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Soren foi o último dos seis filhos de Michael Pedersen Kierkegaard, um abastado comerciante de têxteis que, no plano económico e social, podemos qualificar com toda xustiça como um homem que subiu a pulso. Na infância, até aos onze anos, Michael Pedersen viveu, numa zona inóspita e paupérrima da península de Jutlândia, onde passou os mais extremos rigores com os seus oito irmans, sobrevivendo a duras penas através da pastorícia. Com essa idade foi levado para a capital dinamarquesa por um tio materno, que o pós a trabalhar como aprendiz nunha loxa de roupa. No sector téxtil, mostrou um talento natural para os negócios, que lhe permitiu realizar unha imprevisível ascensón meteórica, até se tornar, antes dos quarenta anos, um dos comerciantes mais abastados de Copenhaga. Tal como Schopenhauer, Kierkegaard herdou unha boa fortuna familiar, que lhe permitiu consagrar-se exclusivamente ao pensamento, sem ter de se preocupar com os meios de subsistência. Mas o seu pai sofreu vários percalços ao longo da vida. A primeira mulher morreu ao fim de apenas dous anos de casamento, sem que o casal tivesse tido filhos, e Michael Pedersen engravidou unha empregada da casa durante o ano de luto prescripto na Dinamarca daquela época; a primoxénita nasceu ao fim de quatro meses das segundas e precipitadas núpcias. De início, Michael non pretendia casar-se com a empregada, por quem non sentia nada de profundo e que non chegaria a considerar unha verdadeira companheira. A empregada transformada em segunda mullher, Ane Sorensdatter Lund, seria nái de mais seis filhos, o último dos quais, Soren Aabye, nasceu quando o pai tinha cinquenta e seis anos e a nái quarenta e cinco. É provável que a idade avançada dos pais tenha tido influência em certos problemas físicos do benjamin, que tinha as costas muito encurvadas e as pernas desiguais e fracas, o que lhe causava um modo de andar irregular, entrecortado. Nenhum dos muitos biógrafos de Kierkegaard encontrou nos milhares de páxinas por ele deixadas a mais leve referência á nái, ou qualquer reflexón sobre a maternidade que non sexa a da Virgem Maria. É evidente, portanto, que Ane representou escassamente a figura materna para Soren; e também a de esposa em relaçón a Michael, que, apesar da abundante prole, non deixou de considerar que a sua verdadeira mulher fora a primeira. Entre os irmans de Kierkegaard deu-se unha mortandade que faz pensar numa extrema fraxilidade física, mas que na família se viveu, literalmente, como unha maldiçon divina. Quando Soren completou vinte e um anos só lhe restava um irman, cinco irmáns e a nái morreram muito prematuramente.
