VIDA E OBRA DE SOREN KIERKEGAARD

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               Non é de estranhar que exista um grande interesse pola vida de quem proclamou que a única verdade é a subjectiva, aquela que é construída na existência concreta do indivíduo  particular.  Mas a vida de Soren Kierkegaard (nome que se poderia traduzir como “Cemitério Severo”) foi escassa em aventuras exteriores e episódios espectaculares: o seu intenso dramatismo é de índole sobretudo interior.  No seu caso, contam muito menos os factos que as vivências (as repercussons interiores dos factos).  Depois de Immanuel Kant, que quase non saiu da sua Königsberg natal, Kierkegaard é o filósofo menos viaxado:  afastou-se de Copenhaga apenas em seis ocasions; foi quatro vezes a Berlim para estudar e escrever (uma visita de quatro meses, outra de dous, e mais duas de poucos dias), uma vez foi ao centro de Dinamarca visitar a rexión natal do seu defunto pai e fez unha visita de um dia á vizinha Suécia.  O resto do seu tempo foi passado na capital dinamarquesa, unha cidade com 125 mil habitantes.  Copenhaga era unha cidade provinciana de um pequeno país europeu periférico, onde se falava unha língua desconhecida de todo o mundo excepto dos seus habitantes.  Na esfera cultural e intelectual, a Dinamarca era um satélite da Prússia, o xigante vizinho.  A situaçon xeográfica remota e a língua minoritária explicam, em boa medida, que tenha sido necessário mais de meio século para Kierkegaard se tornar um pouco conhecido fora do seu país, onde, por outro lado, tardou bastante a prestar-se unha atenzón séria aos seus textos.  Viveu quarenta e dois anos (1813 – 1855); entre os principais pensadores da cultura occidental, só Blaise Pascal e Baruch de Espinosa, no século XVII,  e Albert Camus, no século XX,  morreram também antes dos cinquenta anos (Nietzsche abandonou a sua mente, mas continuou a residir no seu corpo).  Franz Kafka também morreu aos quarenta e dous anos.  Entre o escritor dinamarquês e o de Praga há intensas semelhanças:  dupla vida interior e exterior, sentido de humor refinado, dedicazón constante á obra, sofrimento pela relaçon traumática com o pai.  O outro escritor de personalidade muito próxima de Kierkegaard, como descobriu com surpressa, é o mencionado Pascal, pelo sentido pessoal da espiritualidade.  Cinco acontecimentos fundamentais definem a sua breve existência: a relaçon com o pai, a relaçon com a amada, a consagraçon ao pensamento e á escrita, e o confronto violento com as principais instâncias do seu pequeno país, primeiro com parte da sociedade civil e depois com a Igrexa.

 

joan solé

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