A UNIDIMENSIONALIDADE DO HOMEM

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               Antes de discutir a concepçón de Hobbes sobre o ser humano, devemos responder a uma das preguntas que fazíamos na secçón anterior:  em que melhora a vida dos cidadans a assignatura do contracto social?  A primeira vista, non se vislumbram grandes benefícios.  Num regime como aquele que Hobbes apresenta, a liberdade dos súbditos fica seriamente limitada e, além disso, a tendência é para ir diminuindo de forma paulatina e inexorável.  A nivél material, a situazón também non parece melhorar; o soberano mantem-se acima da lei e reserva-se o direito de cobrar e expropriar indiscriminadamente, com o que a segurança jurídica, contrariamente ao que Hobbes opinava, seria posta em causa.  Em termos de ordem e paz, o que ocorre com o nascimento do “Leviatán” é que se substitui uma violência mais geral por outra que, em casos extremos, pode ser tan imprevisível e arbitrária como a primeira (embora se encontre concentrada em menos mans).  Non parece, por isso, que melhore muito a vida dos cidadans.  Por seu lado, o argumento de maior peso que Hobbes apresenta a esse respeito non é assertivo, mas negativo;  ao assinar o acordo conseguimos que a situazón non piore, e que a guerra non acarrete o estabelecimento do direito natural no único padron do comportamento humano.  No que respeita á natureza moral e política do homem, Hobbes opta muitas vezes por considerar o pior dos casos, quando non o mais extremo.  É sintomático, por exemplo, que utilize a expressón “evitar a morte” muitas mais vezes que o seu antónimo “preservar a vida”. Para começar, faz um retrato enviesado de um homém que é capaz de renunciar a todos os direitos menos a um, desde que viva num ambiente seguro, mesmo que isso comprometa gravemente a sua liberdade.  Deste modo, o homem hobbesiano toma as suas decisons sobre tudo pela aversón, muito mais do que pela atrazón.  É um indivíduo que atenta pouco aos potenciais benefícios e, por outro lado, dá muita relevância ás possíveis perdas e áquilo a que os economistas chaman “o custo da oportunidade”, um conceito que se refere áquilo que se deixa de ganhar.  Por outro lado, considera que os acordos so se cumprem pelo temor ao castigo, embora sexa muito discutível que um grande numero de pessoas aceite um vínculo contractual com a ideia de o trair.  Custa muito concordar com Hobbes que os pactos que fazemos por medo sexam válidos, como ocorre com o contracto social que assinamos sob ameaça de morte.  Além de estarmos protegidos hoxe em dia contra esta situazón por leis específicas, parece óbvio que, se alguém tem tan poucos escrúpulos que nos sequestra non há qualquer lugar para o respeito pelos acordos que nos forçou a aceitar,  muitas vezes com unha arma apontada.  Para Hobbes, os homens son unidimensionais; egoístas, impiedosos, brutais, maus e perigosos.  Escondem a sua verdadeira natureza licantrópica por trás das exíguas máscaras de civilidade que o “Leviatán” os obriga a usar.  A antropologia de Hobbes destaca, portanto, os aspectos mais negativos do ser humano, mas a sua descripzón é excessivamente parcial.  No sistema hobbesiano, non há, lamentavelmente, espaço para a filantropia, para a bondade, para o altruísmo e o afán desinteressado.  No entanto, muitos indivíduos alcançam a felicidade aprendendo a desexar menos, em vez de desfalecer e competir numa corrida de loucos para satisfazer os desexos materiais próprios da nossa sociedade consumista.  Todos conhecemos também seres humanos admiráveis que agem de boa-fé, pelo desejo de axudar o próximo, por um sentimento de empatia e compaixón pelos mais desfavorecidos.  Em poucas palavras: o amor também move o mundo, Sr. Hobbes.

 

ignacio iturralde blanco

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