SOBRE A POLÍTICA DO MEDO (XXI)
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O medo deu muito que falar a políticos e filósofos. Son conhecidas as palabras que o presidente Franklin D. Roosevelt pronunciou no seu primeiro discurso de tomada de posse a propósito do “New Deal” que haveria de tirar o seu país da pior crise económica do século XX: “A única coisa que se deve temer é o medo em sí. O terror indescriptível, irracional, injustificado, que paralisa os esforços para transformar o retrocesso em avanço”. Pelo contrário, um dos primeiros pensadores a apontar que o medo pode ser benéfico em política foi Nicolau Maquiavel. Este estadista florentino recomendava aos príncipes renascentistas que, se tivessem de escolher, preferissem que os seus súbditos os temessem a que os amassem. Dava muitos motivos para isso, mas um dos mais importantes é que o temor é um sentimento que se pode controlar a partir do poder e non requer qualquer tipo de reciprocidade, como acontece com o amor. Além disso, vereficava que os seres humanos mais depressa traem quem amam do que quem temem. O verdadeiro núcleo do pensamento hobbesiano poderia resumir-se em que o medo é a emozón política por antonomásia Na sua concepzón da natureza humana, erige-se como a mais poderosa das nossas paixóns, especialmente na forma de medo da morte. É assim o único meio fiável (e nisto concorda com Maquiavel) para coagir e garantir o cumprimento das ordens. Do medo do caos, Hobbes faz emanar a origem da sociedade e o poder do Estado; do medo do castigo, a autoridade e o respeito pela lei. Cultivar o medo contribui tanto para a submissón dos súbditos como para a ordem da sociedade. Ao contrário de Maquiavel (mas de forma coerente com as suas teses), Hobbes dirige-se ao cidadán para lhe mostrar que o medo é protector, que graças a ele entendemos a necessidade de organizar um Estado e, obedecer a uma autoridade soberana. Neste sentido, Hobbes prefere-nos temerosos a temerários.
ignacio iturralde blanco
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