A PARTE DIGNA DA HUMANIDADE

.

              Schopenhauer foi ignorado e passou completamente desapercebido até aos setenta e muitos anos, levando unha vida de solteiron solítária e á custa dos seus rendimentos, convencido do valor das suas ideias e de que, mais cedo ou mais tarde, a humanidade (ou a parte digna da humanidade) acabaria por aceitá-las.  A partir de 1855, houve unha reviravolta e alcançou um grande sucesso, ainda que non tivesse sido com a sua obra fundamental, escrita três décadas antes, mas com unha versón menos difícil de compreender (e de aceitar) do seu pessimismo metafísico, unha perspectiva, intelectual e moralmente, mais suavizada, ou, como ele a apelidava, unha “filosofia para o mundo”; unha colecçón de reflexóns éticas para sobreviver e, até, conseguir melhorar a passagem por este vale de lágrimas.  Os seus últimos quatro anos foram de fama e reconhecimento, um sucesso que acolheu com enorme complacência, tal como o séquito de submissos admiradores que o idolatravam.  Lonxe de practicar a moderaçón dos desexos e a renúncia que aconselhava como princípios éticos, era muito dado á boa mesa, fumava belos charutos e assistia com bastante frequência a concertos (adorava Rossini, mas também Mozart), óperas e peças de teatro.  Durante a xuventude e xá na idade adulta teve várias relaçóns amorosas.  Sempre viu as relaçóns humanas nunha perspectiva vertical, em termos de submissón e admiraçón em que ele, naturalmente, devia ocupar o polo superior. Salvo na infância e na primeira xuventude, non conheceu a amizade. No caso de Schopenhauer (tal como no de Nietzsche e de Kierkegaard), non é possível, nem desexável, analisar as ideias em abstracto e descarnadas, á margem da personalidade que as concebeu, tendo em conta a intensa humanidade da sua obra.  Além disso, Schopenhauer dá ao carácter humano um enorme relevo no conxunto da sua doutrina, xá se enunciou que, segundo esta, o mundo é unha manifestaçón de unha força ou energia universal que se objectiva e expressa em todos os seres individuais.  Nessa manifestaçón há unha gradaçón do ser de acordo com a sua complexidade, em sentido crescente, de menos complexo (o inorgânico: unha pedra) até ao mais complexo.  O topo desta hierarquia é ocupada pelo carácter dos seres humanos: cada carácter individual de cada pessoa singular é unha expressón única e irreductível da força, ao contrário do que acontece com os animais, nos quais non existe um carácter individual, isto é, o indivíduo non se diferença da espécie.  Cada carácter humano é algo fixo e atemporal, non se modifica nem se transforma pelas circunstâncias ou pelo passar do tempo. Se qualquer carácter idiossincráctico revela esta força, é obrigatório prestar atençón ao carácter do ser humano que forxou esta concepçón, porque nos mostrará algo essencial da força que nele se expressa.

joan solé

Deixar un comentario