ESTUDOS DE MEDICINA EM GOTINGA (22)
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Por sorte, em outubro de1809, Schopenhauer mudou-se para a cidade de Gotinga para ingressar na sua célebre Faculdade de Medicina. Logo á partida, esta primeira escolha é surpreendente (e faz-nos imaxinar que teria podido ser um Dr. House do século XIX), mas há que ter em conta que, naquela época, os estudos médicos e filosóficos non estavam tan afastados como hoxe em dia, de modo que os primeiros podiam ser unha introduçón ao estudo da vida a partir do qual se podia abordar o pensamento sobre a existência. Esta perspectiva confirma-se pelo facto de um dos seus professores, um anatomista, expor a teoria do “impulso configurativo”, segundo o qual os elementos naturais têm unha “potência vital orgânica” inconsciente que estructura o seu corpo, ideia muito próxima á da vontade. Devemos lembrar também que Schopenhauer sempre se interessou bastante pelas ciências naturais, como se deduz sobretudo no seu livro “A Vontade na Natureza”, e que acabaria por forxar unha inusitada aliança entre o materialismo mais físico e a metafísica profunda. De qualquer forma, um curso e a influência de um professor de perfil mais especulativo do que científico foram suficientes para convencer Arthur de que o seu caminho era o da reflexón sobre a vida, mais do que a investigaçón empírica dos seus fenómenos. O terceiro semestre em Gotinga xá foi dedicado á filosofia: assistiu a aulas de metafísica e de psicoloxia e embrenhou-se na leitura intensiva e sistemática de Kant e Platón, os dous filósofos que serán decisivos no seu pensamento. Platón convenceu-o de imediato, muito facilmente; o entusiasmo com Kant só chegou á segunda tentativa (algo bastante comum), xá depois de ter saído de Gotinga e de se ter estabelecido em Berlim. As leituras dessa época non foram apenas filosóficas: descobriu Shakespeare em todo o seu esplendor, tal como Cervantes e os dramas de Calderón de la Barca. Schopenhauer ficou dous anos (quatro semestres académicos) em Gotinga, grande parte desse tempo aloxado em casa de um catedrático. Foi ali que estabeleceu o ritmo de vida, que manteria até à velhice: trabalho intelectual ás primeiras horas da manhan, que terminava com um momento de descontraçón a tocar flauta, almorço, e longos passeios à tarde (frequentes subidas a montanhas) e vida social ou teatro ao entardecer.
joan solé
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