.
Algumas paixons levam-nos a preferir a paz. Também a razón nos impele na mesma direzón. Todos os homens concordam com isso. Inclusive as virtudes morais. segundo as define Hobbes, son os traços de carácter necessários para uma vida pacífica, sociável e próspera. Acontece que a paz, non é o estado natural, mas uma excepzón que, se non for suficientemente protegida, dexenera em guerra. E como é isso possível? , pergunta Hoobes, “Todos os homens estan por natureza provistos de notáveis lentes de aumento (as suas paixóns e o seu egoísmo), e através delas qualquer pequena contribuizón aparece como um grande fardo; estan, por outro lado, desprovistos daquelas lentes prospectivas (a moral e a ciência civil) para ver as misérias que pendem sobre eles e que non podem ser evitadas sem tais pagamentos” (Leviatan, XVIII). A sua resposta tem a ver, portanto, com a dificuldade de conseguir que todos os indivíduos se comportem da mesma maneira, contra a nossa natureza primitiva, e assim possam desfrutar dos benefícios da vida em sociedade. Como terá adivinhado, o trânsito da motivazón indivídual para o comportamento colectivo é o quid deste capítulo. A primeira das razóns que nos impelem na direzón oposta á guerra, o facto mais fundamental no qual estamos todos de acordo, independentemente das crenças, culturas e ideologias, é que non queremos morrer. Este é o núcleo central da “ciência” político-moral de Hobbes. Todos procuramos conservar a vida. O nosso instinto mais primordial é, sem dúvida, o de sobrevivência, que também se relaciona com um temor muito racional a unha morte prematura e non desejada. Como assegura Hobbes, uma das chaves da natureza humana é que “qualquer homem está desejoso de obter o que é bom para ele e de rejeitar o que é mau, e quer sobretudo evitar o mais grave de todos os males naturais, a morte” (De Cive, I). E relacionado com o anterior, define: “O direito de natureza, a que os escritores chaman “Jus naturale”, é a liberdade que qualquer homem tem de usar o seu próprio poder como quiser, para a conservazón da sua própria natureza, isto é, da sua própria vida; por conseguinte, para fazer tudo aquilo que o seu próprio xuízo e razón considere os meios mais adequados para obter esse fim” (Leviatan, XIV). Como seres humanos racionais, concordamos que se deve evitar o indómito estado de natureza, por ser perigoso e porque non garante o bem-estar. Hobbes enuncia o respeito a este bem tan preciado que é a vida, e que nos pertence por natureza, com a mesma linguagem jusnaturalista que o jurista Grotius, embora evitando a origem divina que este último atribui ao direito natural”. No capítulo I de Elementos do Direito Natural e Político, o nosso filósofo afirma que “non se apón á razón que um homem faça tudo o que estiver nas suas mans para conservar o seu próprio corpo e os seus membros tanto da morte como da dor”. E o que non se opôn á razón é aquela liberdade, “livre de culpa”, segundo o seu próprio qualificativo, para usar todo o nosso poder e habilidades naturais na consecuzón de dito fim (o direito natural), como o enunciámos no parágrafo anterior. Este autoriza-nos a usar tudo o que for necessário para preservar a própria vida.
ignacio iturralde blanco
Publicado en Uncategorized