.
Perante a situaçao de insegurança e a guerra civil que marcaram a sua vida, Hobbes considerou que a forma mais acertada de garantir a paz era combater tudo aquilo que debilitasse o poder central do monarca. Para tornar o seu país um reino mais unido, entendeu que devia fazer campanha por dois valores intimamente relacionados, por um lado, o absolutismo como forma de governo, já que defendia a centralizaçao de toda a autoridade política na figura do soberano e, por outro, a independência do Estado perante qualquer interferência da Igreja. A respeito deste segundo ponto, Hobbes dedicou muitas páginas á demonstraçao de que se podia levar uma vida crista ao mesmo tempo que se obedecia a uma moral secular ditada pelo soberano. Estava consciente que através da culpa, do pecado e dos castigos do além, a Igreja centralizara em si um enorme peso político que nao hesitava em usar em questoes pura e simplesmente terrenas. Nesta cruzada pela secularizaçao do Estado, Hobbes chegou a afirmar que a salvaçao estava ao alcance de quase todos, pondo em duvida a própria existência do inferno. Deste modo, debilitava a posiçao de anglicanos e calvinistas, uma vez que defendia que a ética do seu tempo se podia sustentar independentemente dos dogmas da fé crista, sem oposiçao a ela, mas relegando a teologia para o papel de saber afastado da filosofia e da verdadeira ciência. De facto, um dos principais alvos do trabalho de demoliçao empreendido por Hobbes foi o fundamentalismo religioso, que no seu tempo provocava (como hoje, infelizmente) guerras e matanças. E este ataque á Igreja (sobre tudo á Protestante, embora também á Católica) valeu-lhe ter sido considerado herege e ateu no seu país, embora nenhum eclesiástico tivesse alguma vez conseguido processá-lo por isso, ao contrário do que ocorrera com Giordano Bruno no final do século XVI. (…) A sua teoria do contracto social baseia-se na constataçao de que apenas renunciando a uma parte dos nossos direitos (naturais) a favor de uma autoridade suprema podemos realmente ser livres, embora esta liberdade seja definida á sua maneira. É este o argumento, pouco intuitivo, que Hobbes nos apresenta: só na submissao alcançamos a máxima liberdade a que podemos aspirar. Em relaçao a Rosa Luxemburgo e ao seu “quem nao se movimenta nao sente as cadeias que o acorrentam”, Hobbes replicaria “que essas mesmas correntes sao aquilo que nos protege. Mas Hobbes nao foi guiado apenas por um interesse político ou filosófico; fazendo jus á consideraçao de cientista que tinha de sí mesmo, fez contribuiçoes para os campos da matemática, da óptica, da lógica e da linguística, entre muitas outras disciplinas. Além disso, prestou grande atençao ao método de investigaçao e á forma de produçao do conhecimento científico. Hobbes – juntamente com Francís Bacon e muitos outros – contribuiu para estabelecer os fundamentos e o método hipotéctico-deductivo das ciências sociais. Por esta razao, das trés secçoes em que tinha previsto dividir e publicar o seu sistema filosófico, começou pela terceira, aquela que achava ter maior utilidade social: a que versa sobre a autoridade soberana e a obrigaçao de lhe obedecer. O objectivo fundamental da política, segundo Hobbes, nao é a realizaçao do bem (que, como teremos ocasiao de comprovar, exige que previamente se abandone o estado de natureza), mas a convivência pacífica e harmónica da vida em sociedade, sem a qual nao há uma noçao comum do que está bem ou mal.
ignacio iturralde blanco
Publicado en Uncategorized
.
Paseaba en compaña
polo Parque do Retiro
entre libros de Feira
e cousas de outros días
viñanme á memoria:
estatuas enormes,
monicreques de teatro,
follas caídas.
E as follas no chan
leváronme a unha viaxe
pola neve andando Sete Picos.
O tramo que percorrín
non está na cidade,
creo que non está en parte algunha,
non recordo case nada.
Sé me lembro da partida,
das últimas palabras
de despedida
antes de partirmos todos.
Quedeime atrás, solitario,
e non recordo que os vise
de verdade, como se os
perdera de vista.
Porque un silencio divino
seméllase a camiñar en silencio
e a solidón do mundo
non ve os outros
e estar só entre outros
quere ser unha estatua
ecuestre nunha Praza Maior,
elevada, un cabalo de bronce
elevado sobre un pedestal
cunha pata no ar,
pisando e non pisando,
etérea, silenciosa, pisando o ar,
mentres os ollos meus pisan
levemente o ar
sen homes e estatuas
cando sen embargo, abaixo,
hai homes e estatuas.
francisco candeira
Publicado en Uncategorized