DOS CORPOS MATERIAIS (POIS NAO HÁ OUTROS)

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               Convencido que estava de que existia continuidade entre física, psicologia e política.  Hobbes foi um dos primeiros pensadores a postular um universo mecanicista ou, o que é o mesmo, a considerar que toda a realidade tem uma estructura semelhante á de uma máquina e, por conseguinte, pode explicar-se de um ponto de vista mecânico.  A sua cosmologia baseia-se na materialidade de todos os entes, que, como peças de uma engrenagem, encaixam a partir de um nível inanimado, o da matéria, passando pelo dos corpos vivos, como os organismos biológicos e alcançando o nível mais artificial, o do Estado, composto por súbditos e soberano.  Portanto é necessário conhecer os pressupostos ontológicos e epistemológicos para conseguir compreender a sua filosofia política, que é, sem dúvida, o apogeu do seu pensamento.  “Do mesmo modo que um relógio ou noutra máquina pequena, a matéria, a figura e o movimento das rodas nao podem conhecer-se bem se nao forem desmontados para examinar as suas partes, também para realizar uma investigaçao mais cuidadosa acerca dos direitos dos Estados e dos deveres dos súbditos é necessário nao digo separá-los, mas considerá-los como se estivessem separados” (De Cive, prefácio).  Vamos apresentar os elementos mais importantes do pensamento de Hobbes em dois âmbitos: a metafísica e a teoria do conhecimento, sem aprofundar, por outro lado, as questoes mais técnicas, como a lógica, a óptica ou a geometria, dado que nao sao tao relevantes para nos aproximarmos da sua filosofia.  De forma similar, deter-nos-emos na exposiçao das suas teses sobre a linguagem, que estao mais intimamente relacionadas com aspectos da percepçao humana, questao que trataremos no capítulo “Dos seres humanos (antes de serem cidadaos)”.  Além disso, segundo Hobbes, sem linguagem nao é possível a vida em sociedade; será esta a matéria do capítulo “Dos monstros artificiais (e da vida em sociedade)”.

 

ignacio iturralde blanco

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