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Os anos que se seguiram á ruptura son de unha produçon literária assombrosa. Numa década escreveu perto de trinta livros e vinte volumes de diários. Mal rompeu o noivado, em agosto de 1841, obteve o doutoramento em Teologia na Universidade de Copenhaga, com unha defesa da tese “O Conceito de Ironia, Constantemente Referido a Sócrates” (em setembro) e, em outubro, partiu para Berlim. De regresso a Copenhaga, quatro meses depois, deu início a essa década em que o seu tempo de vigília foi quase exclusivamente dedicado a escrever e a ler livros necessários para a composiçon dos seus. Os únicos momentos de distraçon eram aqueles em que dava os seus passeios pela cidade, os das conversas com pessoas do mundo editorial e a frequência assídua dos espectáculos do Teatro Real (onde se deixava ver, inclusive nas épocas em que mais consagrado estava á sua misson, mesmo que fosse apenas durante os dez minutos do intervalo, para fazer crer que continuava a levar unha vida de estecta hedonista). Entre 1844 e 1848, voltou a viver em casa do pai, de onde saíra ainda estudante e que ficara desocupada quando o irmán mais velho. Peter Christian, a deixara para assumir a direcçon de unha parróquia. Em fevereiro de 1843 aparecéu o voluminoso “Ou-Ou”, onde expon as suas ideias sobre os estádios ou esferas estécticas (hedonistas) e ética (baseada no dever moral e na responsabilidade) da vida. Este grosso volume contém a xá mencionada narraçon na primeira pessoa “Diário de Um Seductor”, apogeu da visón estéctica e talvez a obra mais representativa. No mesmo ano foram publicados o célebre “Temor e Tremor” (extensa reflexon sobre o sacrifício, no Antigo Testamento, de Isaac pelo pai, Abraam). “A Repetiçon” e vários discursos de índole religiosa (intitulados “Discursos Edificantes”), pensados para ser lidos em voz alta, e que continuaram a aparecer em novembro e em anos posteriores (1844, 1847). O leque temático do conxunto destes discursos é vasto: amor, bondade divina, conteúdo da fé… Em 1844, publicou as “Migalhas Filosóficas”, em que distingue a verdade cristán da verdade filosófica, tal como fora construída de Sócrates a Hegel, o famoso “O Conceito de Angústia” (análise psicológica da relaçon do homem com o pecado através da angústia) e mais “Discursos Edificantes”. No ano seguinte, “Pós-Escrito Definitivo e Non Científico ás Migalhas Filosóficas”, o seu livro mais claramente filosófico e sistemático, no qual se ocupa principalmente da ideia de verdade subjectiva, um exame que influiria enormemente na corrente existencialista do século XX (o autor vincula a verdade subjectiva á especificidade da fé cristán). Surge, também em 1845, “Estádios no Caminho da Vida”, dividido em três partes assinadas por diversos pseudónimos, unha delas o diálogo “In Vino Veritas”, inspirado na forma de “O Banquete” platónico. A parte final dos “Estádios” exponhem a vison decisiva dos estádios ou esferas – isto é, modos de vida – que podem caracterizar unha existência humana: estéctico, ético, religioso (vexa-se o quarto capítulo do presente estudo). Estádios pode entender-se como unha ampliaçon de “Ou-Ou”, quer por usar unha estratéxia literária semelhante quer por acrescentar a esfera religiosa, ás duas primeiras, xá expostas no livro anterior.
joan solé
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