Arquivos mensuais: Agosto 2017

A GUERRA DE TODOS CONTRA TODOS (XIV)

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               Além de serem corpos dominados por paixoes, especialmente por este desejo de domínio e pelo já referido medo da morte, os seres humanos sao iguais em muitas outras coisas.  Na opiniao de Hobbes, as nossas diferenças em capacidades físicas e intelectuais sao tao pequenas que se compensam fácilmente através da colaboraçao com outros indivíduos.  Assim, uma pessoa idosa, fraca e até prostrada na cama pode vencer sem grande dificuldade, por exemplo, o mais corpulento dos adversários, usando o antiquíssimo costume de contratar um sicário.  A ideia parecerá óbvia, mas muitos animais nao podem organizar hierarquias tao gerontocráticas como as nossas.  Até o leao, que consideramos o rei da selva, quando nao é capaz de defender a sua alcateia, é atacado ferozmente e substituído por outro que o consiga fazer.  Inclusivamente no que respeita ao intelecto somos practicamente iguais – Hobbes expressa-o em algumas linhas que dao conta da vaidade, que considera tao humana:  “É essa, de facto, a natureza dos homens, que se, por um lado, reconhecem que outros sao mais sagazes, mais eloquentes ou mais cultos, dificilmente se convencem que haja muitos tao sábios como eles próprios, já que cada um conhece o seu próprio talento em primeira instância e o dos demais homens á distância.  Mas isto é o que melhor prova que os homens sao, neste ponto, mais iguais que desiguais.  Nao há, com efeito e de ordinário um sinal mais claro de distribuiçao igual de uma coisa que o facto de cada homem estar satisfeito com a porçao que lhe corresponde (Leviata, XIII).  Mas se todos os homens têm mais ou menos as mesmas virtudes, o problema surge quando todos querem o mesmo.  Sendo tantos milhoes de indivíduos, e apesar de os objectos dos nossos desejos serem tao variados, muitos homens acabam por partilhar o mesmo interesse.  Tendo em conta a limitaçao dos recursos, sobre tudo dos mais preciosos, o resultado final (facilmente comprovável) é que competimos por eles.  Além disso, para Hobbes, este choque de interesses nao se ordena de forma natural num mercado de oferta e procura, mas, sim, o contrário.  Como é possível que o estado natural do homem seja a guerra?  De onde surge tanta adversidade?  Segundo Hobbes, a discórdia é originada por um de três motivos: a concorrência, a desconfiança e o afan de glória.  “A primeira causa impulsiona os homens a atacarem para obter um ganho; a segunda, para obter segurança; a terceira, para ganhar reputaçao” (ibid.).  Na concepçao de Hobbes da natureza humana, motivos para a guerra nao faltam.

 

ignacio iturralde blanco

VIN EMOZÓN NA GABANZA

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Vin emozón na gabanza

ao poderoso.

Vin emozón

naquel que o negou, por outro.

Tanto un como outro

se emocionaron:

a emozón atinxiu aos dous.

Mais eu quédome coa beleza:

coa esencia – co instante vibrante –

da emozón de ambos os dous.

Despois idolatro a verdade do ideal:

a gran xustiza da irmandade,

a emozón da irmandade,

a irmandade da emozón humana.

 

francisco candeira

PASSEIOS PARA UNHA TARDE DE SÁBADO (III)

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               Fomos, como quem non quer ir.  Vencendo lentamente a inércia inicial, que antecede qualquer tipo de movimento, pola estrada de Taboexa, passando o Castro de Altamira (do qual há restos arqueolóxicos no Museu Quiñones de Leon, sito na Quinta da Marquesa em Castrelos, Vigo) aparece Rubiós com todo o seu explendor paisaxístico e humano, capaz de ressuscitar um morto.  Aquí a sagrada enrredadela de Dionissos, aquela que calma a dor é quêm manda.  De terras de Baco, passamos a terras de Yaco, que ambas parecem xêmeas e igualmente desafogadas e cálidas.  Arbo, da qual copiou Flash-Gordon o nome para a sua “Arbórea” e, é um dos grandes paraísos da Gastronomia galaica, o qual sempre tomamos muito em conta nas nossas escapadas pelo mundo fora.  A auga e o vinho se misturam, non para estragalos, mas para comer a Lampreia e o vinho xuntos.  Terra e Rio ¡¡Irmandinhos!!  Logramos passar o Rio bastante enxutos, de coche p’orriba da ponte.  Cara a Melgaço de Inês Negra, aquela que lutou á morte contra outra moura espanhola coitada.  Aquí é necessário ter muito tento, para encontrar a estrada de Castro Laboreiro, pois non poderia estár melhor escondida a condenada.  Castro Laboreiro, aquel que deu o seu nome a um mastín pequeno e áxil, que se confunde com a cor do terreno.  Guardador de casas e rebanhos, e fiel companheiro nestas terras d’unha dureza extrema.  Este é também, outro dos grandes paraísos Gastronómicos da rexión atlântica peninsular.  Primeiro o “Pan Castrexo”, cozido no forno de pedra comunal.  O “Fumeiro e os “Bifes de Presunto” locais, afumados com lenha de urceira.  E finalmente o “Cabrito no Forno” outro tesouro bem escondido.  

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               Com esta pecaminosa gula, avivada por todas as malditas viandas relacionadas,  hipocondríacos e austéros, entramos num mundo das alturas, das pedranías, do xelo e da solidón do mundo (mundo, que non é que estexa precisamente só, mas está completamente desamparado). Unha das paisaxes mais im-presionantes de todo Portugal, a Serra da Peneda.  Há que baixar ós Arcos do Val do Rio Vez, pela Gavieira.  Aproximadamente trinta kilómetros de penedias, durante os quais um chega a sentir medo, montanhas e barrancos mesmamente espectaculáres, povos de montanha ilhados do mundo antáno.  Confiando cegamente, que a fráxil mecânica moderna non falhe agora neste momento, proseguimos com unha noción clara e certa da pequenéz do home.  Qual heremitas arcaicos em exercício de humildade, em fila, silênciosos, despois de haber comido tanto com a vista, diriximos os nossos passos tremelicantes ó refeitório do convento “Costa do Vez” para um reparador repasto.  Recuperar forzas de todo tipo, é o objectivo.  Primeiro um “Bacalhau á Narcisa” e depois um “Bife de Lombo de Boi”.   ¡¡Amen!!

léria cultural