem e ván, em ván”.  O “Bacalhau á Brás”, é o único prato que me atrevo a pedir aquí, pode-se comer e até têm bom sabor, claro que os ovos som liberais e dan pálidos reflexos doentios.  O “Bife do Lombo”, unha cousa redonda a chorrear sangre, que resignadamente se come. “Melon á maneira Bárbara”, e unha bola de vainilha xelada.  A “Teoría de Murphy”, de que tudo era incompetência neste mundo, porque á frente dos negócios, ian ficando aquelas pessoas que non valiam para outra cousa, e por aí se quedavam pilhadas, confirma-se plenamente neste lugar.   

léria cultural

TRATA DE COUSAS DIFERENTES (9)

.

               As grandes secçóns do pensamento schopenhaueriano pertencem á filosofia mais consolidada: gnosiologia (ou teoria do conhecimento), metafísica (ou reflexón sobre a natureza da realidade), ética e estéctica.  Mas a sua forma de tratar os conteúdos destas secçóns é muito idiossincrática, muito diferente de tudo o resto.  Acabámos de assinalar a inclusón do nível irracional na sua filosofia.  Há que acrescentar, igualmente, a sua visón da arte, e em especial da música, como um meio de conhecimento privilegiado da essência mais íntima do mundo e non apenas como unha diversón para os sentidos e unha elevaçón para o espírito.  E, pela primeira, e até agora, última vez, a integraçón num grande sistema filosófico occidental de concepçóns fundamentais do pensamento oriental, concretamente do hinduísmo e do budismo.  A filosofia de Schopenhauer é imanente, non é transcendente: tudo está dentro do mundo que vemos e experimentamos, non há um além nem unha vida ultraterrena; aquí xá está tudo, só é necessário aprender a percebê-lo através da incessante mudança aparente, do surxir e do desaparecer de tudo.  Neste sentido, como noutros, a sua doutrina non têm nada a ver com a filosofia que tem dominado no Occidente desde que o neoplatonismo e os Padres da Igrexa adaptaram o idealismo platónico ás crenças cristáns.

joan solé

 

EM NOME DE GUILLADE (XVI)

.

               OS MONTES DO COMÚM EM GUILLADE.

               Na relaçón dos montes do comúm do Marqués de Ensenada voltan a precisar os límites mas com uns deslindes menos precisos:

       1.    “Ciento y sesenta fe/rrados, de Monte ynutil al sit/tio de fonte lagarta, linda por/ el L. y P. con D. Benito car/ballo, por el N. con la fra. de San/ Ciprian de Mouriscados, por el/S. con francisco Rodriguez, su fi/gura del M./

       2.   Ciento y cinquen/ta ferrados de Monte ynutil/ al sitio de Santo Thome, linda/ por el L. con la fra. de San Zipri/an de Mouriscados por el P. y N./ con la de San Estevan de Comi/ar y por el S. con Juan francisco,/ su figura la del M.

       3.    Ciento y sesenta/ ferrados de Monte Ynutil/ al sitio de Rebordinños, linda/ por el L. con la fra. de San Andres/ de Uma, por el P. con Juan fran/cisco, por el N. con la fra. de San/ Ciprian del Mouriscados, y por/ el S. con D. Matheo pardo/ su fig. la del M.

       4.    Sesenta ferrados/ de Monte ynutil, al sitio da pe/dreyra, linda po el L. con la fra./ de San Andres de Uma, por el/ P. con dehesa de S. M. por el/N. Con esta fra. y por el S. con Ju/an ambrosio, su fig. al M.

       5.    Duzientos ferrados/ de Montes ynutil, al sitio de/  albelle, linda por el L. con fran/cisco Luis, por el P. con la fra. de/ Santiago de olibeyra, por el N. con/ francisco Rodriguez, y por el S. con/ la fra. de San Felix de Zeleiros/ su fig. la del M.” 

a irmandade circular

UNHA FILOSOFIA PESSOAL EXISTENCIAL (8)

.

.              Non só Hegel e os seus acólitos ultrarracionalistas, mas quase todos os grandes pensadores – desde Platon a Espinosa e outros – consideram que a filosofia é unha disciplina abstracta, da qual deve ser removido qualquer rastro subjectivo de paixón e despropósito; há consenso de que existe unha verdade objectiva, estável e acessível, e que a tarefa do pensador é preparar e polir bem o seu instrumento, a razón, para conhecê-la.  Schopenhauer prescinde da proibiçón do obsceno e, ao invés disso, sublinha nas suas reflexóns aspectos como a dor física, pulsons irracionais, como a fame ou o desexo sexual, estados como a insatisfaçón e o aborrecimento, em suma, atreve-se a penetrar no lado menos elegante da natureza humana.  É o primeiro filósofo que institui o irracional como algo substâncial da vida e non como algo que é preciso ignorar ou reprimir de forma a poder concentrar-se em questóns transcendentes fundamentais.  Num dos seus magníficos aforismos, escreve que a boa filosofia procede da vida e que a má procede dos livros. É coerente com esta percepçón que dê a máxima importância e credibilidade á intuiçón, á percepçón directa de estados interiores, , em oposiçón ás demonstraçóns do saber discursivo dominante na tradiçón filosófica. Naturalmente, expón a sua filosofia no plano abstracto dos conceitos, mas limita o uso da razón ao que intuiu previamente, ao que ficou rexistrado na consciência através da vivência.

joan solé

DERIVA HISTÓRICA

.

                                         O SILVA

              Foi um português, a quem a necessidade trouxe até nós, para trabalhar nas obras de construçón da estrada.  Pois, como nunca encontrara nada melhor na sua vida, por aquí entre nós quedou.  Primeiramente vivia na altaneira “Casa da Recruta”, um formidável poleiro oratório, dotada de unha bonita xanela sobre o val.  Do qual se aproveitava para dar demorados discursos, que sempre acabavam com a mesma sentença “há que respeitar as ferraduras dos cavalos”.  Parece ser, que os paciêntes vecinhos se cansaron de tanta lenga-lenga, e acabou desterrado nunha corte do fundo de Mourigade, ó lado da “Casa da Lianora”.  Unha pequena corte, que conservava todo o encanto doutrora, com um bonito pátio semi-circular coberto pela sombra benefactora d’unha videira.  Alí passou este ser humilde vindo de lonxanas terras, os seus últimos dias. ¡Que a terra lhe sexa leve!.

a irmandade circular

 

UM GRANDE ESCRITOR (7)

.

.              Depois de ler a linguagem ultratécnica de Kant e o abstruso xargon de Hegel e restantes idealistas, a prosa schopenhaueriana é unha lufada de ar fresco, um reencontro com as palavras, com a linguagem significativa.  Escreveu algo que todos deveríamos ter gravado:  “O verdadeiro filósofo procura sempre a luz e a clareza e esforça-se para ser como um lago suíço, capaz de xuntar unha grande profundidade a unha grande clareza que é, precisamente, o que revela a sua profundidade” (RS, 53).  Conclui que a clareza é a boa-fé dos filósofos.  Naturalmente, pode ter um estilo claro porque tem as ideias muito claras.  Mesmo nas partes mais abstráctas da sua doutrina (as que se referem á teoria do conhecimento) consegue ser agradável e interesante, lê-se com agrado e sem esforço.  É um artista da prosa.  Grande leitor de poesia e da melhor literatura – admira Shakespeare, Cervantes, Goethe, os poetas antigos -, converte a leitura de filosofia nunha experiência estéctica, non só nunha transmissón de ideias.  Transforma as ideias mais abstráctas em poderosas imaxens, socorrendo-se de comparazóns e metáforas, com as quais o leitor passa de imediato, da dimensón conceptual á da intuiçón poética, acabando por se reforçarem mutuamente.  Por isso, mais do que um escritor para filósofos profissionais (que em xeral, prescindiram dele),  é o pensador que fascina escritores – Tolstoi, Mann, Nietzsche, Borges, Beckett – e pensadores xeniais – Wittgenstein.

joan solé

 

O MERCADO DO PEIXE

.

.               O lugar é âmplo, desafogado, pode-se conspirar á vontade, falar em alta voz de negócios e ladroáxens várias, grandes carros, Ferráris e Mercêdes.  Non obstânte, o melhor desta casa son os bons vinhos na xeleira.  Demasiado caro, para o que oferta.  O peixe non tem sabor, bastante seco, ainda com as escamas agarradas.  Os salmonetes, dos quais a pel que é precisamente o mais sabroso, non se podia comer.  Dous camarons grandes grelhados, com certo sabor, mas muito discreto.  Isto demostra também, que a burguesia empressarial, e íncluso os turistas, apreçam muito mais a posse social, que a boa comida.  

léria cultural