O ELEVADO PREÇO DA PAZ

.

               O medo como fundamento do poder é um pau de dous bicos: por um lado, garante a ordem interna e o apoio dos cidadans, como acreditava Hobbes; por outro, limita as liberdades destes últimos e, em casos extremos, pode transformar a política num rexime de terror.  Quantas vezes se confrontam as liberdades individuais e a segurança nacional?  É nos momentos de convulsón, por exemplo, que mais se transgridem as primeiras, tendo a segunda como pretexto.  Mas non é apenas nessas alturas que isso ocorre, infelizmente.  Da investigazón á perseguizón dista apenas um passo, e muitos actos, cuxa única finalidade é a opressón, disfarçam-se de ferramentas imprescindíveis para garantir a protecçón.  As ameaças também podem servir o poder e, em determinadas ocasións, criam-se (e até se apoiam) inimigos que ajudam a justificar políticas públicas de outra forma inimagináveis.  Mas, utilizando uma frase da banda desenhada “Watchmen”, quem vigia a quem nos vigia?  Casos como o “Watergate”, por exemplo, evidenciam a necessidade de instâncias independentes que controlem o poder.  Neste sentido, o Estado moderno é-o enquanto estiver limitado por outros contra-poderes, mas o que defende Hobbes, neste sentido, non o é de forma alguma (e menos ainda pode ser considerado liberal, contráriamente á opinión xá mencionada de Strauss).  Consequentemente, a principal objecçón práctica ao pensamento político de Hobbes tem a ver com a seguinte questón: até que ponto devemos renunciar aos nossos direitos para podermos viver em paz?  Qual é, em resumo, o verdadeiro preço da paz?  A resposta que Hobbes nos dá non é directa e fundamenta-se na obrigatoriedade de escolher uma ou outra possibilidade.  Novamente, em vez de explorar o valor da paz e da liberdade, prefere concentrar-se no prato da balança em que está o medo.  Aquí encontramos dous temores: um, instintivo, que pode chegar a torturar-nos, mas também nos leva ao estado natural, no qual a liberdade é perigosa e desigual; por outro lado, o segundo é racional e sinónimo de civilizazón, producto de uma liberdade reduzida, embora segura, bem como de uma distribuizón igualitária.  Na opinión de Hobbes, a resposta á pergunta sobre o preço da paz é a liberdade, e este preço non lhe parece demasiado elevado face aos custos que a guerra e a morte representam.  Paradoxalmente, pagar com liberdade é a única forma de desfrutar dela, xá que é possível alcançar um nível máximo sem que isso dexenere em anarquia, crime e libertinagem.  Vale a pena perguntar-nos que sentido tem uma sem a outra: a liberdade sem segurança e a segurança sem liberdade.  Em primeiro lugar, de que nos serve sermos livres se non nos sentimos seguros?  Antes de responder devemos perguntar-nos se é realmente necessário um poder absoluto para garantir que nos sintamos assim.  É aqui que se pode apreciar mais claramente a debilidade do argumento hobbesiano.  A falácia reside em vincular liberdade e segurança como duas caras de uma mesma moeda, cuxo valor decide a paz ou a guerra.  Além disso, com as regras de Hobbes, só se pode evitar a cruz mediante uma autoridade forte, indivisível e non questionada.  Daquí se conclui, embora erroneamente, que sem um regime absolutista non é possível viver de forma segura, nem alcançar os benefícios da vida em sociedade.  Non será possível pensar num regime que garanta liberdades amplas e, ao mesmo tempo, assegure a paz e a ordem internas?

 

ignacio iturralde blanco

Deixar un comentario