RETORNO A HAMBURGO (18)

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               No verán de 1799, com meia Europa mergulhada em guerras derivadas da Revoluçón Francesa,  Arthur regressou a Hamburgo.  Entrou quase de imediato no Colégio Runge, unha  escola privada frequentada pelos filhos das famílias mais abastadas e que oferecia unha formaçón orientada para o comércio, como non poderia deixar de ser, tratando-se do filho de Heinrich Floris.  Porém, xá em 1801, com treze anos, Arthur percebeu que a sua paixón era o estudo e a leitura, a consagraçón ao conhecimento, enquanto a perspectiva de futuro como comerciante (e non apenas a respectiva formaçón) o horrorizava.  Em 1803, “saiu do armário”.  Revelou as suas aspiraçóns intelectuais e as suas fobias comerciais ao director do colégio e este, que o considerava altamente qualificado, intercedeu xunto do pai para que respeitasse os interesses do rapaz.  Escusado será dizer que Heinrich Floris sofreu unha tremenda decepçón.  Depois de alguma hesitaçón, apresentou unha alternativa terrível ao filho:  podia escolher entre acompanhar os pais nunha viagem, de perto de dous anos, que ian fazer por grande parte da Europa e, no regresso, continuar a formaçón de comerciante, esquecendo para sempre as veleidades da erudiçón; ou poderia permanecer em Hamburgo, enquanto os pais viaxavam, e preparar o seu acesso à universidade.  Foi a grande crise na vida de Arthur Schopenhauer.  E non se resolveria num desfecho imediato e decisivo, como o pai pretendia, mas prolongar-se-ia perto de quarenta anos, mesmo depois da morte de Heinrich Floris.  Arthur cedeu à oferta de viaxar em troca de continuar a formaçón obrigatória.  O apelo de descobrir a Europa era demasiado forte para aquel xovem com ânsia de conhecimento.  É possível imaxinar o desgosto que sentiu por si mesmo, a sensaçón de ter vendido a alma para descobrir o mundo, de ter feito um pacto com o diabo; é muito provável que o carácter do filósofo (ou sexa, a consolidaçón do temperamento em carácter) tenha sido forxado nesse momento e nos quatro anos seguintes – os perto de dous anos que duraria a viagem e os dois seguintes em que pagou com trabalho de contabilidade -.

joan solé

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