O DEVIR EXISTENCIAL

.

               Apresentamos o suxeito segundo Kierkegaard como um devir existencial, como unha existência que procura a sua essência num tempo finito aberto á transcendência.  A noçon de devir, de desenvolvimento, é fundamental para o pensador dinamarquês, que descreve a traxectória moral e espiritual do ser humano no seu processo de individualizaçón.  O suxeito define-se a cada momento como o que quer ser e estabelece um horizonte de anseios e expectativas.  Dissemos, no capítulo anterior, que Kierkegaard conserva aspectos da filosofia hegeliana, embora despoxados do seu idealismo absolucto e interpretando-os de um ponto de vista existencial.  Em nenhum outro ponto se dá tan claramente esta adaptaçón como na dialéctica.  Hegel descreve com ela o desenvolvimento de um espírito universal.  Kierkegaard apropria-se desta dialéctica, introduz-lhe modificaçóns substanciais e usa-a para mostrar o devir do ser humano.  Vexamos como se produz esse salto qualitativo.  Na dialéctica hegeliana, o processo e a mudança (ou, dito de outra forma, os conceitos do processo e da mudança) cumprem-se segundo unha evoluçón necessária que exclui a continxência e a liberdade pessoal.  A razón individual e xeral, o pensamento e a realidade (unha vez que na filosofia de Hegel son essencialmente idênticos), têm movimento interno, son um fluxo de devir.  Cada um dos seus princípios é unha ideia, e cada unha das suas ideias contêm a ideia contrária, que pugna por emergir e impor-se á primeira.  Há primeiro unha tese (imediatez, afirmaçón), que choca com unha antítese (negaçón ou contradiçón, mediaçón), e do encontro entre ambas surxe necessáriamente unha síntese (superaçon ou negaçon da negaçón).  Por sua vez, esta síntese transforma-se numa nova tese. que xera unha nova antítese, que desemboca nunha síntese nova, que dá orixem a unha tese nunha nova oposiçón dialéctica, e assim por diante indefinidamente:  eis aqui o processo dialéctico segundo Hegel.  Vexamos um exemplo; a) Tese: Unha pessoa está muito bem sendo solteira;  b) Antítese: mas a companhia de outra pessoa é enriquecedora;  c) Síntese: o melhor é criar unha relaçón com outra pessoa que respeite a independência de ambos;  a) Tese: o melhor é criar unha relaçón com outra pessoa que respeite a independência de ambos;  b) Antítese: mas unha relaçón a sério requer o compromisso e a participaçón na vida do outro;  c) Síntese: na relaçón deve combinar-se a independência com a participaçón na vida do outro;  a) Tese: Na… (e assim por diante).  Ou, segundo um exemplo aduzido por Victor Gomez Pin:  a) Tese: a monarquia é ordem;  b) Antítese: a monarquia é desordem; ordem republicana;  c) Síntese: a monarquia restaurada é ordem, e a partir daí unha nova antítese, e assim sucessivamente.  Kierkegaard adopta a estructura dialéctica hegeliana para entender a estructura da mudança ou transformaçon pessoal (vemo-lo, por exemplo, nas três esferas de existência), mas introduzindo três modificaçóns tan decisivas que quase fazem pensar numa estructura distinta.  Em primeiro lugar, muda a dinâmica do processo.  Em  Hegel, a passagem de um termo para outro dá-se forçosamente por necessidade lógica.  A tese enxenda a sua antítese e ambas derivam numa síntese num movimento automático, circular.  Nesta dialéctica non conta nem intervém a personalidade nem a liberdade individual.  É como um processo fabril em cadeia em que as máquinas bem oleadas funcionam automaticamente, sem necessidade de operário.  A dialéctica hegeliana do absoluto non deixa lugar para as contradiçóns que se dan na experiência vital da pessoa, porque os movimentos desta dialéctica do espírito racional, e impessoal son abstracçóns alheias á existência concreta e particular.  Por isso, tudo é tan fluido e circular, Kierkegaard opón a este modelo abstracto unha dialéctica existencial pessoal em que a continxência e a liberdade son decisivas.  A escolha subjectiva e voluntária do indivíduo, e non unha dinâmica interna que funciona sozinha, é aquilo que produz o devir e a mudança. 

joan solé

Deixar un comentario