UNHA GRANDE CRISE DA FILOSOFIA (2)

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.              No ano de 1820, na Universidade de Berlim, foi possível assistir, várias vezes, ao início da tarde, a unha situaçón de acentuado contraste.  Por um lado, Georg Wilhelm Friedrich Hegel,  porta-estandarte do triunfante pensamento idealista, enchia a sala até ao tecto com mais de duzentos assistentes em cada unha das suas aulas, o que non seria nada de extraordinário para qualquer espectáculo mas, tratando-se de filosofia, era excelente.  A audiência de Hegel non se limitava a filósofos principiantes, muito pelo contrário, incluía trabalhadores de todos os tipos, bem como outros funcionários do Estado prussiano (o que hoxe conhecemos como Alemanha era, enton, em traços largos, a Prússia).  Havia várias razóns para tal sucesso clamoroso.  Hegel partia de um hiper-racionalismo levado ao extremo – “tudo o que é real é racional e tudo o que é racional é real”, sendo tudo o resto escória indigna de consideraçón filosófica – para construir unha interpretaçón optimista da sociedade, do Estado e da história.  Do seu ponto de vista, a história universal tinha um sentido definido, cuxo apogeu era a Prússia até áquele momento, enquanto o servidor (ele mesmo) era, naturalmente, o apogeu da filosofia, xá que tinha sido ele quem tinha identificado o desenvolvimento triunfal dos acontecimentos e das ideias.  A coisa era exposta com argumentos muito subtis e enrevesados, mas a ideia principal era essa e se todos ficavam satisfeitos non havia razón para a negar.  Hegel utilizava unha linguagem críptica e opaca para expressar esses conceitos obscuros que, ainda assim, gozavam de enorme aceitaçón nunha arrebatada audiência, podendo-se questionar até que ponto compreendia aquelas filigranas idealistas, em que um espírito absoluto se exteriorizava na história universal para atinxir a sua autorrealizaçón e autocompreensón.  Fosse como fosse, Hegel tinha encontrado unha fórmula ganhadora, um “leitmotiv” que fazia fortuna e um público que lhe aplaudia tudo.  E non só.  O Estado prussiano promovia-o na hierarquia universitária nacional, porque a sua mensagem, que afirmava o progresso histórico e social, mas dentro de unha ordem e subjugado á autoridade, vinha-lhe mesmo a calhar, numa altura particularmente vonvulsa (Napoleon fizera alguns estragos com os seus exércitos na Europa e na Prússia, estendendo os ideais da Revoluçón Francesa e tendo até a ousadia de proclamar-se imperador).  A Igrexa também estava contente com Hegel, porque o espírito universal non chocava com nenhuma das principais questóns da doutrina.  Feitas as contas, Hegel non podia pedir mais, a vida sorria-lhe.

joan solé

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