Arquivos mensuais: Setembro 2017

FRONTEIRAS DE CUMIAR NO CATASTRO DE ENSENADA

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                “Al Capitulo tres Dijeron que/ la referida feligresia y termino de su conpre/hension tendra de distanzia desde L. a P. la ter/zia parte de una legua y de el N. al S. la ota/va parte de otra legua, y de circunferencia los/ tres quartos de una legua que para Caminar-se/ se necesita una ora linda por la parte de el L. con/ la feligresia de san Miguel de Guillade, po el/ P. con la de San Lorenzo de Oliveiro por el N./ con la de San Martin de Portela y por el S. con la/ de San Ciprian de Mouriscados; principiando/ su demarcacion en el regueiro de Matama si/gue al sitio de la Capilla de San Tome; de este/ al sitio de de Berete haze un rechazo y ba a dar/ al sitio de Porta Barreiro de este a las Presas/ de Junqueras de alli al regueiro da Lavandeyra/ de este a la Piedra de la Cruz de Pedral de alli al/ sitio de Cortinas de este a dho rigueiro de/ Matama primera demarcazion y responden/.”

 

a irmandade circular

 

porteladous

VIDA E OBRA DE SOREN KIERKEGAARD

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               Non é de estranhar que exista um grande interesse pola vida de quem proclamou que a única verdade é a subjectiva, aquela que é construída na existência concreta do indivíduo  particular.  Mas a vida de Soren Kierkegaard (nome que se poderia traduzir como “Cemitério Severo”) foi escassa em aventuras exteriores e episódios espectaculares: o seu intenso dramatismo é de índole sobretudo interior.  No seu caso, contam muito menos os factos que as vivências (as repercussons interiores dos factos).  Depois de Immanuel Kant, que quase non saiu da sua Königsberg natal, Kierkegaard é o filósofo menos viaxado:  afastou-se de Copenhaga apenas em seis ocasions; foi quatro vezes a Berlim para estudar e escrever (uma visita de quatro meses, outra de dous, e mais duas de poucos dias), uma vez foi ao centro de Dinamarca visitar a rexión natal do seu defunto pai e fez unha visita de um dia á vizinha Suécia.  O resto do seu tempo foi passado na capital dinamarquesa, unha cidade com 125 mil habitantes.  Copenhaga era unha cidade provinciana de um pequeno país europeu periférico, onde se falava unha língua desconhecida de todo o mundo excepto dos seus habitantes.  Na esfera cultural e intelectual, a Dinamarca era um satélite da Prússia, o xigante vizinho.  A situaçon xeográfica remota e a língua minoritária explicam, em boa medida, que tenha sido necessário mais de meio século para Kierkegaard se tornar um pouco conhecido fora do seu país, onde, por outro lado, tardou bastante a prestar-se unha atenzón séria aos seus textos.  Viveu quarenta e dois anos (1813 – 1855); entre os principais pensadores da cultura occidental, só Blaise Pascal e Baruch de Espinosa, no século XVII,  e Albert Camus, no século XX,  morreram também antes dos cinquenta anos (Nietzsche abandonou a sua mente, mas continuou a residir no seu corpo).  Franz Kafka também morreu aos quarenta e dous anos.  Entre o escritor dinamarquês e o de Praga há intensas semelhanças:  dupla vida interior e exterior, sentido de humor refinado, dedicazón constante á obra, sofrimento pela relaçon traumática com o pai.  O outro escritor de personalidade muito próxima de Kierkegaard, como descobriu com surpressa, é o mencionado Pascal, pelo sentido pessoal da espiritualidade.  Cinco acontecimentos fundamentais definem a sua breve existência: a relaçon com o pai, a relaçon com a amada, a consagraçon ao pensamento e á escrita, e o confronto violento com as principais instâncias do seu pequeno país, primeiro com parte da sociedade civil e depois com a Igrexa.

 

joan solé

FRONTEIRAS DE MOURISCADOS NO CATASTRO DE ENSENADA

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               “Al capitulo tres dixeron que dha Felegre/sia y termino de su Comprehension tendra de dis/tancia desde el L. al P. un quarto de legua, y del N. al S. la dozava parte de una legua, y de circunfe/rencia las dos terzias partes de otra legua que para Caminarse, se necesita los tres quartos de una ora; linda por el L. con la Felegresia de Santa/ Maria de la franqueira por el P. con la de San Mar/tin de Portela, por el N. con la de San Andres de Mei/rol, y por el S. con la de San Miguel de Guillade,/ principiando su demarcacion en el marco de la Franqueira, sigue al marco de Prado, de este a la fuente de/ musgos, de alli al marco das Lagoas ba dar al mar/co das Regadas, sigue a la Capilla de San Thomé,  de/ esta al marco da Bulla, de alli al marco do Couto/ sigue a la piedra do escorregadouro, de esta al marco do Couto, de alli al sitio de los seijos blancos, y de/ alli â dho marco da franqueira primera demar/cacion su figura es la del margen, y responden.”

 

a irmandade circular

 

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KIERKEGAARD É UM FILÓSOFO?

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               Acabámos de dizer que a única verdade que Kierkegaard admite é a subjectiva e existencial, isto é, aquela que cada suxeito constrói, aceita e aplica na sua vida concreta.  Por isso mesmo, entender-se-á que o pensador dinamarquês se negue a escrever tratados sistemáticos com unha exposiçon clara, abstracta e objectiva das suas ideias, como os filósofos costumam fazer.  Non quer dar ao leitor um producto acabado que este só tenha de ler e assimilar intelectualmente.  Bem pelo contrário, oferece-lhe unha obra aberta na qual tem de entrar para completar sentidos.  Em vez de apresentar ideias e convicçons bem organizadas para que o leitor as absorva sem grandes dificuldades, envolve em mistério e ambiguidade muitas das suas exposiçons, que non admitem unha recepçon fácil e rápida, mas apenas um profundo envolvimento interpretativo por parte de cada indivíduo concreto.  Kierkegaard é o primeiro filósofo consagrado que prescinde explicitamente do sistema.  Em qualquer dos filósofos clássicos sabemos em que ponto da exposiçon encontrar a teoria do conhecimento, a metafísica, a ética, a estéctica.  Está tudo ordenado e é acessível ao leitor disciplinado.  As únicas obras de Kierkegaard que podemos considerar tratados filosóficos son as “Migalhas Filosóficas”, “O Conceito de Angûstia” e “Pós-Escrito Definitivo e Non Científico ás Migalhas Filosóficas”.  Nos restantes livros predomina a perspectiva literária ou a perspectiva religiosa.  Neles se abordam unha série de temas, como nos diálogos platónicos.  O autor deixa por concluir questions filosóficas básicas – como se sente a existência se non for conceptualmente. que traços precisos tem a divindade, que conhecimento se pode ter do próximo – que um pensador sistemático dedicado a estes temas non poderia deixar abertas de modo algum.  Kierkegaard non se preocupa por deixar questons pendentes na vertente filosófica do seu pensamento; a sua preocupaçon obsessiva é aprofundar a parte relixiosa.

joan solé  

FRONTEIRAS DE CELEIROS NO CATASTRO DE ENSENADA

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               “Al capítulo terzero Dijeron/  que dicha feligresia y termino de su conpre/hension tendra de distanzia desde L. al P. la ota/va parte de una legua y del N. al S. la dezima/ sesta parte de otra legua y de circunferenzia/ media legua que para caminarse se necesita/ los tres quartos de una ora; linda por el L. con la/ feligresia de San Miguel de Guillade por el P/ con la de San Berisimo de Arcos, por el N. con la/ de Santiago de Oliveira, y por el S. con la San Si/mon de Lira, principiando su demarcazion/ en el marco de matamau, sigue al coto de Bo/rrajeiros ba a dar al fondo del lugar da/ Portela, de este al Lugar de Carras que ira, de/ alli al Monte Rubaydo, sigue al marco da/ pedra da toupa ba a dar al marco de vasquei/da de halli al Marco de outeiro longo de este/ ba a dar al marco de la Cavada de Mera; y de/ alli a dho Marco de Mata mau primera demarcazion su figura es la del marjen.”

a irmandade circular

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SOREN KIERKEGAARD (O PRIMEIRO EXISTENCIALISTA)

      A DIMENSÓN INTERIOR

INTERIORIDADE SUBJECTIVA: O INDIVÍDUO CONCRETO IRREDUCTÍVEL AO CONCEITO.

               Soren Kierkegaard é um dos pensadores que mais iluminaram, em qualquer momento da história, a dimensón interior humana, só por isso a humanidade xá contraiu com ele unha dívida impossível de saldar.  Mas que devemos entender por essa interioridade?  Nada etéreo nem metafórico, non unha figura retórica adequada para poesía lírica, mas um estracto existencial muito real, embora non quantificável nem reductível a fórmulas científicas ou conceptuais.  Conforme ao extremamente recomendável hábito filosófico de non dar nada por garantido e questionar tudo desde o início, como novidade substâncial e radical do pensamento.  O contraste entre o mundo biológico e esta outra realidade pode axudar-nos a encontrar a perspectiva adequada.  Os arenques son peixes azuis que formam grandes cardumes no norte do oceano Atlântico e no mar Báltico. Alimentam-se de plâncton e de animais pequenos.  A sua desova primaveral tinge o mar de branco, dando-lhe unha textura leitosa, devida ao grande número de ovos.  Os predadores – leons-marinhos, focas, garças e gaivotas – abalançam-se sobre os ovos e engolem a maior parte;  calcula-se que sobreviva um arenque por cada dez mil ovos.  Estes sobreviventes depois de serem pescados pelo homem, son curados com sal e depois demolhados para,  condimentados com cebola, alho ou mostarda, serem consumidos acompanhados de pan ou batatas. Ora bem, do ponto de vista  do desmesurado universo, isto é, de unha perspectiva exterior, haverá alguma diferença substâncial entre um arenque e um ser humano?  Ambos son organismos vivos pequenos, que realizam funçons biológicas durante um brevíssimo intervalo de tempo entre duas eternidades, duas pequenas partículas de pó, duas gotas de água num mar infindo.  Obviamente, há unha diferença qualitativa: maior complexidade de um cérebro mais desenvolvido, mais capacidade cognitiva e figurativa, etc.  Mas, do ponto de vista do universo, isto é tan insignificante que nem vale a pena mencioná-lo.  No entanto, nenhuma pessoa que non sexa profundamente niilista admitirá unha equivalência entre o arenque e o ser humano.  Non a admitirá por dignidade, por amor a outras pessoas e pelo desexo de que a vida tenha um sentido transcendente.  Se desexar argumentar a negaçon desta equivalência é muito provável que acabe por se aperceber de que a diferença básica entre arenques e seres humanos é que os primeiros están condenados a ser unicamente, para sempre, pura exterioridade, enquanto os seres humanos têm a possibilidade de ser além de exterioridade, interioridade: consciência, reflexòn.  O arenque só pode viver fora de sí, entre as coisas e as situaçons, o ser humano no seu foro interno, aspíra a evitar as determinaçons imediatas de forma a construir valores e a captar sentidos.  Kierkegaard assumiu como tarefa da sua vida compreender o carácter humano tal como o entendia: na sua dimenson  interior, na sua singularidade irreductível a conceitos; desexava alcançar a realidade essencial do humano na sua existência particular e concreta, como um eu vivo no tempo e aberto á transcendência, para além do biolóxico, do político do económico e do histórico.  Houve poetas capazes de penetrar e ver até estractos muito profundos da interioridade humana:  Shakespeare, Rilke, e alguns mais “chegaram lonxe” em muitos momentos.  Alguns pensadores penetraram em zonas recônditas da alma, cada um pelos seus trilhos pessoais:  Montaigne pelo naturalista, Nietzsche pelo dos valores, Schopenhauer pelo intuitivo… Kierkegaard abre um caminho pessoal na espiritualidade, que o levará a situar o ser humano, livre e responsável perante o absoluto transcendente na sua dimensón interior; a que lhe é mais própria e consubstancial. 

juan solé

FRONTEIRAS DE UMA NO CATASTRO DE ENSENADA

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               Santo André de Uma:  “Al terzer Capítulo dixeron que dha/ Felegresia tendrá de distancia de L. à P. un/ quarto de legua, y de N. a S. medio quarto, y/ de Circunferencia tres quartos de legua, que/ para Caminarlos se ocupará una hora, lin/da principiando por el N. en la Portela;  de alli/ al marco de Campo de Mouro, de alli al Eido/ Viejo; de alli a Revordiña, de alli al savorido/ de alli al Outeiro de Mourigade, y marco de/ division que en aí; de alli a las Quebradas/ de alli â Ponte Souto;  de alli a las mainzas; de alli â Porto nobaes; de alli al Porta da fraga/ de alli a la Creija; de alli a la piedra escorre/gadoira, y de alli al sitio nominado da Por/tela primera demarcación su figura la del margen”.

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a irmandade circular

BREVES APONTAMENTOS CRÍTICOS (EM XEITO DE CONCLUSÓN)

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               “Num caminho ameaçado por quem, por um lado, luta por um excesso de liberdade e, por outro, por um excesso de autoridade, é difícil, passar ileso entre os dois lados. Creio contudo, que o empenho em aumentar o poder civil non pode ser condenado por este; nem os particulares ao censurá-lo declaram, com isso, que consideram excessivo esse poder.  Por outro lado, non aludo aos homens, mas, sim (em abstracto), á sede do poder.  como aquelas simples e imparciais criaturas do Capitólio romano, que com o seu ruído defendiam os que nele se encontravam, non por serem eles, mas por estarem lá” (Leviatán, dedicatória).  A julgar por esta citazón, Hobbes parece considerar-se a sí próprio um homem conciliador e até moderado,  No entanto, chegados a este ponto estamos em condizóns de afirmar que professou ideias no mínimo comprometedoras.  Para avaliar este aspecto, em primeiro lugar, vamos contabilizar as vantagens e as obxezóns que se podem apontar ao seu pensamento.  Destacaremos de igual forma as suas virtudes e as suas contradizóns e descreveremos, com a moderazón necessaria, como foi recebido e rebatido por filósofos posteriores.  Em seguida, descreveremos as principais posizóns dos seus partidários e dos seus detractores e como estas se polarizaram.  Entre os contributos do nosso filósofo há que destacar tanto a ausência de todo o compromisso doutrinal ou metafísico herdado, como a sua coragem para romper com a tradizón escolástica medieval e a atacar frontalmente o poder da Igrexa.  De forma similar, assumiu grandes riscos ao afirmar que a soberania emana do pacto fundacional da sociedade, e non do direito real divino, o que, como vimos, lhe custou apoios realistas, amizades e ter de queimar alguns dos seus manuscritos inédictos.  Nestes aspectos, as propostas de Hobbes podem ser consideradas “revolucionárias” dentro do seu próprio programa reacionário (Leo Strauss considera-o, por este mesmo motivo, um protoliberal, uma repreensón que se entende melhor se tivermos em conta o conservadorismo de Strauss).  Mas estas questóns lançam também unha ligeira dúvida sobre a sua própria concepzón do homem, unha compreensível falta de coerência.  Se realmente o temor da morte é a paixón que mais nos domina, a própria vida de Hobbes non parece ter-se axustado, pelo menos literalmente, a essa circunstância.  Temeroso e esquivo, escreveu paradoxalmente obras que por pouco non o mandarom para a fogueira, e com as quais, afinal, non conseguiu evitar o confronto civil.  Por outro lado, saliente-se que Hobbes, embora abstracto nos seus pensamentos sobretudo pelo seu compromisso de “geometrizar” no fundo non constrói unha filosofia política ideologicamente neutra.  Por este motivo, embora insista no contrário, non parece que as suas ideias sejam aplicáveis a todas as formas de governo.  Primeiro, traduziu Tucídides para atacar os parlamentaristas.  Em segundo lugar, é inimaginável que tivesse apoiado um sistema parlamentar no qual unha assembleia concentrasse o poder absoluto face á monarquia dos Stuart.  O contexto histórico e a sua própria condizón pessoal, embora permaneçam velados na formulazón do seu sistema filosófico, son cruciais para compreender a sua obsessón em convencer os ingleses a manterem-se submissos e a non disputarem o poder ao rei absolutista.  Numa situazón pré-bélica como aquela, advogar a obediência implicava duas coisas;  por um lado, unha tentativa de evitar a guerra e a morte, por outro, um apoio á manutenzón do “statu quo”.  Convém, por isso, non esquecer os interesses pessoais do próprio autor ao desenvolver unha teoria, sobre tudo se se refere á política.

ignacio iturralde blanco 

EM NOME DE GUILLADE (XI)

  

LÍMITES SEGUNDO O CATASTRO DO marquês da ensenada

               A documentazón histórica de San Miguel de Guillade proxecta unha grande estabilidade para os límites tradicionais da parroquia. O catastro do Marquês da Ensenada, elaborado en 1752, aporta datos fundamentais para estudar as antigas divisóns parroquiais mas tamén a súa perduración no tempo ou incluso a mesma importância que acadará o documento do catastro para xeracións posteriores e pleitos xudiciais no século XIX, dando autoridade aos datos vertidos no interrogatorio.  O catastro formulaba unha série de perguntas para establecer a riqueza do país,  Na pergunta número três –  Situazón geográfica y tamanho do territorio – describe-se os límites e marcos da parroquia:  “Al capítulo tercero digeron que dha/feligresia y termino de su comprehension/tendrá de distancia desde el L. al P. un/ quarto de legua: y del N. al S. otro tanto./ y de circunferencia una legua que para caminarse se necesita hora y media:  Linda por/ la parte del L. con la feligresia de Sn. Andres/ de Uma:  por el P. con la de san Pedro Felix/ de Zeleiros:  por el N. con la de San ciprian/ de mouriscados: por el S. con el Rio Uma. Prin/cipiando su demarcazion en el marco das co/bradas:  sigue al marco da saburida:  de alli,/ al sitio do éido vello, de este al sitio da Capilla/ de Sn. Thomé, de este al Marco da Portela de/ alli al marco de vigotes: sigue al marco/ de Valdo Perro: de este al sitio da canzela/ de garcia: de alli al sitio de la buena vista: de/ este al campo de Novenllos: sigue al citado/ rio Uma: y va a orillas de el arriva hasta lle/gar al sitio deel coto de vieite, cortando el ci/tado rio, va a dar al sitio da vargiela, de este/ sitio do tarendo: sigue a la piedra rabuñade/ y de esta a dho Marco das cobradas primeira/ demarcazion su figura hes la del margen y rrespondem.”

(Quando repasamos os interrogatorios das parroquias circundantes ratificanse estes límites)

a irmandade circular

A UNIDIMENSIONALIDADE DO HOMEM

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               Antes de discutir a concepçón de Hobbes sobre o ser humano, devemos responder a uma das preguntas que fazíamos na secçón anterior:  em que melhora a vida dos cidadans a assignatura do contracto social?  A primeira vista, non se vislumbram grandes benefícios.  Num regime como aquele que Hobbes apresenta, a liberdade dos súbditos fica seriamente limitada e, além disso, a tendência é para ir diminuindo de forma paulatina e inexorável.  A nivél material, a situazón também non parece melhorar; o soberano mantem-se acima da lei e reserva-se o direito de cobrar e expropriar indiscriminadamente, com o que a segurança jurídica, contrariamente ao que Hobbes opinava, seria posta em causa.  Em termos de ordem e paz, o que ocorre com o nascimento do “Leviatán” é que se substitui uma violência mais geral por outra que, em casos extremos, pode ser tan imprevisível e arbitrária como a primeira (embora se encontre concentrada em menos mans).  Non parece, por isso, que melhore muito a vida dos cidadans.  Por seu lado, o argumento de maior peso que Hobbes apresenta a esse respeito non é assertivo, mas negativo;  ao assinar o acordo conseguimos que a situazón non piore, e que a guerra non acarrete o estabelecimento do direito natural no único padron do comportamento humano.  No que respeita á natureza moral e política do homem, Hobbes opta muitas vezes por considerar o pior dos casos, quando non o mais extremo.  É sintomático, por exemplo, que utilize a expressón “evitar a morte” muitas mais vezes que o seu antónimo “preservar a vida”. Para começar, faz um retrato enviesado de um homém que é capaz de renunciar a todos os direitos menos a um, desde que viva num ambiente seguro, mesmo que isso comprometa gravemente a sua liberdade.  Deste modo, o homem hobbesiano toma as suas decisons sobre tudo pela aversón, muito mais do que pela atrazón.  É um indivíduo que atenta pouco aos potenciais benefícios e, por outro lado, dá muita relevância ás possíveis perdas e áquilo a que os economistas chaman “o custo da oportunidade”, um conceito que se refere áquilo que se deixa de ganhar.  Por outro lado, considera que os acordos so se cumprem pelo temor ao castigo, embora sexa muito discutível que um grande numero de pessoas aceite um vínculo contractual com a ideia de o trair.  Custa muito concordar com Hobbes que os pactos que fazemos por medo sexam válidos, como ocorre com o contracto social que assinamos sob ameaça de morte.  Além de estarmos protegidos hoxe em dia contra esta situazón por leis específicas, parece óbvio que, se alguém tem tan poucos escrúpulos que nos sequestra non há qualquer lugar para o respeito pelos acordos que nos forçou a aceitar,  muitas vezes com unha arma apontada.  Para Hobbes, os homens son unidimensionais; egoístas, impiedosos, brutais, maus e perigosos.  Escondem a sua verdadeira natureza licantrópica por trás das exíguas máscaras de civilidade que o “Leviatán” os obriga a usar.  A antropologia de Hobbes destaca, portanto, os aspectos mais negativos do ser humano, mas a sua descripzón é excessivamente parcial.  No sistema hobbesiano, non há, lamentavelmente, espaço para a filantropia, para a bondade, para o altruísmo e o afán desinteressado.  No entanto, muitos indivíduos alcançam a felicidade aprendendo a desexar menos, em vez de desfalecer e competir numa corrida de loucos para satisfazer os desexos materiais próprios da nossa sociedade consumista.  Todos conhecemos também seres humanos admiráveis que agem de boa-fé, pelo desejo de axudar o próximo, por um sentimento de empatia e compaixón pelos mais desfavorecidos.  Em poucas palavras: o amor também move o mundo, Sr. Hobbes.

 

ignacio iturralde blanco

TOIAREGO. ESPÍRITO DA TORMENTA. TROMENTELO

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If you’re going to san francisco

be sure to wear some flowers in your hair

if you’re going to san francisco

you’re gonna meet some gentle people there

for those who came to san francisco

summertime will be a love-in there

in the streets of san francisco

gentle people with flowers in their hair

all across the nation

such a strange vibration

people in motion

there’s a whole generation

with a new explanation

people in motion

people in motion

     

                       (2017)

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               O Tromentelo, non é um tormentelo, graças ós grandes Toiarego e Vindobelugo, senhores do espírito da tormenta e das artes, respectivamente.  Apesar dos anos muitos que levamos encima, todos seguimos novos, alegres, e com vontade de revolta.  A Irmandade, é algo que cala fundo, eu diria que para a vida enteira.  Xa non digo todos, mas polo menos a xente válida deste país, tem que lutar, porque senon, pode produzir-se um deterioro xeral das condicions de vida.

 

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a irmandade circular

 

O ELEVADO PREÇO DA PAZ

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               O medo como fundamento do poder é um pau de dous bicos: por um lado, garante a ordem interna e o apoio dos cidadans, como acreditava Hobbes; por outro, limita as liberdades destes últimos e, em casos extremos, pode transformar a política num rexime de terror.  Quantas vezes se confrontam as liberdades individuais e a segurança nacional?  É nos momentos de convulsón, por exemplo, que mais se transgridem as primeiras, tendo a segunda como pretexto.  Mas non é apenas nessas alturas que isso ocorre, infelizmente.  Da investigazón á perseguizón dista apenas um passo, e muitos actos, cuxa única finalidade é a opressón, disfarçam-se de ferramentas imprescindíveis para garantir a protecçón.  As ameaças também podem servir o poder e, em determinadas ocasións, criam-se (e até se apoiam) inimigos que ajudam a justificar políticas públicas de outra forma inimagináveis.  Mas, utilizando uma frase da banda desenhada “Watchmen”, quem vigia a quem nos vigia?  Casos como o “Watergate”, por exemplo, evidenciam a necessidade de instâncias independentes que controlem o poder.  Neste sentido, o Estado moderno é-o enquanto estiver limitado por outros contra-poderes, mas o que defende Hobbes, neste sentido, non o é de forma alguma (e menos ainda pode ser considerado liberal, contráriamente á opinión xá mencionada de Strauss).  Consequentemente, a principal objecçón práctica ao pensamento político de Hobbes tem a ver com a seguinte questón: até que ponto devemos renunciar aos nossos direitos para podermos viver em paz?  Qual é, em resumo, o verdadeiro preço da paz?  A resposta que Hobbes nos dá non é directa e fundamenta-se na obrigatoriedade de escolher uma ou outra possibilidade.  Novamente, em vez de explorar o valor da paz e da liberdade, prefere concentrar-se no prato da balança em que está o medo.  Aquí encontramos dous temores: um, instintivo, que pode chegar a torturar-nos, mas também nos leva ao estado natural, no qual a liberdade é perigosa e desigual; por outro lado, o segundo é racional e sinónimo de civilizazón, producto de uma liberdade reduzida, embora segura, bem como de uma distribuizón igualitária.  Na opinión de Hobbes, a resposta á pergunta sobre o preço da paz é a liberdade, e este preço non lhe parece demasiado elevado face aos custos que a guerra e a morte representam.  Paradoxalmente, pagar com liberdade é a única forma de desfrutar dela, xá que é possível alcançar um nível máximo sem que isso dexenere em anarquia, crime e libertinagem.  Vale a pena perguntar-nos que sentido tem uma sem a outra: a liberdade sem segurança e a segurança sem liberdade.  Em primeiro lugar, de que nos serve sermos livres se non nos sentimos seguros?  Antes de responder devemos perguntar-nos se é realmente necessário um poder absoluto para garantir que nos sintamos assim.  É aqui que se pode apreciar mais claramente a debilidade do argumento hobbesiano.  A falácia reside em vincular liberdade e segurança como duas caras de uma mesma moeda, cuxo valor decide a paz ou a guerra.  Além disso, com as regras de Hobbes, só se pode evitar a cruz mediante uma autoridade forte, indivisível e non questionada.  Daquí se conclui, embora erroneamente, que sem um regime absolutista non é possível viver de forma segura, nem alcançar os benefícios da vida em sociedade.  Non será possível pensar num regime que garanta liberdades amplas e, ao mesmo tempo, assegure a paz e a ordem internas?

 

ignacio iturralde blanco

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO

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               Vamos de longada, para um itenerário de montanha, extenso e desconhecido.  Deberia começar em Castro Laboreiro, caminho do val da Peneda, e depois de passar o rio cheo de penedos redondos, por onde ruxe a áuga no rude inverno, encarar rumo ó Lindoso para descansar ó morno sol da eira de Canastros (a maior de todo Portugal).  Logo seguiriamos para Lóbios, e unha vez aí baixariamos polo Xurês, para comer á sombra do Mosteiro de Amares, despois de cear entrariamos na segunda capital do sul da Galiza (Braccara Augusta, Briga para os amigos), pois a primeira e a mais antiga, era o Porto dos Calaicos ou Porto Galé.   Mas tivemos que recapacitar, ver (cos olhos e o pensamento), e escutar a “Razón Comum” do Universo, aquela que goberna a danza das esferas siderais.

 

Era demasiado, para unha modesta tarde.  E também “demasiao pá mi cuerpo tio”.  Entón (“que era um home grande, com o seu chaquetón”), entrados em razón, descemos para o mar, para Viana do Castelo, cantando:  ¡¡Se o meu sangue non me engana, como engana a fantasía. Habemos de ir a Viana, ó meu amor dalgúm día!!

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Cousa rara, mas ó chegar a Viana e dar uns passeios pelo bonito centro, entrou-nos ganas de comer.  E, fomos dereitos á “Tasquinha da Linda”, mas esqueceramo-nos de reservar mesa, a verdade é que non nos esquecemos, senón que sentimos unha aversón conxénita ás reservas.  Así que, fomos comer á “Casa de Armas”, um bom restaurante, que assusta um pouco, non polas armas, mas polo seu aspecto faustuoso.  Por um preço, que é o que pagan todos os túristas em lugares de mala-morte, comemos bem duas pessoas por perto de cinquenta eurônios.  Deliciosa “sopa de mar”, bom bacalhau á maneira da casa, e um bife com patacas excelente, e para finalizar, oremos com “Abade de Priscos” e três bolas de xeado multicolor.  Como despedida, e xá bem alimentados, permitimo-nos unha irreverente reflexón filosófica, sobre a ruína económica que significa o capitalismo, pois um sítio destes só tinha quatro clientes em sala.

léria cultural

       

SOBRE A POLÍTICA DO MEDO (XXI)

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               O medo deu muito que falar a políticos e filósofos.  Son conhecidas as palabras que o presidente Franklin D. Roosevelt pronunciou no seu primeiro discurso de tomada de posse a propósito do “New Deal” que haveria de tirar o seu país da pior crise económica do século XX: “A única coisa que se deve temer é o medo em sí.  O terror indescriptível, irracional, injustificado, que paralisa os esforços para transformar o retrocesso em avanço”.  Pelo contrário, um dos primeiros pensadores a apontar que o medo pode ser benéfico em política foi Nicolau Maquiavel.  Este estadista florentino recomendava aos príncipes renascentistas que, se tivessem de escolher, preferissem que os seus súbditos os temessem a que os amassem.  Dava muitos motivos para isso, mas um dos mais importantes é que o temor é um sentimento que se pode controlar a partir do poder e non requer qualquer tipo de reciprocidade, como acontece com o amor.  Além disso, vereficava que os seres humanos mais depressa traem quem amam do que quem temem.  O verdadeiro núcleo do pensamento hobbesiano poderia resumir-se em que o medo é a emozón política por antonomásia  Na sua concepzón da natureza humana, erige-se como a mais poderosa das nossas paixóns, especialmente na forma de medo da morte.  É assim o único meio fiável (e nisto concorda com Maquiavel) para coagir e garantir o cumprimento das ordens.  Do medo do caos, Hobbes faz emanar a origem da sociedade e o poder do Estado; do medo do castigo, a autoridade e o respeito pela lei.  Cultivar o medo contribui tanto para a submissón dos súbditos como para a ordem da sociedade.  Ao contrário de Maquiavel (mas de forma coerente com as suas teses), Hobbes dirige-se ao cidadán para lhe mostrar que o medo é protector, que graças a ele entendemos a necessidade de organizar um Estado e, obedecer a uma autoridade soberana.  Neste sentido, Hobbes prefere-nos temerosos a temerários.

 

ignacio iturralde blanco

 

LAMPREIA Á BORDALESA

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               Esta elegante lombriga, que tem milhons de anos de antiguidade, bem merece unha receita francesa de categoria. É um ser peculiar, que conserva todas as caracteristicas  xacentes no sangre das demais espécies surxidas da nossa Galiza. Ademais do seu aspecto exquisito, o seu comportamento tamém semelha bastante o nosso. Pois ás ganas loucas de correr mundo, que a levan até ó mar dos Argazos.  Xunta a necessidade suprema de morrer na sua terra, ritual sagrado que pervive tamém no cerne de outras espécies.  Qual emigrante, que retornára á terra na sua velhice.  Uma Lampreia; o sangre da lampreia (recolhida aparte, para fazer o rustído); duas cebolas; um dente de alho; dous decelitros de azeite; um ramo de salsa; dez grans de pimenta; quatrocentos gramos de pan, cortado ás fatías e tostado; sal.  Limpa-se a Lampreia de forma tradicional, corta-se em bocados, sem separá-los completamente, para despois colocá-la toda enroscada na tarteira de barro.  Fazer um refogado, pouco puxado, com as cebolas cortadas ás rodelas picadas, o dente de alho picado e o azeite.  Introduzir a Lampreia no refogado, xuntar a salsa, a pimenta em gran e o sal, deixando estufar.  Quando estexa pronta, coloca-se nunha travessa, cuxo fundo foi coberto com o pan torrado.  Regar com o molho e acompanha-la com arroz “Calasparra”.

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