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Afuxentado de Weimar e consciente de que a sua obra-prima tinha amadurecido o suficiente no seu interior, Schopenhauer procurou um lugar para se fixar e poder trabalhar com toda a calma e concentraçón de que necessitava. Tinha de ser unha cidade que lhe aferecesse unha boa biblioteca para as suas investigaçóns, museus, vida social nas doses necessárias (doses homeopáticas, para se ser mais concreto)e, ao mesmo tempo, fácil acesso ao campo para poder dar os seus grandes passeios. A cidade escolhida foi Dresden, capital da Saxónia. Aí produziria a sua obra magna e viveria entre 1814 e 1818, exactamente cem anos antes da Primeira Guerra Mundial, que tan bem ilustraria a sua visón sobre a violência no mundo; tal como o bombardeamento aliado, que arrasaria a cidade em 1945. Em 1813, Dresden fora o cenário de um sangrento confronto entre tropas prussianas e francesas; no campo de batalha, proximo da cidade, ficaram perto de dez mil mortos e mais de duzentas casas foram danificadas ou destruídas. Segundo os biógrafos, ao chegar a Dresden, Schopenhauer xá tinha definido com clareza as ideias fundamentais, e até as secundárias, do seu sistema filosófico. Em 1813, estabeleceu, no seu diário, unha distinçón fundamental entre “consciência empírica” e “consciência melhor”. A primeira era a do dia a dia, tendo as questóns prácticas como referência, com obxectivos, causas e efeitos, com unha separaçón inequívoca entre o suxeito cognoscente e o obxecto conhecido; a segunda era extraída do querer e do desexar, do espaço e do tempo, situada nunha dimensón de lucidez serena que capta imediatamente, sem conceitos, o ser profundo da realidade (a denominaçón “consciência melhor” non entra, como tal, em “O Mundo”, mas o seu sentido conserva-se na contemplaçón estéctica e no distanciamento em relaçón á vontade). Num caderno de 1814 está escrito; “O mundo é a minha representaçón e o seu motor é a simples vontade”, aforismo que, além de ser, na sua primeira parte, o início de um dos mais famosos livros de filosofia, contém a concepçón fundamental de todo o tratado. Por isso, os quatro anos de trabalho em Dresden foram, provavelmente, de aperfeiçoamento e combinaçón de ideias, tal como de escrita, mais do que de concepçón de novas noçóns. E aprofundou, e muito, o seu conhecimento das “Upanissades” e do pensamento hindu. Cada vez que encontramos em “O Mundo” unha referência ao “Véu de Maya” – o engano e a ilusón da diversidade e da pluralidade do aparente -, á unidade do todo, á reencarnaçón, á dissoluçón do eu na totalidade, estamos a ler, directa ou indirectamente, as “Upanissades”.
joan solé
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